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Ataques contra esposa de Davi do BBB24 refletem etarismo e racismo

Mani Reggo vem recebendo comentários maldosos sobre sua aparência e por ser 21 anos mais velha que Davi.

Por Da Redação 24 fev 2024, 10h00

Etarismo, machismo ou racismo? O relacionamento entre o participante do BBB24 Davi e Mani Reggo tem sido alvo de comentários dentro e fora da casa – a diferença de idade entre eles, de 21 anos, é o que mais causa polêmica. Dentro do programa, alguns participantes já chegaram a sugerir que Davi estivesse com Mani pelo dinheiro, enquanto que, aqui fora, a discussão tomou outras proporções por análises mais abrangentes e críticas que incluem o fator mulher negra com mais de 40 anos para o centro da conversa.

Esses fatores, para a própria Mani e usuários que compartilham suas opiniões com ela, são decisivos para entender a recusa das pessoas em aceitar que uma mulher preta de 42 anos pode se relacionar com um homem de 21. Em um post feito por Mani em sua conta do Instagram, uma seguidora questiona “alguém julga Tata Werneck? Não! Ela é mais velha que o marido, porque ela é branca e rica?”.

Outra usuária lembra de mais casos famosos: “A Fátima Bernardes tem uma diferença de 25 anos para o namorado dela, a Ivete Sangalo, a Débora Secco e ninguém ataca elas…Realmente o sucesso, as mulheres em cima dele podem mexer com q cabeça de um jovem de 21 anos, isso é um risco de qualquer relacionamento, entretanto a estória que vcs possuem é verdadeira e ponto”.

Desde o início do programa, Mani tem se manifestado de diversas formas sobre os comentários de ódio que recebe nas redes que, em geral, a chamam de “feia, velha, gorda”. Em um de seus posicionamentos, ela compartilha como sofre com o etarismo, o preconceito relacionado à idade de uma pessoa, que vêm recebendo e afirma como se sente triste pela forma com que as “mulheres ainda são objetos de discriminação e vítimas frequentes da objetivação de seus corpos assim como de sua idade”.  

A idade, inclusive, para ela, “é um fato constatado, entretanto isto não se faz um vocativo”, e apenas este fator não deve resumi-la ou diminui-la de alguma forma, até porque, ela é muito mais do que “a mulher mais velha” ou “a mulher que tem o dobro da idade”, como afirma no posicionamento. 

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Se um relacionamento entre uma mulher mais velha e um homem mais novo por si só já traria comentários polêmicos, quando o casal em questão é composto por pessoas pretas, a situação é ainda mais comentada por ser analisada pela ótica do racismo. Carla Akotirene Santos, doutora em estudos de gênero, compartilhou nas redes uma reflexão sobre como os comentários sobre o relacionamento de Mani e Davi escancaram um pensamento maior sobre o amor e o desejo de mulheres pretas e mais velhas.

Também se colocando na equação de quem sente na pele este preconceito, Carla afirma como não enxergamos mulheres velha, ainda mais pretas, como merecedoras de desejo e afeto, incluindo ela mesma, Mani e até Jojo Toddynho, uma vez que, quando a cantora estava com um homem branco, não faltavam comentários duvidando de que ele quisesse estar com ela.

“Toda sociedade etarista adultocêntrica não encara as mulheres velhas como dignas de afeto. Se o homem é mais novo, dizem que só está conosco por interesse econômico. […] Entretanto, não foram poucas as vezes que indagaram a sinceridade de quem publicava declarações de amor para mim“, escreveu.

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Em outro posicionamento de Mani, em parceria com a defensoria da Bahia, ela traz o preconceito racial para dentro da pauta e afirma como ele potencializa o etarismo que ela vem sofrendo. “O fato de você ser negra, ser pobre, a classe social que você está inserida também, tudo isso interfere e potencializa também, porque se eu fosse uma mulher branca e rica as pessoas não estariam falando dessa forma”, afirma.

Por meio desses pronunciamentos em que expõe sua personalidade por trás da “mulher mais velha do Davi”, Mani tem reunido diversas mulheres que compartilham casos semelhantes com os dela: se relacionam com homens mais novos e também sofrem julgamento de amigos, parentes e conhecidos. A rede de apoio entre essas mulheres fortalece um grupo pouco falado, muito julgado, mas que tem todo o direito de procurar amor, desejo e felicidade em um relacionamento.

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Chega de etarismo, racismo e todo preconceito!

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