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De bixete à recém-formada: o que esperar da faculdade de Pedagogia?

No Dia dos Professores, saiba como é a preparação e a carreira dos profissionais da área.

Por Isabella Otto Atualizado em 17 ago 2016, 14h52 - Publicado em 15 out 2014, 19h50

“Em um país onde escolher ser professor é sinônimo de risada, desestímulo e loucura, é desafiante convencer as pessoas da magnitude da educação em seu sentido mais amplo e profundo.” Para inciarmos esta matéria, escolhemos a frase dita pela professora Flávia Nunes, de 22 anos, recém-graduada em Pedagogia pela USP. Ela retrata o sentimento de muitos professores experientes e de vestibulandos que estão prestes a entrar para o mundo da educação.

Não é raro escutarmos frases do tipo: “é muito mais difícil ser professor nos dias de hoje”; “professor é uma profissão desvalorizada no Brasil”; “os alunos não têm mais respeito”. É verdade que a educação no país ainda tem muito que melhorar. Aliás, em tempo de Eleição, esse é uma discussão que vem muito bem a calhar. Mas antes de pensar apenas no salário ou nas dificuldades da profissão, lembre-se de que a educação, apesar de vir de casa, é reforçada nas escolas. Em algumas fases da vida, os professores são praticamente membros da família! Não é à toa que, quando pequenininhos, nós costumamos chamá-los de “tio” ou “tia”.

A CAPRICHO conversou com quatro meninas, três estudantes de Pedagogia e uma já formada, para entender por que elas optaram por essa graduação e, quem sabe, te inspirar a virar uma pedagoga no futuro. Já havia pensado nessa possibilidade antes?

A gente entra com a ideia de dar aula e recebe, de início, só teoria. É preciso cursar dois semestres de matérias obrigatórias, como psicologia, filosofia e sociologia da educação. Tem que tomar cuidado para não criar muita expectativa. Assim como todo curso, tem bastante gente que desanima justamente por isso. Mas tem muita coisa bacana na teoria. É ela que te prepara para se aproximar dos alunos. É através da didática que você aprende os modelos pedagógicos famosos.Tenho aula das 14h às 17h40. Até o momento não tive provas, apenas trabalhos e seminários. O que mais pesa são as leituras obrigatórias. São muitos textos! Mas dá tempo de estagiar, sim. Aliás, temos as manhãs livres justamente para isso.

Beatriz Pinheiro, 19 anos, cursa o 1º ano de Pedagogia na USP

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No primeiro semestre, tenho psicologia, política, economia, história da educação e metodologia da matéria. Fiquei até assustada com essa última, mas, basicamente, aprendemos administrar aulas para turmas até o Fundamental I. Então, são contas básicas. No segundo semestre, tenho didática, metodologia de português, história, artes e educação física. O mais legal é que aprendemos o modo certo de ensinar as coisas para as crianças. Eu sempre gostei muito de cuidar de crianças e de ensinar coisas para ela; e minha mãe, minha primas, são todas pedagogas. Tem gente que acha que é simples chegar e ensinar. Mas é muito mais do que isso! É ter amor pelo que você faz.

Mariana Mercuri, 19 anos, cursa o 2º ano de Pedagogia na Unesp de Rio Claro

A principal diferença é que, no terceiro ano, rola uma maior aproximação com as escolas e os alunos. Você consegue colocar em prática tudo o que aprendeu estagiando como professora auxiliar ou professora estagiária. É a partir do terceiro ano que devemos fazer os estágios obrigatórios no Ensino Fundamental, na Educação Infantil e em Gestão. Minha matéria favorita é Orientação Sexual. Além de discutir de que forma devemos abordar esse assunto com cada faixa etária, aprendemos questões como a história da sexualidade, desde a antiguidade até os dias de hoje.

Tamires Fernandes, 20 anos, cursa o 3º de Pedagogia na Unesp de Rio Claro

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A partir do terceiro semestre, não temos aula uma vez por semana, justamente para cumprir os estágios obrigatórios. O curso é muito aberto e maleável, com várias opções interessantes, do tipo: “chutar” uma disciplina quando ela não estiver te satisfazendo no momento ou for no mesmo horário de um curso ou de uma matéria optativa que você quer muito fazer.O TCC também é optativo. Geralmente, quem faz é quem quer ir para a área acadêmica. Se formando em pedagogia, você pode, além de dar aula para turmas até o 5º ano do Ensino Fundamental, trabalhar na áera política, ser educadora em museus e em centros culturais, trabalhar nas secretarias de educação, ser coordenadora e diretora. Acho legal lembrar que vai além de uma sala de aula.

Júlia Ellert Salomão, 21 anos, cursa o 4º ano de Pedagogia na USP

Sou professora do 4º e do 5º ano do Ensino Fundamental I. Dou aula para crianças de 9, 10 anos e adoro trabalhar com essa faixa etária! É uma fase onde as crianças já defendem fortemente suas opiniões. Apesar de muitos acharem que não, os mais crescidinhos são muito doces. Eles abraçam, beijam, mandam cartinhas… Atualmente, o grande desafio da educação é atrair a atenção das crianças dentro da sala de aula, sendo que, fora dela, os meninos e as meninas têm o mundo inteiro na mão. A internet cumpre a função de informá-los, mas cabe a nós, professores, educá-los para que venham a ser cidadãos críticos, generosos e respeitosos. Acredito que a melhor coisa em ser professor é ver seus alunos preparados, conscientes, capazes de escolher o próprio caminho e lidar com o que aparecer nele.

Flávia Nunes, 22 anos, formada em pedagogia pela USP

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Alguém aí pensa em cursar Pedagogia na faculdade?

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