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Após mãe descobrir câncer, Beatriz quer ser oncologista para salvar vidas

'Quando comecei a acompanhar minha mãe nas consultas e quimioterapias, passei a me encantar pela profissão', conta a adolescente.

Por Isabella Otto Atualizado em 6 abr 2018, 18h23 - Publicado em 6 abr 2018, 15h02

“Foi muito difícil. Era complicado entender tudo o que estava acontecendo”, conta Beatriz Zuiani Torres, de 16 anos, sobre ter descoberto, aos 12 anos, que a mãe, Katia, estava com câncer. De uma coisa Bea se lembra bem: “foi muito doloroso”. Da dor, porém, veio a inspiração e a quase certeza do que gostaria fazer no futuro: ser médica oncologista. “Quando comecei a acompanhar minha mãe nas consultas e quimioterapias, passei a me encantar pela profissão. Não basta só ser médico, tem que ter amor pelo que faz, pois as pessoas que passam por toda essa batalha precisam de apoio, carinho e, principalmente, segurança”, conta a estudante que está cursando o 3º ano do ensino médico.

Arquivo Pessoal/Reprodução

No próximo sábado, 7, Bea participará do quadro “Qual Vai Ser?”, do programa Como Será?, da Rede Globo, que vai ao ar às 7h. Tonar-se médica não é fácil. É preciso muita dedicação e paciência, já que a graduação ainda é uma das mais concorridas. Além disso, é preciso fazer a residência e estar sempre se atualizando. “A oncologia é uma aérea muito abrangente. Existem diversos tipos de câncer e quase todos os dias chegam medicamentos novos para tentar combater a doença. O médico precisa estar constantemente estudando e amando aquilo que faz”, conta a adolescente, que está se preparando para o vestibular. Kátia Ura, psicóloga, orientadora profissional, psicopedagoga e consultora do quadro “Qual vai ser?”, explica que não existe um jeito certo de estudar: “compreenda qual é o seu melhor método, as suas facilidades e as suas limitações de aprendizado. A dica mais importante é reconhecer e identificar como lida emocionalmente com todo esse processo. A ansiedade e o estresse gerados pela pressão do vestibular acabam prejudicando o aprendizado, o rendimento, a saúde e até mesmo as relações afetivas e sociais do jovem“.

Por conta da acirrada relação candidato/vaga, muitos alunos acabam fazendo cursinho junto com o ensino médio. A psicóloga conta que isso é uma escolha pessoal, mas reforça que é preciso acabar com essa máxima de que é preciso passar direto no vestibular. “Respeite seu ritmo, sua história, seu corpo e suas escolhas”, afirma. Beatriz sabe que, se optar mesmo pela Medicina, a caminhada não será fácil. Sobre a escolha da faculdade, as públicas são sempre as mais concorridas, por não terem mensalidade e oferecerem um ensino mais reconhecido pelo mercado de trabalho. Contudo, muitas faculdades particulares estão tendo um rendimento tão bom quanto e, às vezes, até superior. “Para avaliar a qualidade do ensino oferecido, confira o ranking do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Algumas faculdades públicas perderam qualidade nos últimos anos pela falta de recursos financeiros e investimentos em pesquisas e avanços tecnológicos. Por outro lado, é preciso ficar atento ao aumento deliberado de faculdades privadas. Nem sempre elas acabam sendo de boa qualidade”, dá a dica Kátia Ura.

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Beatriz e a mãe Katia durante a festa de 15 anos da adolescente. Arquivo Pessoal/Reprodução

Beatriz Torres  sonha em se formar em medicina e se especializar na área de oncologia. Essa especialização acontece na fase final dos tradicionais seis anos de graduação e é conhecida como residência. “O graduado em Medicina precisa realizar outro exame para ingressar na especialidade que deseja. Dependendo da área, pode ser muito mais concorrido que o próprio vestibular em si, por exemplo. A duração das residências médicas varia, em média, de dois a quatro anos”, esclarece a especialista, que completa dizendo que “existem as residências de acesso direto (como Infectologia, Neurologia e Dermatologia) e as de acesso para área básica (como Pediatria, Ginecologia, Clinica Médica e Cirurgia Geral)”.

E dá para estudar e trabalhar ao mesmo tempo? Até dá, mas Kátia não aconselha, até porque o curso de medicina é integral e a prática se torna praticamente inviável. “Se o jovem conseguir um tempinho para trabalhar durante a faculdade, pode prejudicar a qualidade e o grau de excelência como futuro profissional”, garante a psicopedagoga. Bea, por enquanto, está focada nos estudos e em apoiar a mãe em simplesmente todos os momentos de sua jornada, que ainda não acabou. “Ela continua na luta, fazendo quimioterapia e procedimentos, e não deixando a doença a abalar. Minha mãe ainda não está totalmente recuperada, mas tenho certeza de que vai dar tudo certo. Ela está nesse tratamento há 4 anos, sempre muito firme e disposta a ser curada. Não está sendo fácil, mas tenho fé de que tudo vai se resolver”, admite nossa futura oncologista, que, com certeza, vai salvar muitas pessoas – e, no futuro, vai poder contar à todos que a história de sua mãe, agora curada, foi o que a motivou a tratar outros pacientes com câncer.

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