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‘Arriscar é um luxo’, diz primeiro brasileiro negro a se formar em Harvard

Arthur, de 26 anos, aconselha a nossa galera a não ter medo de dar o primeiro passo e aproveitar as oportunidades

Por Juliana Morales Atualizado em 29 out 2024, 18h08 - Publicado em 11 nov 2023, 11h40

Após o Domingão com o Huck, do último domingo (5), Arthur Abrantes, 26 anos, viu seu nome virar tópico nas redes sociais e o número de seguidores explodir por conta da sua participação no quadro “Quem quer ser um milionário”. Natural de Paracatú, no interior de Minas Gerais, o jovem foi o primeiro brasileiro negro a se formar na graduação de Harvard.

Na participação do programa da Globo, o mineiro chegou na pergunta mais difícil, valendo 1 milhão de reais. Apesar de não ter certeza da resposta, decidiu arriscar pelo prêmio máximo. Não acertou e saiu do programa com 300 mil reais. “Às vezes, eu levo prejuízo, mas tenho pouca aversão a risco”, conta durante entrevista à CAPRICHO.

Para ele, a possibilidade de arriscar, inclusive, é um luxo que a sua realidade o permite. “Não podemos falar para um cara que tem quatro filhos e ganha um salário mínimo para tomar um risco e sair do trabalho, por exemplo. É complicado”, explica. Quem pode tem que ir com tudo – é assim que ele pensa no jogo e na vida.

Tentar alguma coisa difícil não significa que você vai conseguir chegar no seu objetivo. Mas significa que você vai sair do lugar que você está. E pode acontecer coisas que você nem imaginava.

Do Brasil para Harvard

A ideia de estudar fora surgiu para Arthur quando ele estava no primeiro ano do Ensino Médio, após conhecer a história da Tabata Amaral. A deputada federal foi criada na periferia de São Paulo, passou por Harvard e hoje está no Congresso Nacional. “Até então, a possibilidade de estudar com tudo pago em uma universidade nos Estados Unidos parecia algo surreal e distante. Era mágico me imaginar conhecendo outros lugares e culturas, coisa de filme, sabe?”, relembra.

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Curioso, o jovem – que fez toda a educação básica em escola pública –  foi procurar saber como funcionava o processo para conseguir uma vaga em uma universidade estrangeira também. “É muito diferente do processo Brasileiro, além da questão do inglês, eles pedem boas notas na escola e atividades extracurriculares”, diz Arthur. Durante todo o ensino médio, ele, então, tratou de se preparar nesse sentido.

Para chegar ao seu objetivo, ele também agarrou a oportunidade oferecida pela Fundação Estudar, uma organização sem fins lucrativos brasileira de incentivo à educação, de fazer parte do Prep Program curso preparatório gratuito para brasileiros que querem prestar o processo seletivo americano. “Eles oferecem mentorias com pessoas que já estudaram fora e conhecem bem o processo. Elas ajudam nas redações e em todas as etapas da candidatura, além de uma ajuda financeira, já que não é barato realizar as provas e tem todo o custo de transporte também”, conta. Depois de passar, para se manter na graduação em Harvard, ele contou ainda com uma bolsa do programa Líderes Estudar, outra iniciativa para ajudar estudantes brasileiros.

Sair da bolha e conhecer o mundo

Depois de um longo caminho, Arthur se formou em Ciências da Computação em Harvard em 2022 e hoje trabalha em uma startup em Los Angeles. Quando questionado sobre como foi estudar em uma das melhores universidades do mundo, eles destaca as pessoas que ele conheceu lá. Gente de todos lugares do mundo, com religiões, culturas e línguas diferentes. “Conheci muita gente excepcional e história de vida muito legais. É um privilégio e manter esses contatos para a vida toda”, diz.

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Esse contato com a galera, segundo Arthur, também o fez abrir a mente para muitas coisas e quebrar esteriótipos. “Quando você está só em casa, vendo o mundo pela televisão ou pela internet, você tem um julgamento completamente diferente de quando você conversa com as pessoas que vem de realidades diferentes da sua”, afirma. “Na época, via muita coisa de Oriente Médio, guerras e refugiados. Uma coisa é quando você vê isso na televisão, outra é conversar com uma pessoa que teve que fugir da guerra. Conversar direto com a fonte e ver perspectivas diferentes é muito enriquecedor”, completa.

E foi assim, conversando com tanta gente diferente, que Arthur percebeu que pessoas têm muito mais coisas em comum do que elas imaginam. “No final das contas, todo mundo só quer ser feliz e alcançar seus sonhos”, diz. Agora, já formado, Arthur usa suas redes sociais para dar dicas a jovens, que assim como ele no passado, sonham em estudar fora e ter essa experiência transformadora.

“Para começar, é preciso dar o primeiro passo e trabalhar duro. Aos poucos os caminhos vão se revelando e te mostrando o que você deve fazer em seguida”, aconselha.

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