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Iraniana é impedida de protestar durante jogo de vôlei

Por que é tão importante ela estar se manifestando aqui nas Olimpíadas - pelos direitos das mulheres do Irã e de todo o mundo.

Por Marcela Bonafé Atualizado em 23 ago 2016, 13h37 - Publicado em 15 ago 2016, 17h00
Durante a partida de vôlei masculino entre Irã e Egito no último sábado, 13, a ação de uma mulher iraniana chamou atenção. Enquanto estava na plateia, Darya Safai começou a chorar ao ser proibida de segurar uma faixa pedindo liberação da entrada de mulheres em estádios no seu país.
Os seguranças tentaram impedi-la, alegando que está proibida qualquer manifestação política durante os jogos das Olimpíadas no Rio, o que a deixou frustrada. No Irã, a maioria das partidas só permite homens na torcida – e isso é apenas uma parte da desigualdade de gênero existente. Não dá para esconder a importância de Darya estar protestando por aqui.
Foto: Reprodução/Facebook

Desde 1979, com a Revolução Islâmica, as coisas ficaram muito mais restritas para as mulheres no país. O uso da hijab (lenço que cobre a cabeça), por exemplo, se tornou obrigatório para todas as iranianas e estrangeiras que estiverem lá. Se aqui no Brasil nós, mulheres, já sentimos o peso da desigualdade no dia a dia, imagine no Irã, onde a liberdade feminina é consideravelmente mais restringida?

“Deixem as mulheres iranianas entrarem em seus estádios”, Darya protestava durante o jogo olímpico, que estava sendo assistido por pessoas no mundo inteiro. Muitas, inclusive, que se identificam com a causa. Percebe a relevância do que ela tem feito? Além disso, é um momento importante para tentar chamar atenção para esse tema, porque se ela arriscasse fazer isso no Irã, sofreria duras punições.
Foto: BBC

Para que a mudança ocorra, é preciso que alguém comece, certo? Se as sufragistas, por exemplo, não tivessem iniciado um movimento no século XIX, talvez o voto feminino no Reino Unido não tivesse sido possível tão cedo. Da mesma forma, se Darya não estivesse ali no Maracanãzinho, representanto tantas outras iranianas e se fazendo ser vista, muita gente nem saberia do que acontece no seu país. 

Infelizmente tentaram impedi-la de protestar aqui, no Brasil, um país onde a liberdade de expressão é assegurada na constituição. Contraditório, né? Mas uma coisa ninguém vai conseguir apagar: a coragem e a atitude de Darya, que está tentando erguer sua voz por todas as mulheres que enfrentam uma realidade parecida. Não à toa, ela tem recebido muito apoio pela internet de pessoas de diversos países.

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A luta não é só pela entrada de mulheres em estádio iranianos. É por liberdade, igualdade e mudança. “Lutar por isso significa lutar contra a discriminação de gênero. Esperançosamente, obtendo esse direito, mulheres iranianas conquistarão seus outros direitos também”, explica a descrição da página de ativistas no Facebook.

Darya pretende ir a todos os jogos de vôlei masculinos do Irã nas Olimpíadas para protestar. Que ninguém consiga ofuscar a causa dela e que ela possa continuar fazendo a diferença. Pela liberdade de expressão, pelos direitos humanos fundamentais, pelas iranianas e por todas as mulheres do mundo! 

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