Gautier Lee
Gautier Lee é cineasta, não-binária, negra e lésbica. Trabalhou em séries para a Amazon, Netflix, Globoplay e Comedy Central, tendo escrito as séries Auto Posto, Depois Que Tudo Mudou e De Volta aos 15, da qual também é diretora. É apaixonada por comédias românticas e narrativas teen.
Gautier Lee
Gautier Lee é cineasta, não-binária, negra e lésbica. Trabalhou em séries para a Amazon, Netflix, Globoplay e Comedy Central, tendo escrito as séries Auto Posto, Depois Que Tudo Mudou e De Volta aos 15, da qual também é diretora. É apaixonada por comédias românticas e narrativas teen.

Eu não sou uma entusiasta de filmes de terror

Quer dizer, eu até consigo assistir. Se for ao meio-dia. Com todas as luzes de casa acesas. E segurando minhas duas cachorrinhas.

Por Andréa Martinelli 1 nov 2024, 08h00
E

u sou medrosa. Muito medrosa. Tenho medo de ratos, escadas e de águas profundas. Mas, honestamente, eu considero meus medos muito bem fundados. E mesmo sendo coerentes, eles sempre me afastaram de um gênero cinematográfico muito popular: o terror. Eu simplesmente não consigo assistir filmes de terror. Quer dizer, eu até consigo assistir. Se for ao meio-dia. Com todas as luzes de casa acesas. E segurando minhas duas cachorrinhas. Nesse cenário é possível que eu assista até os primeiros 15 minutos de duração de um filme, mas não muito mais que isso.

No entanto, um desafio aterrorizante me surgiu após anos e anos evitando Chucky, Annabelle e até mesmo Pânico. E sim, eu sou medrosa nesse nível. Mas em 2016 eu tive que escolher o que fazer como TCC e, como uma universitária de Cinema, meu TCC era um filme. Eu, obviamente, jamais faria um filme de terror. Se eu não tinha condições de assistir, quem dirá produzir uma obra. Mas todos os meus colegas de grupo eram apaixonados pelo gênero e, por meio de uma conversa muito democrática, nós decidimos fazer um curta de terror como TCC.

Meu papel no curta foi escrevê-lo junto a uma colega e também auxiliá-la como assistente de fotografia, já que ela, para além de roteirista, também assumiria a função de diretora de foto. Ambas as funções foram um terror para mim. Mesmo querendo ser roteirista há mais de dez anos na época, escrever terror era algo completamente novo e assustador. Literalmente assustador. Eu não conseguia pensar nas cenas sem ter medo delas. Minha própria imaginação me botava medo. 

Se eu não conseguia escrever a partir do medo, eu decidi escrever a partir da raiva. E olha que eu nem sou uma pessoa raivosa.

Gautier Lee, colunista da CAPRICHO
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Meu curta, “Vinil”, tratava das relações familiares entre pai, mãe e filho. E, felizmente, nós decidimos não seguir o caminho que levava a espíritos possuindo bonecas ou pessoas. Mas mesmo assim, eu tinha muita dificuldade em ter ideias para a trama devido à minha falta de costume com o gênero. Primeiro eu tentei usar o medo como combustível, mas isso só me gerou mais medo. Eu tentei de todas as formas possíveis, mas nada saía. E se você também escreve, você sabe como não conseguir escrever pode nos paralisar de medo.

Então eu decidi mudar de estratégia. Se eu não conseguia escrever a partir do medo, eu decidi escrever a partir da raiva. E olha que eu nem sou uma pessoa raivosa. Mas, como eu disse anteriormente, eu estava em um dos períodos mais desgastantes e estressantes da vida universitária: o último semestre antes da formatura. E isso me gerava muita raiva. Os trabalhos eram infinitos, eu já não aguentava mais a cara dos meus professores (e a de alguns colegas também, não vou mentir) e a pressão para conquistar as últimas notas boas para o meu histórico.

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