Estilista brasileiro denuncia plágio de peça vendida a R$ 80 na Shopee
Vittor Sinistra disse a CAPRICHO que se 'sente um alvo fácil' de marcas como a Incerun Shop por ser independente.

pós uma rápida pesquisa na internet, o estilista Vittor Sinistra descobriu que foi vítima de plágio e teve uma criação copiada pela Incerun Shop, loja de roupas que vende seus produtos pela Shoppee. Na última segunda-feira (31), o designer compartilhou um vídeo em seu perfil no Instagram denunciando o caso e chamando atenção para o nome da loja.
Em entrevista à CAPRICHO, Vittor revelou que se sentiu vulnerável em meio à situação por ser um designer emergente e ter sua arte desvalorizada.
Ao mexer no Instagram, o estilista Vittor Sinistra viu, em um post da CAPRICHO, que a influenciadora e jornalista Foquinha estava vestindo uma de suas criações no Lollapalooza 2025.
“A Foquinha, em uma de suas produções, acabou usando essa peça, que é do meu primeiro desfile”, conta, referindo-se a uma blusa de sua coleção desfilada na Casa de Criadores, em 2022.

O que ele não esperava é que na mesma rede social, em um vídeo de entrevista com o público durante o festival, outra pessoa estaria com uma peça muito parecida.
“Não era exatamente igual, mas era muito inspirada, e eu pensei que pudesse ser algum estudante, designer ou costureiro. E quanto a isso, eu não vejo problema, se a pessoa fez ali para ela, para usar em um festival”, explica.
Na verdade, foi um amigo de Vittor Sinistra que decidiu investigar, através do Google Imagens, plataforma que busca fotos semelhantes na internet. “Descobri que a peça estava sendo vendida na Shopee e, inclusive, estava esgotada. A gente foi pesquisando, investigando e viu que tinham compras ainda de 2024. Essa peça eu fiz em 2022 e eu fiz uma só”, desabafa.
“Primeiro, a modelagem que a gente desenha, a seleção de materiais e até o tom, porque assim, não é um branco, é um off white com brilho metalizado. Então, quando você faz, você identifica na hora, né? Fora os contornos, que eles usaram os mesmos”, analisa, identificando os detalhes das peças. “Existe um conceito por trás, mas a textura era a mesma, até o rachado no coração no meio é igual”.
A marca em questão é a Incerun Shop, e Vittor conta que reconheceu peças muito parecidas com as de outros estilistas brasileiros, como Le Benites e Retropy.
“Lógico que eles fizeram uma versão mais simples, uma versão mais barata, né? Sabe-se lá quantos milhares de dinheiros fizeram com isso de uma peça que eu fiz num desfile. É uma coisa deliberada, sem nenhum tipo de pudor”, completa Vittor.

“Eu me senti extremamente vulnerável, um alvo fácil, entendeu?”, completa o designer, manifestando que o plágio atrapalha o seu trabalho e, consequentemente, a moda brasileira. Entre toda a dificuldade de criar um trabalho sendo uma marca emergente, sem muito dinheiro, o estilista conta que fica difícil competir com uma peça vendida por 80 reais.
Ele ainda revela que, ao apresentar sua peça como arte, não encontra proteções jurídicas suficientes e que, de qualquer jeito, não tem acesso a um time de advogados para encaminhar a acusação de plágio.
Na terça-feira (1), após a repercussão do vídeo do estilista nas redes sociais, o perfil oficial da Shopee no Instagram fez um comentário no post, alegando ter regras duras contra falsificações. “Vittor, essa situação nos preocupa bastante e queremos te ajudar”, dizia a publicação.

A CAPRICHO foi atrás do pronunciamento da plataforma e, até o momento da publicação da matéria, não recebeu um retorno.