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Brasil pode ser ‘inabitável’? Entenda o estudo da Nasa que viralizou

Algumas regiões do planeta serão tão quentes, que podem ser difíceis (e até impossíveis) de viver. Mas, calma, a gente te explica.

Por Andréa Martinelli Atualizado em 25 jul 2024, 12h20 - Publicado em 25 jul 2024, 12h00
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im, você, leitor e leitora de CAPRICHO que mora aqui no Brasil está sentindo mais calor do que o normal. E a culpa disso é dos efeitos das mudanças climáticas que estamos vivendo e, ao que tudo indica, este cenário pode ficar ainda pior.

Isso porque, nesta semana, se popularizou entre os sites noticiosos e jornais brasileiros um estudo da Nasa sobre o tema. O texto, que é lá de 2020, destaca que algumas regiões do planeta podem se difíceis de viver até 2070 devido ao aumento das temperaturas. Ou seja, em 50 anos, algumas regiões que conhecemos aqui podem não serem saudáveis para seres humanos.

As regiões mais vulneráveis, segundo o estudo, são: Sul da Ásia, Golfo Pérsico e Mar Vermelho por volta de 2050; e Leste da China, partes do Sudeste Asiático e Brasil até 2070.

Alerta importante: mas, calma, o estudo não cita regiões específicas do Brasil ou fala sobre, realmente, áreas sumirem ou ficarem, realmente, inabitáveis. O que acontece é que algumas regiões citadas pelos pesquisadores ficarão tão quentes, mas tão quentes, que ficarão difíceis para a sobrevivência humana. 

O artigo “Quente demais para lidar: Como as mudanças climáticas podem tornar alguns lugares quentes demais para se viver”, foi escrito pelo pesquisador Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa; desde 2010 estudos sobre o aumento de temperatura são feitos pela instituição, assim como outros laboratórios e acadêmicos.

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O que, de fato, a pesquisa descobriu analisando os dados entre 1979 e 2017 é que a Terra já passou por eventos climáticos em que chegou a esse limite de temperatura e que os eventos extremos, com essa temperatura entre 30°C e 31°C, vêm aumentando ao longo do tempo.

Segundo um outro artigo de Raymond, publicado lá em 2022 que dá continuidade a esses estudos em série, a Nasa mapeou em quais regiões do planeta as mudanças climáticas terão maior impacto, ressaltando como elas “podem tornar alguns lugares quentes demais para se viver”, como diz o título. O texto, em inglês, está disponível aqui.

Ele analisa que “os modelos climáticos [que vivemos atualmente] nos dizem que certas regiões provavelmente excederão essas temperaturas [35ºC] nos próximos 30 a 50 anos”. Entre elas, ele cita o Brasil, mas não diz exatamente quais regiões do país podem sofrer neste cenário.

Segundo o pesquisador, os 35º C citados se referem à temperatura do chamado “bulbo úmido”, usada como padrão para medir o calor e a umidade dos lugares —especialmente em pesquisas climáticas globais de longo prazo como essa.

De acordo com Raymond, essa é a temperatura mais alta que os humanos podem sobreviver quando expostos por pelo menos seis horas.

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E, somados a este cenário, sabemos que 2023 foi o ano mais quente desde o período pré-industrial, ou seja, desde os anos 1950. Os dados, divulgados pelo Copernicus, confirmam números preocupantes. Olha só:

No ano passado, a temperatura média da atmosfera terrestre chegou a 14,98 °C, ou seja, 0,17 °C acima do recorde anterior, de 2016, e 0,60 °C acima da média do período de 1991 a 2020. O ano passado foi 1,48 °C mais quente do que a média do período de 1850-1900.

O Brasil não é exceção nesse quadro de extremos climáticos. O ano passado foi também o mais quente desde 1961, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) iniciou esse tipo de registro no país. A média das temperaturas de 2023 foi de 24,92 °C, 0,03 °C acima do recorde anterior, de 2015, e 0,69 °C superior à média do período de 1991 a 2020.

Mas, CAPRICHO, como lidar com o (aparente) colapso da humanidade? 

Entra aí a pergunta de um milhão de reais. Como se manter são e saudável diante de um cenário global preocupante? A resposta, infelizmente, não é simples, mas começa com um passo essencial: estabelecendo limites. Vamos entender melhor o que isso significa a seguir. 

1. Perceba como essas notícias afetam você

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Para saber como lidar com algo é importante, primeiro, entender o que esse “algo” está causando em você. Comece a notar como você se sente depois de passar algum tempo nas redes sociais, vendo notícias ou relatos de pessoas que viveram experiências traumáticas recentemente. 

A população brasileira é uma das mais ansiosas do mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, e nos acostumamos tanto com a sensação de ansiedade e medo que pode ser difícil perceber que já estamos ansiosos e emocionalmente abalados antes mesmo de abrir o aplicativo do TikTok no celular. 

Ou seja, tire um momento para perceber como você está se sentindo e os sinais que o seu corpo está dando – coração acelerado, por exemplo, é um claro sinal de ansiedade ou estresse. E mais, tente dar um nome ao sentimento, essa é uma forma de compreender o que está acontecendo naquele momento. 

2. Reveja a sua relação com as redes 

Se você perceber que, mais de uma vez, se sente ansioso ou desestabilizado depois de um tempo no celular, é hora de dar um passo para trás. As redes não são, por si só, as vilãs da nossa saúde mental – como seres conscientes, temos o poder de mudar a maneira como nos relacionamos com essas ferramentas e de escolher o que consumir ali. 

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Quer você precise de um detox digital completo, de algumas horas longe ou fazer uma limpa no seu feed e priorizar veículos de confiança e contas que te façam sentir bem, o ideal é colocar um pouco mais de consciência na maneira como você interage com esses meios. No mais, vale a pena também evitar contato com notícias antes de dormir – isso pode gerar um pico de estresse e interferir com o seu sono. 

“Não se trata apenas de buscar notícias positivas, mas de escolher informações que nos permitam uma compreensão abrangente do mundo, mesmo que desafiadora ou desconfortável. Este processo consciente de seleção e consumo de informações nos capacita a entender melhor os eventos globais sem sermos sobrecarregados por eles”, diz Danilo. 

3. Engage com consciência

Se você quer se manter informado, é possível fazê-lo evitando gatilhos como imagens muito gráficas ou perturbadoras (pense em imagens de guerra, por exemplo). Extensões do Chrome como o Blurry podem embaçar imagens potencialmente incômodas quando você faz pesquisas sobre determinada notícia na internet, e outras extensões, como o Smart Mute, mutam vídeos automaticamente, tornando-os menos estimulantes, caso você ainda escolha ver as imagens. 

“Enfatizamos a importância do poder de escolha e da responsabilidade individual nas reações às notícias. Na minha visão, as pessoas são livres para escolher e essas escolhas definem sua essência. Aplicado ao contexto atual, isso sugere que, ao invés de sermos consumidores passivos de notícias, podemos exercer nossa liberdade para selecionar conscientemente o que consumimos”, complementa Danilo.

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4. Concentre-se no básico

Quando a gente fala em autocuidado, não é preciso muito para fazer com que você se sinta melhor. Você pode se concentrar nas perguntas abaixo, por exemplo: 

  • Eu tomei água hoje? 
  • Eu comi direito em, pelo menos, uma das minhas refeições? 
  • Eu dormi bem? 

A partir disso, você consegue ter uma ideia quais necessidades o seu corpo físico está apresentando e pensar a solução mais simples de atendê-las. Se você não bebeu água, tome um copo. Se não comeu direito, que tal tirar um tempo para comer um prato completo? Se não dormiu bem, veja se há a possibilidade de tirar um cochilo durante a tarde ou dormir um pouco mais cedo. 

Prestar atenção na sua respiração e até no nível de tensão do corpo (quem nunca percebeu que estava com os ombros super tensos durante o dia?) também pode ajudar. 

5. Encontre a sua galera

Nada melhor do que conversar com os seus amigos nos momentos de necessidade. Busque pessoas próximas para conversar sobre o que você tem sentido, desabafar ou só se distrair e se divertir mesmo – tá tudo bem relaxar mesmo quando o mundo parece todo de cabeça para baixo. 

Contar com os seus amigos e ter por perto pessoas que se importam com as mesmas coisas que você oferece conforto – e, às vezes, tudo o que a gente precisa para se sentir melhor é ter alguém que vai ouvir quando a gente precisa desabafar. Falando nisso… 

6. Busque ajuda, se achar necessário 

“Quando as notícias impactam severamente a saúde mental e o bem-estar, é crucial buscar apoio profissional. A psicologia oferece uma gama de abordagens terapêuticas adequadas a diferentes necessidades individuais”, continua o também professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

“O importante é reconhecer quando a exposição a determinadas notícias está afetando negativamente a saúde mental e procurar ajuda. Escolher conscientemente se desconectar periodicamente e engajar-se em atividades que promovam o relaxamento e o bem-estar também é parte crucial deste processo.”

E vale o lembrete: existem centros espalhados pelas grandes capitais que oferecem atendimento psicológico gratuito (inclusive online). Se houver abertura, converse com os seus pais sobre o assunto também e explique que você tem sentido a necessidade de conversar com um profissional. A gente garante que vale a pena.  

 

 

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