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Quem é Javier Milei, o novo inimigo dos Swifties e do ARMY do BTS

Sim, toda essa galera jovem está unida para derrubar um candidato de extrema-direita nas eleições na Argentina, que acontecem no próximo domingo.

Por Maki de Mingo, para a Capricho Atualizado em 29 out 2024, 18h08 - Publicado em 14 nov 2023, 06h00

Ah, o poder de um fandom. Você já deve estar careca de saber que quando um grupo de fãs se reúne em torno de uma causa, muita coisa acontece. É o caso das armys, como são chamadas os fãs de BTS, com movimentos como o Black Lives Matter, e das swifties, os fãs de Taylor Swfit, com as eleições presidenciais norte-americanas. 

A influência do grupo sul-coreano e da cantora americana têm se mostrado tão gigantesca que nós também já sabemos que quando eles se mobilizam, é por um bom motivo. O mais recente? Evitar a eleição de Javier Milei na Argentina

Afinal, quem é Javier Milei? 

Javier Milei é um economista e político argentino, líder do partido La Libertad Avanza. Aos 53 anos, ele é considerado uma personalidade relativamente nova, e venceu surpreendentemente as eleições primárias no país com 30% dos votos – agora, é um forte candidato para assumir a presidência da Argentina no segundo turno, que acontece no próximo domingo, 19 de novembro. 

Javier se considera um “anarcocapitalista” – ou seja, um adepto dessa filosofia que defende a soberania do indivíduo por meio da propriedade privada e do livre mercado. Basicamente, o anarcocapitalismo diz que “a pessoa física” está acima de tudo e todos, inclusive do Estado, que deve ser eliminado. 

Já deu para perceber porque ele é polêmico, né? Mais do que isso, Javier já deu uma série de declarações controversas, dizendo que pretende fechar o Banco Central argentino se for eleito, legalizar a venda de órgãos humanos (sim, é isso mesmo), criminalizar o aborto no país e acabar com a obrigatoriedade da educação básica. 

Com um viés negacionista, Javier disse também que não acredita no aquecimento global e dissemina informações errôneas sobre a atual situação do país. Por exemplo, ele afirma que, hoje, a Argentina tem um índice de desemprego pior do que o de 2001, quando esse índice era três vezes maior que o atual. 

O escritor Mario Vargas Llosa e 8 ex-presidentes latino-americanos declaram apoio a Milei nesta semana. Em carta, signatários afirmam que candidato ultraliberal crê nos ideais de liberdade e “tem um diagnóstico muito correto sobre o problema da economia do país”.

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O Trump argentino? 

O candidato presidencial republicano, ex-presidente Donald Trump, faz comentários durante um evento de campanha em 11 de novembro de 2023 em Claremont, New Hampshire.
O candidato presidencial republicano, ex-presidente Donald Trump, faz comentários durante um evento de campanha em 11 de novembro de 2023 em Claremont, New Hampshire, nos EUA. Scott Eisen/Getty Images

As comparações entre Trump e Javier têm sido bastante comum por um motivo. Assim como o polêmico ex-presidente norte-americano (e que concorre novamente às eleições dos Estados Unidos no ano que vem), Javier é considerado um político de extrema-direita. 

Não só isso, mas apesar da extensa carreira acadêmica (ele se formou em economia pela Universidade de Belgrado e fez dois mestrados na área), também ganhou reconhecimento por seu trabalho como comentarista em programas de YouTube e rádio, que lhe renderam, mais tarde, aparições em programas de TV do horário nobre argentino. 

Não curiosamente, Javier têm opiniões bastante polêmicas a respeito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que diz ter “vocações totalitárias”) e sobre a China – ele afirma que não pode ter “relações com comunistas”. Por outro lado, é solidário a Jair Bolsonaro, ex-presidente brasileiro, dizendo que ele “travou uma luta digna contra o socialismo”. 

Swifties e ARMYs, uni-vos! 

Taylor Swift em show realizado em Buenos Aires, na Argentina, em 9 de novembro.
Taylor Swift em show realizado em Buenos Aires, na Argentina, em 9 de novembro. Marcelo Endelli/TAS23/Getty Images for TAS Rights Management/Getty Images

Entram aí os fãs. Diante da possibilidade de um político tão controverso assumir as rédeas de um país em dificuldade econômica e social há muitos anos, os fãs de Taylor criaram um grupo chamado Swifties Against La Libertad Avanza para se opor à eleição de Javier. Um grupo de 10 fãs, segundo o The New York Times, liberou um comunicado pela rede social X (antigo Twitter) pedindo que outros fãs da cantora – que se apresenta na Argentina esta semana – não votem no candidato nas eleições. 

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“Nós não podemos não lutar depois de ouvir e ver a Taylor fazer de tudo para que a direita não ganhasse no seu próprio país”, disse o comunicado. “Como a Taylor diz: nós temos que estar do lado certo da história.”

Nós não podemos não lutar depois de ouvir e ver a Taylor fazer de tudo para que a direita não ganhasse no seu próprio país

Comunicado do fandom de Taylor Swift

O comunicado recebeu mais de um milhão e meio de visualizações por lá e, desde a publicação, a conta foi suspensa e recriada com outro arroba para continuar protestando contra o político. 

Já as armys publicaram um comunicado oficial por meio da conta do maior fã-clube do país, o BTStream Argentina, repudiando uma série de tuítes da vice de Javier, Victoria Villarruel, dizendo que a sigla do grupo sul-coreano “parece uma doença sexualmente transmissível”. O fã-clube ainda pedia que os fãs não interagissem com o conteúdo publicado por Victoria, mas que apenas o denunciassem na plataforma. 

Resta saber, agora, o efeito dessas mobilizações jovens nas urnas argentinas. Mas não é novidade o impacto que esses grupos já possuem na política dos seus países. 

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