Martins explora rebeldia do movimento punk com referências do fundo do mar
Estilista Tom Martins representa sereias e marinheiros com toque de Vivienne Westwood em desfile do SPFW N57
A coleção de primavera-verão 2024-2025 da Martins, apresentada no São Paulo Fashion Week N57 nesta sexta-feira (12), mistura identidades pessoais do estilista Tom Martins com referências da cultura pop, movimento que já é característico do seu trabalho e esperado pelo público em toda temporada. Desta vez, ele decidiu misturar o do fundo do mar, influenciado pelo novo live-action de A Pequena Sereia, com códigos típicos do estilo punk, homenageando, inclusive, Vivienne Westwood.
“Essa coleção começou com uma vontade de trabalhar o fundo do mar, e essa ideia se deu depois que eu assisti ao novo filme de A Pequena Sereia. Eu tenho referências desses lugares da cultura pop e não levo esse momento criativo tão a sério, tento trabalhar de forma mais livre. O trabalho de estilista no Brasil, principalmente sendo um jovem designer, com uma marca nova e pequena, é tão burocrático pra gente conseguir chegar onde a gente quer chegar, então o processo criativo é uma válvula de escape, em que eu me permito mesmo“, afirma Tom Martins em entrevista à CAPRICHO.
Ele ainda lembra que visualizou a linha condutora da coleção ao receber a mensagem de um amigo. “Ele me chamou para ir a uma festa de terreiro de marinheiros. Quando ele falou isso, foi muito automático, ele me deu o tema da próxima coleção. Porque, aí, eu pensei nesse negócio de fundo do mar e dos marinheiros”, recorda.
Para dar um peso e rebeldia próprios do DNA da Martins, o diretor criativo trouxe inspirações do movimento punk. “A gente já trabalhou o grunge, metal, David Bowie, várias bandas… E já fizemos uma homenagem clara a Vivienne Westwood e também já falamos de new wave. Então, fazia sentido olhar para o trabalho dela de novo”, explica. “Na passarela, temos basicamente sereias e marinheiros punks“, completa.
Além de Westwood, Tom homenageia o trabalho do designer britânico de acessórios Judy Blame, com as boinas customizadas com alfinetes e botões, além de outros de seus ídolos da moda, como Jean Paul Gaultier e Raf Simons. E a coleção também conta com looks feitos em parceria com a Ypê e a artista brasileira Anaisa Franco, dois deles desfilados por Agatha Moreira e Rodrigo Simas.
Patches, estampa de tatuagem, peças plissadas, tons metalizados, tecidos laminados, golas exageradas, crochê, tricô, colares com conchas e piercings… Essa mistura de materiais ajuda a construir a narrativa da coleção, que fica completa com escolhas que já fazem parte do universo da marca, como a silhueta oversized, o xadrez, os cintos de ilhós e os bolsos utilitários, por exemplo.
A fila final veio ao som de Cherry Bomb, música icônica da banda de rock americana dos anos 1970 The Runaways, encerrando o desfile com uma mensagem de rebeldia e liberdade que tem tudo a ver com a Martins.