Público acredita que SPFW teve mais estrutura, mas foi mais ‘elitista’
Pela primeira vez, evento foi realizado totalmente em shoppings da elite paulistana e foi aberto apenas para convidados.
São Paulo Fashion Week N57 aconteceu na última semana e reuniu diferentes marcas brasileiras com desfiles de tirar o fôlego. Mas uma discussão que ficou no ar durante os quatro dias de evento foi sobre, pela primeira vez, ele ter sido realizado em shoppings em regiões elitizadas da cidade, além de não ter sido aberto ao público, apenas para imprensa e convidados.
Esta edição foi bem diferente. Ao invés de instalações e ativações de marca e espaço de circulação do público, os convidados chegavam ao evento apenas para assistir aos desfiles.
“Eu acho que deveria ser aberto sim”, comentou Júlia Pereira Berto, 21 anos, aluna de moda do Senac de Marília, cidade do interior de São Paulo, sobre essa edição do São Paulo Fashion Week ser restrita a convidados e não ter mais ingressos à venda.
“Se fosse um local maior e de mais acesso para outras pessoas e não para a classe alta, seria legal as pessoas apreciarem um pouco da moda, porque a moda, ela é arte, ela é algo para ser apreciado”, completa. Esta foi a primeira vez dela no evento.
Questionamentos como este não ficaram apenas restritos à Julia. A mudança foi para melhor, em termos de estrutura, ou fez um aceno para que a moda nacional volte a se tornar mais inacessível?
A influenciadora Sarah Oliveira lembrou que o espaço do shopping permite que as pessoas conheçam outras marcas nos intervalos entre os desfiles e até sair ou ir para um rolê quando eles acabarem. Mas, por outro lado, ela comentou que “fechar as portas não é o melhor caminho” já que o SPFW é uma grande oportunidade de aproximar as pessoas deste universo.
Nos últimos anos, o SPFW foi realizado Komplexo Tempo, um galpão de eventos localizado no bairro da Mooca, bairro da Zona Leste de São Paulo. Lá, assim como na época em que acontecia na Bienal do Parque do Ibirapuera, havia espaços para o público e até loja com outras marcas nacionais.
Em 2024, o evento foi realizado nos shoppings Iguatemi São Paulo e JK Iguatemi – conhecidos por não só terem lojas de alta costura e marcas de luxo, mas também por estarem em regiões elitizadas da cidade. Menor que as últimas edições, o evento não contou com instalações ou ativações de marca, por exemplo; os frequentadores iam apenas assistir aos desfiles.
Em compensação, algumas marcas optaram por realizar os desfiles em locações externas que permitiram maior conexão com a cidade. João Pimenta teve a coleção desfilada no histórico Edifício Martinelli, Amapô Jeans foi no Love Cabaret e Az Marias no Teatro Oficina. Ainda assim, o evento continuou apenas para convidados.
O evento ficou menor e não comporta mais a mesma quantidade de gente, além de não ter o espaço fora da sala de desfile. “Não tem essa troca, perdemos o espaço de conversar com o outro e fazer um networking, fica tudo muito corrido”, conta Júnior Caminni, aluno do Projeto Cria Costura que desfilou na quarta-feira (10).
Parte das pessoas ouvidas pela reportagem da CAPRICHO acredita que também há vantagens: o fato de o evento ser em um shopping ajudou muito com as opções de restaurantes para lanchar e até jantar, já que as salas de desfile ficavam no mesmo andar da praça de alimentação. Além do ar condicionado e banheiros, a infraestrutura do local agradou de forma gera.
Mas, quando falamos de moda nacional, trazemos todo o Brasil junto. Mais que uma inspiração para uma coleção ou desfile, as diferenças devem sempre estar presentes no público que assiste e compartilha dessa cultura e conhecimento.
E você, o que achou do SPFW N57 ter sido realizado em um shopping? Conte para a CH nas redes sociais.