Aos 17 anos, Julia é a única menina brasileira em torneio de cubo mágico
É esporte, é nerd, é feminino e é do Brasil! 'No primeiro campeonato que eu participei, tinha eu e mais três meninas só', conta Júlia,
Você sabia que o cubo mágico só foi criado em 1974? Não faz tanto tempo assim, né? O objeto foi desenvolvido pelo professor de arquitetura Ernó Rubik, do Departamento de Desenho de Interiores da Academia de Artes e Trabalhos Manuais Aplicados de Budapeste, na Hungria, para ensinar tridimensionalidade aos alunos. Apesar de ter sido criado com objetivo acadêmico, o cubo mágico acabou se tornando uma atividade de passatempo para quem estivesse sem nada para fazer e quisesse um desafio lógico para tentar resolver.
O cubo mágico também já é tema de competições mundiais. Uma delas, inclusive, acontece neste mês, em Boston, nos Estados Unidos. O torneio global Red Bull Rubik’s Cube World Championship, criado pela Red Bull em 2017, chega em sua primeira edição já levando quatro nomes brasileiros para a etapa final. Entre eles, está a paulista Julia Melo, de 17 anos. Além de ser a mais jovem entre os participantes, a fã de videogame e futura estudante de Design de Animação também é a única menina representando o Brasil na competição.
No torneio, o próprio Ernó Rubik, criador do cubo mágico, estará presente para acompanhar a competição. O australiano Feliks Zemdegs, atual recordista com apenas 4.22 segundos de montagem, também marca presença na final.
Em entrevista à CH, Julia conta que começou a montar cubo mágico aos 15 anos, com a ajuda de seu irmão mais novo. “Em 2016, no Natal, a gente tava sem nada pra fazer e daí ele sugeriu ‘Ah, você quer aprender a montar um cubo?’. Ele me ensinou, eu aprendi e fui melhorando”, lembra. Na primeira vez, ela demorou cerca de uma hora e meia para aprender a montar o cubo corretamente.
Foi somente neste ano, em março, que Julia participou da primeira entre as três competições de cubo mágico que ela já disputou, para acompanhar seu irmão. Sua modalidade é a 3×3, na competição pelo menor tempo. Por enquanto, o recorde da Julia é de 21,28 segundos, mas a meta dela é fazer menos de 20.
Julia considera o cubo mágico como um esporte e acredita que o cenário da modalidade no Brasil é muito maior do que as pessoas normalmente imaginam. “Todo mês tem pelo menos uma competição e a maioria é de graça. Se tiver que pagar uma taxa, é de R$ 5,00 ou R$ 10,00 no máximo”, diz.
Mas, apesar disso, a representatividade feminina no universo do cubo mágico não é tão forte. “É um número bem menor comparado ao dos meninos. Se for ver em campeonato grande, por exemplo, teve um na FECAP e como tinha muita gente, tinha bastante menina também. Mas geralmente vem no máximo 5 ou 6 meninas por campeonato. No primeiro campeonato que eu participei, que era pequeno, tinha eu e mais três meninas só“, conta. Enquanto isso, o número de meninos pode até ultrapassar os 50.
Embora seja difícil treinar todos os dias, Julia faz o possível para praticar o cubo mágico com frequência na tentativa de quebrar seu recorde. “Mais ou menos três vezes na semana, eu sento em frente ao meu computador, coloco o cronômetro e aí vou montando”, comenta. Segundo ela, sua maior dificuldade é aprender sequências novas. Mas, a vontade de fazer a montagem cada vez mais em menor tempo é o que a atrai no cubo mágico. “É a determinação de sempre que eu vou montar, dar o meu melhor para bater meu recorde. A minha meta é o que me estimula“, Julia conclui.
Esta é a primeira vez que Julia sai do Brasil. “É uma honra imensa. Nunca tive uma oportunidade dessa, de ir pra fora e ainda participar de um campeonato representando meu país“, diz. Ela brinca ao relembrar que tinha um acordo com o irmão e que tinha entrado na competição mirando no terceiro lugar. “Ia tentar ficar no terceiro lugar pra gente ganhar 1 mês de Red Bull. Mas aí eu cheguei lá e ganhei”, conta. Sua expectativa agora é conseguir ultrapassar o tempo das competidoras dos outros países.
Parabéns pela conquista e boa sorte, Julia! O país inteiro está na torcida por você <3 #GoBrazil