A crise de saúde pública por trás do ‘morango do amor azul’ de Goiás
Sim, o maior acidente radiológico urbano do mundo aconteceu na cidade de Goiânia (GO), no Brasil, em 1987.
ue o “morango do amor” é um verdadeiro hit nas redes sociais, nós já sabemos. A receita do doce ganhou várias versões pelo país, mas uma delas chamou atenção.
No estado de Goiás, localizado no centro-oeste do país, uma doçaria criou o morango do amor na cor… azul super radioativo. Pode parecer apenas um morango do amor de cor diferente, mas, na verdade, ele revela uma história grave — e de saúde pública — por trás.
Sim, talvez você não saiba, mas o maior acidente radiológico urbano do mundo aconteceu na cidade de Goiânia (GO), no Brasil, em 1987. E, sim, foi maior acidente radioativo depois de Chernobil, viu?
O episódio que ainda ecoa na memória coletiva do país e marcou profundamente a relação da população com um elemento químico em especial, o Césio-137, que tem uma coloração azul, que brilha como o glitter.
Bora tentar surfar nessa moda do Morango do amor com esse print relembrando a tragédia do Césio 137 que ocorreu em Goiânia 1987.#MorangoDoAmor #morangodoódio #goias #goiania pic.twitter.com/bAkzKzSMeR
— Cortes de Política ⬛️🟨⬜️ (@cortesdpolitica) July 26, 2025
E, assim, chegamos ao “Morango do amor azul” de Goiás. No X (ex-Twitter), usuários entraram na trend e divulgaram o print de uma loja no estado que fez o morango do amor no tom azul. E bastaram poucos momentos para o doce trazer a tona a história do acidente radioativo.
Mas o que aconteceu em Goiânia, em 1987, CAPRICHO?
Para te contar essa história, vamos voltar um pouquinho no tempo: quando se fala em césio no Brasil, especialmente o césio-137, é impossível não lembrar do nome de um estado: Goiás.
Foi ali, mais precisamente em Goiânia, que catadores de materiais recicláveis encontraram um equipamento de radioterapia abandonado em uma clínica desativada no centro da cidade. Sem saber do risco, levaram a peça para desmontagem e acabaram rompendo a cápsula que continha cloreto de césio-137, uma substância que brilhava no escuro — algo que, visualmente, parecia inofensivo e até bonita, viu?
O pó radioativo foi manuseado, compartilhado e até passado na pele por dezenas de pessoas, o que resultou em um rastro de contaminação pela cidade.
Quatro pessoas morreram nas semanas seguintes, centenas foram contaminadas, e milhares passaram por exames. O acidente também gerou consequências ambientais e psicológicas profundas no estado e, por isso, é lembrado até hoje.
A herança (e o trauma) que existe até hoje
O episódio revelou falhas graves na gestão de resíduos radioativos no Brasil, mobilizou a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e colocou o país sob os holofotes internacionais quanto à segurança nuclear. Afinal, não era pra menos, né? Pessoas estavam sendo contaminadas, internadas com o mesmo sintoma e ninguém conseguia descobrir o que era.
Diversos terrenos foram isolados, casas demolidas e toneladas de resíduos foram enterradas em um depósito criado especialmente para esse fim, na região de Abadia de Goiás.
Até hoje, pessoas afetadas, direta ou indiretamente e que lutam por reparações e acompanhamento médico. O acidente virou tema de estudos, documentários, livros e é frequentemente citado em debates sobre responsabilidade estatal e riscos da tecnologia sem controle adequado.
Hoje, o nome “césio” em Goiás ainda carrega o peso da tragédia, mas também serve como alerta e referência sobre a importância da educação científica, controle de materiais perigosos e políticas públicas de prevenção.
O episódio também motivou mudanças em protocolos de descarte de equipamentos hospitalares e fortaleceu instituições voltadas à vigilância radiológica. No site do governo de Goiás, existe uma parte só dedicada à essa história, viu?
Para saber mais sobre Goiás e Césio-137
Quando o acidente completou 37 anos, o governo de Goiás publicou um e-book com dados e fotos históricas sobre o acontecimento, além de documentos importantes para entender o que aconteceu por lá. Você pode acessar aqui.
Além disso, o caso já e ainda é analisado em muitas reportagens. Uma delas, que vale a pena ler e assistir em vídeo, é da BBC News Brasil. A repórter Camilla Veras Mota é quem conta essa história em detalhes com direito até áudio dos médicos e protagonistas que desvendaram porque tanta gente estava passando mal na cidade à época. Assista aqui:
O documentário Césio 137 – O Pesadelo de Goiânia, disponível no YouTube do governo de Goiás, é outra referência para entender melhor o assunto. Ele foi ao ar em 1990, poucos anos após o acidente que virou manchete em todo o mundo e traz uma perspectiva crítica e contextualizada sobre o acidente. Assista abaixo:
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