Sociedade

A problemática de perfis no TikTok que exploram miséria na Cracolândia

Perfis no TikTok debocham de pessoas em situação de vulnerabilidade na Cracolândia para conseguirem dinheiro e visibilidade

Por Da Redação Atualizado em 29 out 2024, 18h43 - Publicado em 15 Maio 2023, 12h08

Imagem de mulher andando na rua — Perfis em redes sociais exploram miséria e vulnerabilidade de pessoas da Cracolândia Rovena Rosa/ Agência Brasil/Reprodução

Localizada no bairro da Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, a Cracolândia é conhecida, entre tantas coisas, como uma região em que pessoas se unem para usar drogas. A infeliz novidade da vez é o surgimento de perfis no TikTok, que se colocam como um canal de confiança para mostrar o que ali se passa e cobrar ação de governantes, sendo que acabam, na realidade, disseminando fake news para ganhar dinheiro às custas da miséria e vulnerabilidade dessas pessoas.

Segundo informações do G1, o perfil com o nome de ‘Jasmine Carter’ estava realizando transmissões no TikTok sobre a Cracolândia em busca de engajamento e dinheiro. A pessoa por trás do perfil chegou a dizer que jogaria moedas pela janela caso angariasse 10 mil seguidores – a rede social tirou seu perfil do ar antes disso.

Um perfil que acompanhava a transmissão de Carter comentou que a pessoa por trás do perfil estava rindo dos usuários de drogas na cracolândia e, depois, comemorou a qualidade de views. “Saí com a sensação de ter visto um episódio muito triste de Black Mirror”.

Mas se engana quem acredita que esse é o único perfil que vem mostrando pessoas em situação de séria vulnerabilidade. Em uma busca rápida pela palavra ”cracolândia”, é possível encontrar dezenas de vídeo no TikTok. Recentemente, a rede social passou a remunerar criadores de conteúdo – não se sabe o valor exato que é repassado – mas muitos passaram a privilegiar a rede social em detrimento de outras por causa desse bônus.

Muitos moradores do centro de São Paulo têm relatado aumento de violência na região nos últimos anos. Só que isso tem acontecido por diversos motivos. Uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou, por exemplo, que a população de rua em SP chegou a 52 mil, um crescimento de 8,2% entre abril deste ano e novembro de 2022. O aumento do custo de alimentos e aluguel durante a pandemia de covid-19 estão entre as principais explicações.

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Além de ser considerado extremamente degradante utilizar de imagens de pessoas em situação de vulnerabilidade, essa prática pode ser considerada crime, viu?

Inclusive, o PL das Fake News, que está circulando (nós te explicamos tudo sobre isso aqui) poderá mudar, em um futuro próximo, a responsabilidade que as bigtechs têm sobre a publicação de conteúdos sobre terceiros.