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“Eu vi o mundo muito melhor depois que eu me aceitei como eu realmente sou!”

A Mari é uma garota tão legal quanto você, mas infelizmente nem todo mundo enxerga isso

Por Da Redação Atualizado em 24 ago 2016, 15h36 - Publicado em 11 out 2015, 16h10

Marianna tem 18 anos e é de São Paulo. Ela acabou de terminar o ensino médio e agora quer cursar a faculdade. Está em dúvida entre cinema e jornalismo de moda. Ela já gostou de alguns garotos da escola, mas hoje está com o coração “tranquilo”. A Mari gosta de música indie e sua banda preferida chama Phantogram. Mas ela também curte ouvir Taylor Swift e Selena Gomez. Ela adora assitir seriados e ler livros, principalmente os de romance. A Mari também acompanha a CAPRICHO desde os 12 anos, é nossa leitora fiel . Muitas semelhanças com você, né? Ah, tem um detalhe sobre a Mari que você não sabe: ela é transgênero!

Ser transgênero significa que uma pessoa possui um gênero (masculino ou feminino), mas se expressa e reconhece-se como o outro, explica Breno Rosostolato, psicólogo especialista em sexualidade, escritor e professor da Faculdade Santa Marcelina.

“Desde pequena eu gostava de brincar de boneca, mas também gostava de jogar futebol, é engraçado pensar isso. Minha primeira Barbie eu ganhei com 7 anos e foi minha própria mãe quem me deu, acredita? Eu já dava alguns indícios de que eu seria um garoto diferente. Quando eu estava com 14 anos foi quando eu tive certeza e assumi, de fato, que sou uma menina”, contou a Mari.

Existe uma “crença” de que o transexual odeia seu genital, e não é verdade. Sim, alguns optam por uma cirurgia, mas muitos convivem bem com seus corpos. Esse é o caso da Mari, que faz uso de algumas medicações. “Tomei hormônio desde os 15 anos e vários outros remédios diários para controlar a quantidade de testosterona (hormônio masculino) e estimular a progesterona (hormônio feminino). E, hoje, estou bem confortável com o meu corpo! Meus familiares sempre me aceitaram bem, assim como meus amigos”.

A Mari nem sempre foi Mari, viu? O psicólogo explicou para a gente que o processo para alteração de nome no RG, infelizmente, ainda é bem complicado. O nome de registro da Mari é David: “há três anos eu resolvi assumir nome de garota. Eu sofri muito para conseguir mudar meu nome na chamada da escola, era algo que me incomodava. É constrangedor a professora chamar um nome de garoto e responder uma garota. Mas, em compensação, sempre tive muito respeito, tanto dos meninos quanto das meninas, na escola eu era amiga de todo mundo.”

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E entre todas essas dificuldades, muita gente faz relação entre a identidade de gênero com a orientação sexual, ou seja, considera que todo trans é gay. E não é bem assim, não! Breno Rosostolato explica que identidade de gênero é como a pessoa se reconhece no mundo, enquanto a orientação sexual é para onde a pessoa direciona seu interesse . “Uma mulher trans pode ser heterossexual, homossexual, bissexual…”, diz o psicólogo. Isso tudo aumenta ainda mais o preconceito que transgêneros enfrentam todos os dias.

“Óbvio que o preconceito existe e, o pior, ele está em todos os lugares! Recentemente, eu fui fazer o alistamento militar obrigatório para pessoas do gênero masculino e, dias depois, todos os meus dados foram vazados : endereço, telefone, nome, foto… Foi horrível. As pessoas começaram a ligar na minha casa para fazer piadas. Estou tomando muito cuidado porque minha vida foi totalmente exposta”, desabafou a Mari.

O psicólogo ensina que a melhor maneira de respeitar as identidades de cada um é perguntar para a própria pessoa como ela prefere ser definida e abraçá-la da forma que ela é. A Mari está de bem com ela mesma! “Eu nunca encanei com o que as pessoas pensam de mim não. Afinal, se eu ligasse, eu não seria quem eu sou hoje. Eu lido muito bem com críticas e não deixava comentários me atingirem. Quando eu me aceitei, foi tudo mais fácil. Eu podia usar a roupa que eu quisesse, podia me maquiar do jeito que eu quisesse, usar salto, falar do meu jeito. Nada mais me impedia, me senti livre. E, para falar a verdade, é uma ótima sensação!”

Por fim, perguntamos à Mari o que ela gostaria de mudar na vida dela. Sabe qual foi a resposta? “Nada. Eu gostaria de mudar a aceitação das pessoas em relação aos transgêneros. Gostaria que as pessoas me aceitassem como uma menina normal, só isso.”

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