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Pandemia de coronavírus causa queda global na poluição do ar; entenda!

Não dá para comemorar esse fato em meio a uma pandemia mundial, mas ele também não pode passar batido.

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 00h26 - Publicado em 18 mar 2020, 11h00
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CAPRICHO/Divulgação

No começo de março, a NASA liberou uma imagem de satélite que mostra a quantidade de dióxido de nitrogênio liberada pela China no ar entre janeiro e fevereiro de 2019 e janeiro e fevereiro deste ano, em que o número chegou praticamente a zero. O motivo, contudo, é trágico: o surto de COVID-19 no país deixou todo ele em estado de emergência. A quarentena geral fez com que a produção industrial chinesa, uma das maiores do mundo, praticamente cessasse.

Comparativo da emissão de NO2 no ar entre jan/fev de 2019 e jan/fev de 2020, em Wuhan, na China. Earth Observatory/Nasa/Reprodução

Mais recentemente, o satélite Sentinela-5P, do programa Copérnico da Comissão Europeia e da Agência Espacial Europeia, mostrou que o mesmo fenômeno está acontecendo na Itália, que está enfrentando o surto de coronavírus só agora, com o país praticamente fechado, como aconteceu com a China entre janeiro e fevereiro.

A maior queda das emissões de dióxido de nitrogênio acontece sobretudo no Norte italiano, onde a pandemia começou e está mais intensa. O fechamento de fábricas, que causa uma diminuição da produção industrial, é um dos principais motivos. O distanciamento social, o isolamento e a quarentena também fazem com que menos automóveis circulem pelas ruas, o que também diminui drasticamente a poluição do ar.

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A paralisação de cidades e até mesmo de países inteiros causa um impacto drástico na economia, e isso não pode ser descartado. Entretanto, especialistas afirmam que a melhora global da qualidade do ar, mesmo que momentânea, já que as emissões de NO2 devem voltar com força total quando a pandemia do COVID-19 passar, contribui para o aumento da imunidade das pessoas, principalmente daquelas que se encontram no grupo de risco. “Doentes com doenças respiratórias e cardíacas crônicas causadas ou agravadas pela exposição prolongada à poluição do ar são menos capazes de combater infecções pulmonares e mais propensos a morrer. Isto também se aplicará provavelmente à COVID-19. Ao diminuirmos os níveis de poluição do ar podemos ajudar os mais vulneráveis na luta contra esta ou outra futura pandemia”, informou Sara De Matteis, investigadora da Universidade de Cagliari, na Itália, e membro da Sociedade Europeia Respiratória.

Pode ser inclusive a primeira vez que a gente consiga alcançar aquela meta de limitar o aumento da temperatura global para 1,5ºC. De acordo com recente análise feita pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente, para atingir esse número, seria preciso voltar ao crescimento médio da temperatura da Terra durante a era pré-industrial, coisa que pode acontecer em 2020, por causa do COVID-19. Se isso realmente ocorrer, precisaremos lidar com o fato de que foi preciso uma pandemia para percebermos que algo pode ser feito ou que, não tem jeito, jamais vamos conseguir combater as mudanças climáticas com o mundo operando a todo vapor do jeito que o capitalismo gosta.

Em meio a crises nos sistemas de saúde e mortes, não dá para comemorar esse cenário. Contudo, também não dá para esquecer que, por ano, no mundo, 8,8 milhões de pessoas morrem devido a complicações causadas pela poluição do ar. Populações de países asiáticos, como Índia e China, são as mais afetadas. Não coincidentemente, a China é o país que mais polui hoje no globo, seguido por Estados Unidos. Ativistas ambientais, como Fe Cortez, idealizadora do movimento “Menos 1 Lixo”, já promovem o debate e a reflexão. “O coronavírus diminuiu a pegada de CO2 das fábricas chinesas – que pararam por conta da contaminação – em 25%. E o CO2 é o responsável por 80% da poluição que causa o aquecimento global, segundo a WWF. Nós já sabemos o que precisamos fazer pra combater a urgência climática“, disse a defensora Mares Limpos pela ONU Meio Ambiente no Instagram.

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