era do body positive parece, a cada dia que passa, mais enfraquecida e com os seus dias contados. Nas passarelas, campanhas publicitárias, tendências de estilo e comportamento de celebridade, o corpo magro vem ocupando presença constante e um espaço que parecia já não mais o dele, o do padrão ideal.
Uma trend recente no TikTok abraça esses ideais e reforça o padrão estético magro. Com o lema de “a felicidade é magra”, meninas e mulheres exibem seus corpos magros em vídeos ou fotos na rede social.
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O áudio que acompanha a trend é da minissérie da Globo Verdades Secretas, exibida originalmente em 2015. Nele, o personagem Visky (Rainer Cadete), que trabalha na mesma agência de modelo que Angel (Camila Queiroz), responde a outra funcionária, que afirma amar o próprio corpo do jeito que ele é, que ela está mentindo. “Eu sou feliz do jeito que eu sou”, no que ele responde “mentira, a felicidade é magra, as gordas choram escondidas no banheiro”.
A trend é, em seu ínterim, uma celebração de corpos magros em detrimento de qualquer outro tamanho e formato, mas é ingenuidade pensar que a frase “a felicidade é magra” é inofensiva. A busca pela magreza extrema, inclusive nos âmbitos de transtorno alimentar, é também uma tentativa de alcançar a perfeição e a felicidade.
É comum que jovens com anorexia, bulimia ou outros transtornos acreditem que só serão bonitos, desejados, completos, perfeitos e felizes quando estiverem no menor peso possível, e já sabemos que as consequência dessa jornada podem ser perigosas e até irreversíveis.
@tiffanyvitoriann
@lnohana Magras magras magras #fyp
@fer.gurgel8 Até que enfim uma trend, que posso participar ❤️#fyp #viral #trend #magras #foryou #vaiprafy
@usuario254178
A trend não é um episódio isolado de culto à magreza na internet – ou fora dela. Na última semana, aconteceu mais uma edição do Victoria’s Secret Fashion Show, uma segunda tentativa da marca de retornar com o desfile que já foi uma febre há alguns anos. Justamente na era da inclusão e da diversidade de corpos, o show que enaltecia modelos extremamente magras e padrões não fazia mais sentido.
A pressão pela inclusão levou a marca a tentar um desfile mais diverso no ano passado, mas que não foi bem aceito pelo público. Apesar das muitas críticas sobre o evento deste ano, que citam, por exemplo, diversidade superficial, o VSFS parece ter chegado em um momento em que sua regra clássica, a da magreza, também está reinando em outros meios.
Por isso, não foi uma surpresa observar, dias após os desfiles, postagens nas redes sugerindo dietas restritivas, rotinas insanas de exercício físico e uma exaltação de corpos magros. Isso não é e nunca foi saudável.
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