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Ponto Firme traz magia do seu crochê com paetês para desfile no SPFW

O estilista Gustavo Silvestre celebra sua moda artesanal e de transformação social em passarela no Museu do Ipiranga

Por Sofia Duarte Atualizado em 15 out 2024, 17h12 - Publicado em 15 out 2024, 17h11
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ustavo Silvestre, estilista da marca Ponto Firme, trouxe seu ‘tecido de crochê’ exclusivo de uma forma ainda mais inovadora para a passarela do primeiro dia do São Paulo Fashion Week N58. Com 40 looks apresentados em uma passarela montada no Museu do Ipiranga nesta segunda-feira (14), a etiqueta celebrou seus 9 anos de pesquisa que resultou em um trabalho autoral, artesanal e inédito com paetês sustentáveis inseridos ao longo da trama.

“Essa coleção é o apanhado do que a gente pesquisou do crochê até aqui. Começamos a criar esse novo tecido que é esse crochê em que na própria trama inserimos o paetê e, a partir daí, estamos explorando esse crochê, esses novos tecidos”, afirma Gustavo Silvestre em entrevista à CAPRICHO, que fundou a marca em 2015 para que o crochê funcionasse como agente de transformação da vida de detentos e egressos do sistema prisional brasileiro.

Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58
Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58 Felipe Rufino/Divulgação

Além de trabalhar os paetês, o designer e sua equipe inovaram ao trazer cristais nos últimos looks do desfile. “E essa coleção traz um momento muito especial em que a gente começa a olhar para esse crochê realmente como um tecido comum. Teve também muita pesquisa de novos paetês, os paetês sustentáveis são exclusivos da nossa marca e eles ganharam uma superprojeção dessa vez, são pintados a mão, recortados um a um, então a roupa é uma joia mesmo. E tem agora no final uma coisa que a gente começou a testar e ficou muito bonito o efeito que são os cristais colocados na própria trama do crochê, dando um novo peso e caimento”, completa.

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Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58
Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58 Felipe Rufino/Divulgação
Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58
Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58 Felipe Rufino/Divulgação

A escolha do jardim do Museu do Ipiranga para apresentar as peças também demonstra um posicionamento da marca em uma tentativa de democratizar o acesso à moda. “Ser num lugar aberto dá essa possibilidade de pessoas que não seriam convidadas para um desfile de moda poderem assistir e participar desse momento. E também é um cartão postal de São Paulo, eu tenho esse fascínio pela arquitetura da cidade, e tem ainda mais esse recorte histórico, de a gente mostrar um novo olhar descolonizado”, explica Silvestre.

Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58
Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58 Felipe Rufino/Divulgação

Ao final do desfile, o estilista surgiu ao lado de sua equipe de artesãos usando uma camiseta com a frase ‘Cópia mata a criação’, que, segundo ele, coloca em destaque a problemática do plágio feito por grandes empresas, atitude que desvaloriza o trabalho artesanal e as pessoas responsáveis por ele. “O nosso trabalho trata da valorização do artesanato, do artesão, e faz esse resgate. Somos uma marca autoral, pequena, exclusiva, então têm empresas que estão se apropriando dessa estética. Além de prejudicar a nossa marca colocando no mercado roupas que não têm o mesmo caimento, a mesma pesquisa de materiais, isso prejudica todo o grupo de artesão que trabalha comigo. Porque uma cliente que vê um vestido barato não vai pensar duas vezes, mas não sabe que, por trás, está prejudicando muita gente que depende desse projeto pra geração de renda e pra viver, e também prejudicando os artesãos que estão trabalhando pra elas [as empresas], porque não os valorizam, estão pagando muito pouco, e o artesanato e o artesanal não sai desse lugar de exploração e pode acabar morrendo. Eu achei legal pontuar agora no final com a minha camiseta, porque as pessoas precisam refletir sobre esse impacto.”

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Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58
Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58 Felipe Rufino/Divulgação

Já a beleza, assinada por Lavoisier, maquiador e expert de Eudora, foi pensada para complementar as roupas sem competir com elas. “O crochê, que é rico em texturas e detalhes, pedia uma maquiagem que trouxesse leveza e sofisticação. Por isso, optamos por uma pele ultra-hidratada, com um glow natural que parece vir de dentro, o que dialoga perfeitamente com o conceito de manualidade e autenticidade da coleção. Fizemos uma correção pontual, aplicando corretivo apenas onde necessário, para manter esse frescor”, detalha o profissional à CH.

Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58
Desfile da Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no SPFW N58 Felipe Rufino/Divulgação

Os olhos tiveram um tom de rosa claro, enquanto o batom nude com partículas de ouro trouxe um brilho sofisticado e sutil; as sobrancelhas bem definidas e a máscara de cílios garantiram profundidade ao olhar. Por fim, o cabelo chamou a atenção com aspecto molhado, que reforçou a ideia de um visual acessível, sofisticado e natural, e o metalizado conversou com a linguagem potente das roupas da Ponto Firme.

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