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Direitos das meninas e mulheres precisam ser garantidos por e para nós

Muita coisa acontece quando uma jovem amazônida reporta os acontecimentos da maior conferência pela igualdade de gênero da ONU.

Por Clara Capiberibe, estudante de ciências ambientais e líder Girl UP Brasil Atualizado em 20 mar 2024, 16h16 - Publicado em 14 mar 2024, 16h23
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o próximo destino da Girl Up Brasil + CAPRICHO é… Nova York. Neste mês de março, vamos acompanhar pela segundo ano, a Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW), o maior encontro anual da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre igualdade de gênero e estaremos lá para te mostrar os bastidores e informações exclusivas.

Eu, Clara Capiberibe – 24 anos, jovem amazônida e estudante de ciências ambientais – vou escrever direto de lá para a CAPRICHO até o dia 22. A CSW é “só” o evento mundial mais relevante sobre o tema, viu? As decisões tomadas ali podem impactar o nosso futuro em um mundo que ainda precisa ser muito melhor para nós. 

Ah, e eu convido vocês a visitarem a cobertura que fizemos no ano passado por aqui (você pode acessar os conteúdos neste link). Naquela época, ressaltamos o fato de que jovens mulheres e meninas terem pouco espaço de fala dentro do espaço da ONU. Vamos ver se em 1 ano as coisas mudaram por aqui. 

E eu, uma jovem “guerapezinha da Amazônia” vou compartilhar com vocês como será este longo trajeto até o evento, como é estar presente neste espaço, contando quais foram as minhas percepções como jovem de um estado periférico adentrando na conferência da ONU, que busca promover o direito de meninas e mulheres no mundo inteiro. 

Vocês acreditam? Esta é a minha primeira viagem internacional. Eu moro no extremo norte do país, um estado da ilha chamado Amapá. Por aqui, as passagens são extremamente caras e pouco acessíveis. Fora que neste momento estamos vivendo o inverno amazônico, onde ficamos por 8 meses do ano com fortes chuvas.

É muito importante saber que esta conferência existe! Pois assim damos luz e importância às temáticas que envolvem as questões de gênero, fazendo com que deixem de ser colocadas de lado e criando uma nova cultura social que veja com seriedade e urgência a ampliação e efetivação dos direitos femininos.

Com a intensificação da crise climática, percebemos que as mudanças das duas estações – sim, por aqui temos só duas – estão cada vez mais intensas. Ao sair de Macapá para Belém – o meu primeiro trajeto da viagem – o avião não conseguiu pousar devido às fortes chuvas e raios na hora do voo. Precisei voltar para minha cidade, esperar o clima melhorar para poder seguir viagem. 

Pois é. Crise climática também atrapalha a mobilidade das pessoas, viu? Em seguida, eu fui de Belém para São Paulo e, de lá, segui para Montreal, no Canadá. Só depois, finalmente, cheguei em Nova York.

Cheguei aqui um dia antes da abertura do evento, então aproveitei para encontrar a minha amiga Diana (outra guerapezinha que conheci no evento da Girl Up em Brasília, lá em 2022) e caminhamos até a ONU para retirar nossa credencial e pegar nossos tickets para o primeiro dia de evento. Ufa. Deu tudo certo. 

Estou animada para compartilhar como serão esses dias de evento com vocês. Continuem com a gente. 

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Mas vamos lá: você sabe o que é a CSW?

A Comissão da ONU sobre a Situação da Mulheres (CSW67) é “só” o evento mais importante sobre direitos das meninas e mulheres e promoção da igualdade de gênero – tem gente até que chama ele de “COP de gênero”, pois é – e acontece anualmente na sede da ONU em Nova York. E isso rola desde 1946, um ano após a criação da própria entidade. A cada edição, duas temáticas principais são discutidas, sendo uma delas prioritária e outra secundária, que analisa se acordos de uma edição anterior específica estão em andamento.

Mas então, quem participa?

Imagina só: a CSW é formada por 45 países do mundo inteiro que negociam até chegar a um em consenso do que é preciso fazer a nível mundial para garantir a autonomia de meninas e mulheres. Após as discussões, é gerado um documento apelidado de “conclusões acordadas”, que irá nortear o avanço das ações globais nesse sentido.

Mas ué, CAPRICHO, só 45 membros? A ONU não tem 192 países membros? Sim, é isso mesmo e essa dúvida faz muito sentido. A gente explica: essas 45 vagas para membros são divididas por região e cada uma delas elege seus representantes, que tem participação garantida de quatro em quatro anos.

Além dos governos desses países, também estão presentes agências da ONU e algumas (muito seletas) organizações da sociedade civil que compõem o Conselho Econômico e Social da ONU (hoje, apenas quatro organizações brasileiras compõem o grupo). Algumas organizações da sociedade civil organizam um evento paralelo chamado de “CSW das ONGs” e é aberto ao público, fora do prédio oficial da ONU.

É muito importante saber que esta conferência existe! Pois assim damos luz e importância às temáticas que envolvem as questões de gênero, fazendo com que deixem de ser colocadas de lado e criando uma nova cultura social que veja com seriedade e urgência a ampliação e efetivação dos direitos femininos.

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