A pansexualidade do Deadpool foi mal explorada nos filmes da Marvel?
Há várias referências nos filmes, mas será que elas são claras o suficiente? Afinal, muita gente ainda acha que o Deadpool é um 'herói hétero machão'...
Ele é um anti-herói zoeiro e sádico do time da Marvel que acaba de ganhar seu segundo filme protagonizado por Ryan Reynolds. Até aí, sem grandes novidades. O Deadpool, definitivamente, ganhou ainda mais popularidade depois de ir para o cinema. Os filmes, contudo, podem ter falhado na hora de explorar a pansexualidade do personagem. Talvez seja novidade para você, mas o Deadpool é pansexual, ou seja, ele se sente atraído pelas pessoas, independentemente da identidade de gênero ou da orientação sexual delas.
Para entender melhor o Mr. Pool, conversamos com Victoria Hope, jornalista especializada em cultura pop, que leu sua primeira HQ do anti-herói aos 13 anos, em 2005, quando o primeiro Cable & Deadpool foi lançado. Algumas pessoas que não conhecem o Deadpool dos quadrinhos podem achar, erroneamente, que ele faz a linha machão nas obras cinematográficas. Na verdade, o diretor David Leitch e o ator Ryan Reynolds fizeram questão de explorar a pansexualidade do personagem. É possível que não da mesma maneira e com a mesma intensidade que as HQ’s, mas Victoria enumera algumas passagens em que podemos ver isso:
1. Quando o Deadpool flerta com com o taxista
No primeiro filme da franquia, há uma série de cenas em que o mercenário joga umas indiretas para o motorista ao mesmo tempo em que elogia sua mulher e declara seu amor por Vanessa.
2. Quando ele demonstra sua crush pelo Wolverine
E não só pelo herói com a garrinhas de fora! Mr. Pool também tem um ~precipício~ pelo Homem-Aranha. Nos quadrinhos, isso aconteceu de maneira mais intensa e direta em uma HQ lançada em janeiro de 2017, escrita por Joshua Corin e Tigh Walker.
3. Quando Wade dá uma “apertadinha” no Colossus
Tanto no primeiro quanto no segundo filme, ele também faz uma série de comentários de duplo sentido sobre sua sexualidade, pois não se importa de explorá-la dessa maneira nem liga para que os outros possam pensar.
4. Quando demonstra seu amor pela Vanessa
O fato de Deadpool manter uma relação heterossexual no momento não o classifica como um heterossexual, é importante deixar isso claro.
5. Quando dispara arco-íris do chifre do unicórnio
Desde 1978 que a bandeira com as cores do arco-íris representa o movimento LGBTQ+. Nos créditos finais do primeiro filme, também há uma sequência de imagens que mostra o anti-herói “interessando-se” por homens e mulheres, ao ver os nomes de Ryan Reynolds e Morena Baccarin na tela.
Victoria, contudo, acredita que a sexualidade do personagem poderia ter sido abordado de forma mais direta. “O público de Deadpool é composto por uma maioria masculina e heterossexual que até hoje resiste em acreditar na sexualidade do herói, mesmo que todos os principais quatro escritores das histórias já tenham confirmado sua pansexualidade“, explica. “Nos quadrinhos, o Deadpool flerta com homens e tem fantasias com o Cable (uma delas é ver o “inimigo” só de sunguinha para ele poder passar protetor solar em seus muques). Ele também fala sem querer para o Thor que acha ele muito atraente, mas logo fica com vergonha de ter falado isso em voz alta. Ele também já beijou a Vanessa na forma masculina dela e também disse em Secret Avengers que estava a fim do Gavião Arqueiro”, complementa a jornalista.
Na pré-estreia do filme em Nova York, o produtor Simon Kinberg falou sobre essas sutis (mas nem tanto) referência dos filmes: “[A pansexualidade] está no DNA do personagem”. Quando questionado sobre a sexualidade do Deadpool, Ryan Reynolds fez questão de deixar claro que não se oporia caso o anti-herói tivesse um namorado algum dia. “Seria ótimo!”, disse o ator.
Há algumas outras passagens nos filmes ainda mais diretas, que exploram a pansexualidade do personagem, mas é possível compreender a discussão com as informações passadas nesta matéria (e você pode caçar as outras referências enquanto assiste aos longas). O mais importante é entender que toda a adaptação para o cinema sofre mudanças, mas essas mudanças não podem ser pautadas em opiniões preconceituosas de uma minoria fã do herói que ainda não sabe lidar com sua identidade sexual.
A pré-estreia do segundo Deadpool já bateu recordes, assim como aconteceu com a estreia de Pantera Negra. Essas são provas de que representatividade importa e faz toda a diferença.