Aprendi com o Stand Up que você precisa se curar antes para rir depois

A escola da comédia me ensinou muitas coisas sobre autoestima, regeneração, cura e amor

Por Atualizado em 30 out 2024, 15h42 - Publicado em 7 ago 2022, 10h01

Então é isso: fiz um curso de Stand Up Comedy. Minha formatura foi esses dias e foi uma das coisas mais dificeis que eu fiz nos últimos tempos.

Trabalho como atriz e escritora há mais de dez anos, mas não me senti mais preparada por causa disso. Ajuda, obviamente, com uma coisa ou outra, mas a principal questão para mim não foi analisar minha presença de palco ou entender como estava o meu timing de comédia… Meu maior desafio foi a minha autoestima.

Quando alguém não gosta da minha atuação ou dos meus textos, é sobre meu trabalho. Mas ali, de cara limpa, as pessoas podiam não gostar de mim.

Gabie Fernandes se apresentando em um Stand Up
Durante minha apresentação final no curso Arquivo Pessoal/Reprodução

Não sabia que aprovação alheia poderia mexer tanto comigo, mas senti uma necessidade de me provar – e, para quem não sabe, essa é a coisa mais sem graça que existe: ninguém ri de alguém que está com medo.

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Depis da formatura, fui procurar meu professor para contar minhas grandes angústias pré-palco e ele me deu o conselho mais simples e mais generoso que alguém poderia dar: “Se divirta. O pior já passou!”.

E, de fato, o pior já passou. Durante o curso, precisamos falar e entender nossos maiores traumas, medos e dramas, porque só conseguindo entender, ultrapassar e rir dessas questões é que você vai conseguir de fato achar graça da vida. Antes de tudo, você precisa se curar para fazer rir! Antes de rir se tornar o melhor remédio, é necessário achar as feridas.

 

Portanto, de fato, o pior já havia passado, e agora o que eu sentia era um resquício da antiga “eu” pedindo passagem pro proscênio – mas eu não poderia deixar.

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No camarim, antes da minha estreia, sozinha, eu reli meu texto como se fosse a primeira vez e achei graça. Eu acreditei naquilo que escrevi, achei engraçado tudo que saiu da minha cabeça.

E então eu fui para me divertir. Para brincar, sem querer ser boa, sem querer ser a mais, eu só queria rir. Se alguém risse junto seria um bônus, mas já não era o principal.

Na minha penúltima piada, a platéia riu tanto que começou a bater palma! Achei que era uma boa deixa pra me despedir e depois disso vieram mais palmas.

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Foi tão alegre! Trabalhar com humor é uma dádiva, pros outros, claro, mas principalmente pra mim. Toda risada me eleva e eu acredito tanto no humor quanto acredito no amor. Para mim, os dois coexistem em perfeita harmonia.

E depois de tanto, eu entendi que o palco é o segundo lugar que mais me sinto segura, só perde para o meu próprio abraço. Eu me sinto mais eu quando acho graça do mundo. Rir é tão bom quanto amar!

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