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Alerta! O “desafio da rasteira”, novo viral da internet, pode ser mortal

Vídeos estão sendo compartilhados nas redes sociais em que uma pessoa pula na ingenuidade e outras duas passam a perna, forçando um tombo de costas

Por Isabella Otto Atualizado em 15 fev 2020, 19h28 - Publicado em 15 fev 2020, 10h01

Um novo desafio, um daqueles que pode entrar para a lista dos virais perigosos da internet, está tirando o sono de muita gente, em especial, de médicos. Ele consiste em pedir para a pessoa dar um pulinho com os dois pés. Nisso, as outras duas pessoas que estão ao lado passam uma rasteira na terceira, fazendo com que a vítima caia no chão. Era para ser uma zoeirinha inofensiva, mas não é. Em novembro de 2019, quando ainda nem era um viral no Brasil, a “brincadeira” matou uma menina de 16 anos na Escola Municipal Antônio Fagundes, em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Recentemente, uma criança de oito anos, moradora de Brasília, ficou à beira da morte pelo mesmo motivo, conhecido como “brincadeira da rasteira”.

Reprodução/Reprodução

O YouTuber Fuinha, que tem mais de 2 milhões de inscritos em sua canal, foi um dos que aderiram ao “desafio”. Ele disse em entrevista para a CAPRICHO que o que o motivou a “brincar” foi o fato de achar que seria só mais um vídeo que bombaria na web. “Os vídeos viralizaram primeiramente nos Estados Unidos, vários influenciadores americanos fizeram e eu me inspirei neles. Sempre produzi vídeos com conteúdo de humor e trollagens, e achei que seria só mais um. Infelizmente, não pensei nas consequências do vídeo em questão e, a partir do momento em que eu postei ele, por eu ser o maior influenciador brasileiro a ter postado, tudo repercutiu em cima de mim”, disse. Depois que o vídeo dele derrubando a mãe viralizou, ele postou um comunicado dizendo que estava arrependido. “Eu decidi me posicionar, não por mídia, não por visualização, mas por entender que uma brincadeira que eu fiz poderia ocasionar algo muito grande e grave na vida de outras pessoas(…) Errei. Agora é esperar que todos consigam se conscientizar“.

No Colégio Santo Tomás Aquino, na Venezuela, um caso quase acabou em tragédia. Dois alunos decidiram pregar a peça em uma amigo, que bateu fortemente a cabeça no chão ao cair para trás. “Recentemente, tornou-se viral nas redes sociais um vídeo de alunos do ensino médio da nossa instituição participando de um jogo, o qual supostamente estaria colocando em risco a saúde e integridade física de um dos jovens. Hoje, as partes envolvidas [os alunos com seus respectivos responsáveis] foram convocadas à direção da escola para iniciar os procedimentos correspondentes, ajustados às disposições legais pertinentes“, escreveu a escola em sua conta oficial no Twitter. Parentes do aluno que se acidentou disse que ele está bem, apesar do susto.

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No Brasil, no Colégio Marista de Natal, um caso parecido, só que menos grave, aconteceu com três meninas. Ao G1, representantes da escola disseram que dialogaram com as duas estudantes que fizeram a “brincadeira” e explicaram os riscos que ela traz. Além disso, o colégio também adotou medidas preventivas para que outros alunos não repitam o ato.

 

As consequência do viral podem ser tão graves que até a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia emitiu um alerta dizendo que “o ‘desafio da rasteira’ pode trazer lesões irreversíveis”. A pediatra Lilian Gonçalves Zaboto explicou para a CH que a vítima pode bater a cabeça e não ter nenhum problema de imediato, mas que, em algumas horas, pode apresentar complicações. “Ela pode ter uma hemorragia intracraniana, levantar e ficar bem nas primeiras 24h, e depois pode romper um pequeno vaso e ficar gotejando, uma hemorragia pequena, e depois vir o desmaio, confusão mental e pode ir ao coma e a óbito, se não tiver uma cirurgia feita rapidamente”, alerta a médica. “Fraturas no braço ou de punho também são possíveis, pois a pessoa pode tentar usar como apoio para não cair e bater a cabeça”, garante.

Em João Pessoa, um senhor quase morreu ao ser vítima da “brincadeira”. Depois de cair no chão e bater a cabeça, ele ficou desacordado. Um dos caras que aplicou o desafio disse, entre risos muito nervosos, que ele tinha dormido. Foi informado algumas horas depois que o senhor estava bem e recuperado. É possível ver os vídeos abaixo:

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A brincadeira do momento, brincadeira besta que já tirou a vida de algumas pessoas. Tomem cuidado, alertem seus filhos.

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Recebi informações de que o senhor que fizeram uma brincadeira de muito mal gosto com ele, está bem! Graças a Deus, mas fica aí o alerta! Poderia ter acontecido algo pior.

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“As crianças e os adolescentes que entram nessa brincadeira fazem por ingenuidade, pois a maioria não sabe que os supostos amigos vão derrubá-lo. Os que fazem a brincadeira fazem com a intenção de rir dos amigos que caem, mas eles não têm noção do perigo que estão colocando o amigo que caiu. Cabe aos pais orientar os filhos para que não participem dessa brincadeira. Traumas como esses podem levar a uma hemorragia intracraniana, necessitar de cirurgia de emergência, levar ao coma e até mesmo a morte”, alerta a pediatra Lilian Gonçalves Zaboto. “Além disso, existe risco de fratura de vértebras que pode levar à paralisia dos membros e fratura de vértebra cervical com comprometimento da medula espinhal cervical levando a óbito imediato e tetraplegia”, complementou a pediatra Dra. Loretta Campos.

A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia aproveitou para fazer mais um alerta sobre o “desafio da rasteira” ou, como muitos especialistas estão preferindo chamar, o “desafio quebra-crânio”: “O que parece ser uma brincadeira inofensiva, é gravíssimo e pode terminar em óbito. Os responsáveis pela brincadeira de mau gosto podem responder penalmente por lesão corporal grave e até mesmo homicídio culposo“.

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