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Número de pardos supera o de brancos pela 1ª vez no Brasil, mostra IBGE

Dados do Censo Demográfico 2022, do IBGE, mostra que pela primeira vez, desde 1991, há mais pessoas se reconhecendo como pardas

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 23 dez 2023, 17h22 - Publicado em 23 dez 2023, 17h22

O número de pessoas que se identificam como pardas superou a categoria de brancos pela primeira vez, segundo dados do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (22).

O levantamento mostrou que essa é a primeira vez que isso acontece, desde 1991, quando se dá o início da série histórica que o instituto passou a utilizar as cinco categorias de auto-declaração (amarelos, brancos, indígenas, pardos e pretos).

Ao todo, 92,1 milhões de brasileiros (ou 45,3% da população) se declararam pardas. Seguido por 88,2 milhões pessoas que se declararam como brancas (43,5%), 20,6 como pretas (10,2%), 1,6 milhão como indígenas (0,6%) e 850,1 mil como amarelas. Ao somarmos pretos e pardos, 55,5%.

“Desde o Censo Demográfico de 1991, percebe-se mudanças na distribuição percentual por cor ou raça da população, com o aumento de declaração por cor ou raça parda, preta e indígena, decréscimo para a população branca”, disse, em nota divulgada à imprensa, Leonardo Athias, analista do IBGE.

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A coleta de dados é feita por autodeclaração: ou seja, é uma percepção que a pessoa tem dela mesma.

O que explica essa mudança?

Para o analista do IBGE, são vários os motivos que explicam as mudanças nos percentuais das categorias de cor ou raça: “São vários fatores que explicam essas variações. Podem ser demográficos, de migração, de identificação, de condições de vida, de serviços, entre outras”.

O levantamento do IBGE também mostrou que, entre 2010 e 2022, por grupos de idade, tanto a população preta, quanto a parda tiveram um crescimento entre as pessoas de todos os recortes. 

Gráfico
Gráfico do IBGE mostra a predominância de pardos no Brasil IBGE/Divulgação

Além disso, o predomínio da população parda está até os 44 anos de idade; a partir dos 45 anos, a população branca mostra o maior percentual, segundo dados do Censo do IBGE.

O levantamento também mostrou recortes por região do país. Enquanto 72,6% da população branca chega a 72,6% no Sul. A de pardos é predominante no Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste. No Norte, a proporção é de 67,2%.

A coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes, concorda com a avaliação de que há muitos critérios que explicam o crescimento da porcentagem entre pardos: “Os critérios do pertencimento étnico-racial acionados pela população variam de acordo com o contexto social e de relações interraciais, e de acordo com a forma como as pessoas se percebem”, disse a especialista, em nota divulgada à imprensa.

 

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