O que é a moda ‘quiet luxury’ e por que pode ser considerada elitista?
A tendência do momento, que dominou a série Succession, da HBO Max, tem como principal característica ser inacessível
Se você acompanha as discussões atuais do mundo da moda ou assistiu à série Succession, da HBO Max, provavelmente já ouviu falar do termo quiet luxury. Traduzindo para o português, significa ‘luxo silencioso‘ e remete a uma estética minimalista sem dispensar a etiqueta grifada. Mas por que essa tendência pode ser problemática e elitista? Vem entender tudo com a gente!
O que é quiet luxury?
A expressão significa ‘luxo silencioso’ e compreende um estilo que, embora contemple roupas de grifes renomadas, abraça o minimalismo. Ou seja, não há espaço para extravagância e para a logomania. Isso envolve roupas de tecidos nobres, como seda, lã e cashmere, cores sóbrias e discretas, como preto, cinza, bege e caramelo, e cortes ajustados e também escolhas curingas como camisa branca, trench coat, relógio com pulseira de couro, entre outros.
Como as peças que se encaixam nisso costumam ser mais versáteis e atemporais, fala-se muito sobre a relação entre essa tendência e sustentabilidade. Existe a teoria de que no quiet luxury as roupas não são descartáveis, uma vez que a alta qualidade e seu estilo clássico e elegante as tornam mais duráveis, aumentando seu ciclo de vida e, portanto, evitando desperdícios. Porém, isso é apenas uma hipótese; na prática, será que uma pessoa rica realmente vai consumir menos por aderir a esse comportamento?
Por que virou tendência e por que estamos falando sobre isso agora?
A série Succession, da HBO Max, que acompanha a família Roy, detentora de um dos maiores conglomerados de meios de comunicação e entretenimento do mundo, pode ter sido um dos agentes popularizadores do quiet luxury. Isso porque os personagens principais são milionários, mas não exibem exagero nas roupas, embora elas sejam todas de marcas renomadas, conforme registra o perfil Succession Fashion no Instagram.
Estudiosos ainda suspeitam que a ascensão do quiet luxury tenha sido influenciada pelo contexto histórico recente envolvendo pandemia de Covid-19, guerra e alta inflação, fenômenos que fizeram com que a população geral tivesse que economizar. Diante disso, pessoas pertencentes às classes mais altas da sociedade, apesar de não terem sido afetadas pelas crises, adotaram a tendência para evitar a ostentação de suas riquezas em um período financeiro tão delicado.
A problemática por trás
A discussão polêmica levantada a respeito do quiet luxury gira em torno do argumento de que essa é uma tendência elitista, já que, para aderi-la, você precisa ter artigos de luxo caríssimos, que são acessíveis a um pequeno e privilegiado grupo. Embora existam ‘dicas’ nas redes sociais de como copiar o estilo e o ‘ar de riqueza’ usando roupas minimalistas, no final das contas apenas pessoas milionárias conseguem entrar na moda do quiet luxury de verdade; a característica mais importante dessa estética é ser inacessível. A camiseta cinza do dono da Meta Platforms, Mark Zuckerberg, por exemplo, parece comum, mas é da marca de alta-costura italiana Brunello Cucinelli e custa mais de R$ 2 mil.
@isthatjenn Conheça o Verdadeiro Quiet Luxury na série Succession ✨ #Moda #TiktokFashion #Succession
Além disso, a valorização do quiet luxury pode ter como consequência a interpretação de que o exagero e o que não é considerado clássico ou elegante seja ‘feio’. E, assim, essa concepção pode marginalizar a moda que questiona padrões eurocêntricos e que não tem origem burguesa. Inclusive, esse assunto lembra a controversa da estética old money, que também ergue uma problemática a cerca da romantização da riqueza e da desigualdade social.
O quiet luxury veio para ficar?
Especialistas acreditam ainda ser cedo para afirmar se a alta do quiet luxury é passageira ou se esse movimento vai perdurar. Já estamos cansados de saber que a moda é cílica e que as tendências vêm e vão, então pode ser que o mesmo aconteça dessa vez. Resta continuar acompanhando o cenário da moda para descobrir!