Como é ser jovem, mulher e candidata a um cargo político em 2024
CAPRICHO perguntou a dez meninas de 18 a 24 anos, dos quatro cantos do país, o que motiva a busca por entrar para a política institucional.
k, a eleição para vereadores já foi finalizada em todo o país no último domingo (6), já que para este cargo não há a possibilidade de segundo turno, como o cargo de prefeito, por exemplo. Mas você já parou para olhar além e se perguntar: como é ser jovem, mulher e candidata a um cargo político, hein?
Muito se fala sobre a experiência dos candidatos a prefeito ou prefeita, mas pouco se fala sobre quem concorre para a vereança – um cargo super importante para as nossas cidades – ainda mais quando esse “quem” é uma mulher jovem.
Mallu Cortês, de 19 anos, mora no Rio de Janeiro e, em 2024, desistiu da ideia de se candidatar ao cargo, mesmo passando por um programa de aceleração de candidaturas jovens e femininas.
O mundo da política, muitas vezes, pode ser mais cruel do que se parece com quem tem mais propostas do que verba de campanha ou padrinhos políticos. A história de Mallu é só um exemplo de algo que é vivido por toda uma geração de meninas e mulheres que deseja entrar para este meio – e mudar os caminhos da política hegemônica que conhecemos.
“Nessas eleições eu decidi não me candidatar porque as eleições, na baixada fluminense, sistematicamente, são extremamente violentas”, pontua Mallu.
Em 2024, o número de mulheres eleitas para as câmaras municipais de vereadores no país cresceu, proporcionalmente ao total de vagas para o cargo. Segundo o TSE, crescemos 13% entre as eleições de 2020 e de 2024 nesta representação.
Há quatro anos, de 58.094 vagas de vereador, 9.371 (16,13%) foram preenchidas por mulheres. Agora, de 58.309 vagas, 10.603 (18,24%) foram ocupadas por elas. Mas estes números ainda não são satisfatórios.
Dados da Justiça Eleitoral, apontam que 81,8 milhões de eleitores brasileiros são do sexo feminino, representando 52,4% do total de cidadãos aptos a votar. Os homens, por sua vez, somam 74 milhões, 47,5% do total.
“Diariamente a gente vê casos de coação, que ameaçam e impedem que as candidaturas, sobretudo as mais jovens, com pouco recurso, circulem pela cidade. Não à toa que quando a gente vê o retrato da política do território, são sempre os velhos nomes da política, sem perspectiva de renovação”, afirma, com ar decepcionado, mas, ao mesmo tempo, consciente da realidade.
Além do papo com Mallu, CAPRICHO perguntou a outras nove mulheres jovens que desejam entrar para a política como foi a experiência de concorrer (ou não) em 2024 a um cargo tão importante para as nossas cidades. De modo geral, todas estão em maior ou menor grau, movidas pelo desejo de fazer uma política diferente daquela que conhecemos.
Diariamente a gente vê casos de coação, que ameaçam e impedem que as candidaturas, sobretudo as mais jovens, com pouco recurso, circulem pela cidade.
Mallu Cortez, que desistiu da candidatura em 2024
Elas têm entre 18 e 24 anos, são de todas as regiões do Brasil e pertencem a partidos políticos de vários espectros, ou seja, não são só de esquerda ou direita.
As entrevistas foram conduzidas por e-mail pela editora-chefe da CH, Andréa Martinelli e todas as personagens responderam as mesmas perguntas. Um trecho das conversas serão publicadas nas próximas semanas nas redes sociais da CH e, na íntegra, aqui no site.
Fique de olho para acompanhar as histórias destas jovens mulheres que, tentaram, mas este ano, não foram eleitas. Todas acreditam que acreditam você ainda vai votar nelas um dia.