Como pessoas LGBT+ podem se sentir mais seguras em apps de relacionamento
Pessoas LGBTs estão mais vulneráveis a golpes e violências nas plataformas e em encontros em potencial - e é preciso prestar atenção às dicas.
morte brutal de Leonardo Rodrigues Nunes, chocou toda a nossa galera na última semana. O jovem de 24 anos foi encontrado morto na Zona Sul de São Paulo, após ir a um encontro romântico com um homem que conheceu por meio do aplicativo de relacionamento direcionado à população homoafetiva.
Segundo o pai de Leonardo, Aurélio Nunes, seu filho morreu porque era gay. “A gente está vivendo em um mundo de ódio. Mas é um ódio que é direcionado. Você não vê ódio contra héteros, você não vê ódio contra brancos ou contra ricos. Você vê ódio contra preto, pobre e contra gays”, afirmou ao G1. A investigação, até o momento, não classificou o caso como crime de homofobia.
Segundo o Atlas da Violência, divulgado nesta semana, em apenas ano, o Brasil registrou aumento de 39,4% nas violências registradas contra pessoas LGBTQ+. Em 2022, ano analisado pelo estudo, 8.028 pessoas foram vítimas de violência, contra 5.759 casos em 2021.
Pessoas homossexuais sofreram 5.826 destas agressões, enquanto bissexuais, 2.202. Mulheres transexuais (2.763) são as maiores vítimas, seguidas de homens trans (812) e travestis (595). Segundo o estudo, os números indicam o aumento das redes de atendimento, e também mostram o aumento da violência e da vulnerabilidade desta população.
No dia em que o crime ocorreu, antes de sair de casa, o jovem enviou sua localização aos amigos para que acompanhassem seu trajeto e pediu que, caso não retornasse até as 2h, eles acionassem a polícia. A prática de compartilhar o trajeto e avisar que está indo até um date com uma pessoa que conheceu em um aplicativo é comum e indicada como dica de segurança.
No caso de Leonardo e de muitos outros, só tomar alguns destes cuidados não foi suficiente. Em outros casos, apelidados de “golpes do amor”, os usuários são vítimas de extorsão, sequestros relâmpagos e até de roubos após marcar um date na plataforma. Com um perfil falso, o criminoso finge ser outra pessoa para enganar a vítima.
Além de avisar amigos, familiares ou conhecidos sobre o date, existem outras dicas que podem fazer com que você, leitor e leitora de CAPRICHO, se sinta mais seguro tanto ao usar o aplicativo ou durante o encontro com alguém que acabou de conhecer.
Desconfie. Será que o boy é real, mesmo?
Após o match em qualquer aplicativo de relacionamento, tente uma aproximação maior com quem você está conversando. Ao trocar os perfis de outras redes sociais como Instagram e Tiktok, se pergunte: será que essa pessoa é real, mesmo? Se é real, o que tem de estranho neste perfil que me incomoda na maneira como a pessoa se apresenta?
Fique atento ou atenta às fotos de perfil e aqui vai uma dica de ouro: desconfie de fotos com baixa resolução e bordas irregulares ou se o perfil tiver poucas postagens e poucos contatos.
Pelo Google Imagens, você pode “subir” a foto da pessoa ou enviar o link dela na internet. Pelo resultado você saberá se é uma foto de banco de imagens ou se é roubado de outro perfil.
Caso você tenha acesso ao nome completo da pessoa, procure no Google e em outras redes sociais também, para analisar sob outro ponto de vista: quantos amigos em comum existem? Ela publica fotos ou vídeos com frequência? Estas informações são super importantes para não cair em dates ruins ou eventuais ciladas.
Deixe o convite para ir até a casa da pessoa para depois
Esta dica deveria ser mandatória para todos que usam aplicativos de relacionamento: o primeiro encontro precisa ser em um local público. Assim que você se certificou de que a pessoa é real e não um robô ou criminoso, busque marcar um encontro em locais públicos e, de preferência, movimentados.
Outra opção é convidar o boy em potencial para outro rolê já marcado com amigos. E não é motivo de constrangimento você pedir ao boy para encontrar em um shopping ou local que você tenha fácil acesso para ir embora – o ideal é não depender da pessoa para voltar para casa, ok?
Sempre avise alguém de confiança sobre o date
Sabe o seu ou sua melhor amiga? Sempre tenha eles configurados como seus contatos de emergência e, mesmo se não estiver conversando com eles no dia, avise que está indo a um date. Avise com quem você vai, qual o local do encontro e combine um horário de retorno. Mantenha a conversa com essa pessoa durante o date, para sinalizar se realmente está tudo bem ou não.
Caso você precise de ajuda, não hesite em pedir para alguém ir até o local ou busque ajuda no próprio estabelecimento. Ah, e se a pessoa mudar o endereço do date de última hora, o ideal é dar um passo para trás e desmarcar o encontro.
Deixe claro o que te agrada ou não, e vá embora se quiser
Sabe o tal do consentimento? Ele vale para todos os gêneros e orientações sexuais: se o boy vier com intenções mais diretas que o normal ou apresentar algum comportamento que te cause estranheza ou algum tipo de desconforto, sinalize o seu limite. E, se for o caso, termine o date por ali e vá embora. Ninguém sai de casa para enfrentar este tipo de situação.
Fique atente a perguntas… esquisitas
Além de violência, estes encontros podem levar também a outros crimes como roubo de dados ou até fraudes financeiras. Por isso, é preciso prestar atenção às perguntas feitas para você desde o primeiro momento de interação no app. Evite compartilhar informações pessoais sobre você como: endereço, histórico familiar, local de trabalho e dados de cartão de crédito.
Caso você seja vítima de homofobia ou qualquer outro tipo de violência…
- Você pode fazer um boletim em qualquer delegacia física ou online;
- Deve ligar para a Polícia Militar no número 190 caso seja um flagrante;
- E, por telefone, ainda, pode ligar no Disque 100 ou no Disque Denúncia 181.
- Existem delegacias especializadas que você pode procurar. Em São Paulo, existe o DECRADI (Delegacia Especializada em Crimes Raciais e de Intolerância); você pode ver os canais especializados de outros estados aqui.
- E não se esqueça de denunciar, também, no aplicativo que você conheceu o agressor, ok?