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“É preciso dar oportunidades democráticas para novos estilistas no Brasil”

Designer Guilherme Dutra comenta como foi vencer o 2º Desafio Sou de Algodão e estrear na passarela da Casa de Criadores

Por Sofia Duarte Atualizado em 29 out 2024, 16h01 - Publicado em 29 mar 2024, 10h00
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á pensou em ver sua própria coleção de roupas em um desfile da Casa de Criadores, evento superimportante para a moda autoral brasileira? Isso é o que propõe o desafio criado pelo movimento Sou de Algodão, que está com as inscrições abertas para sua 3ª edição até o dia 30 de abril. A CAPRICHO conversou com o designer paulistano Guilherme Dutra, de 25 anos, que foi o grande vencedor do último desafio, que rolou em 2022, e atualmente coordena a linha premium de jeanswear do grupo InBrands, que detém marcas como Ellus, Richards e Tommy Hilfiger. Ele revela quais são suas principais inspirações, dá conselhos para quem deseja seguir carreira na moda e reflete sobre oportunidades no mercado brasileiro.

A ancestralidade e a cultura africana são o ponto de partida para que Guilherme Dutra desenvolva suas próprias criações, conta ele em entrevista à CAPRICHO. “As pesquisas sobre assuntos como ancestralidade e descoberta de riquezas africanas, a disruptura da arte europeia, principalmente a arte barroca e a inversão dos papéis que foram impostos durante a história, sempre me pareceram pertinentes. A cultura africana e seus reinos são minhas grandes fontes de inspiração, as cores, combinações de padronagem e volumetrias, são heranças que busco retratar em todos os meus projetos.”

Guilherme Dutra, vencedor do 2º Desafio Sou de Algodão em parceria com a Casa de Criadores
Guilherme Dutra, vencedor do 2º Desafio Sou de Algodão em parceria com a Casa de Criadores Marcelo Soubhia/@agfotosite/Divulgação

Quando se inscreveu no Desafio Sou de Algodão, o jovem estava terminando seu Trabalho de Conclusão de Curso em moda na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo. “Criar a coleção ARÔ-EU SAÚDO [para o desafio] foi um aprendizado. Ao longo da minha pesquisa sobre ancestralidade africana, pude contemplar grandes feitos e riquezas que foram esquecidos ao longo da história. A maior dificuldade que enfrentei foi chegar nos volumes que tinha rascunhado. Ao mesmo tempo, foi um grande aprendizado, pois a cada erro foram surgindo inúmeras possibilidades que me faziam desviar o caminho, muitas vezes chegando em resultados mais interessantes do que os que eu havia idealizado”, relembra.

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Confira o papo da CH com Guilherme Dutra, estilista vencedor do 2º Desafio Sou de Algodão:

Quais são os conceitos-chave e a essência da sua marca?

Opulência ancestral, grandiosidade, valorização de técnicas manuais e um reencontro com a história que não está descrita nos livros de história. Busco homenagear e reverenciar meu povo, introduzindo o público a um universo lírico e poético como eu acredito.

Por que você acredita que o Desafio Sou de Algodão seja importante para novos talentos criativos do Brasil?

O desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores é uma chance para novos talentos mostrarem seus trabalhos e suas narrativas em uma das maiores vitrines de moda do país. Poder compartilhar a mesma passarela com nomes já consagrados no meio fashion é uma oportunidade única! Enxergo o Desafio como uma ferramenta democrática, que ajuda a realizar sonhos e alavancar a carreira de quem almeja a entrada no mercado.

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Quais conselhos daria para quem sonha em fazer uma carreira na moda ou participar do Desafio? 

Não tenham medo de arriscar, testem mais de uma vez, olhem com carinho para todas as possibilidades que aparecem ao longo do caminho. Busquem o diferencial no trabalho de vocês e fujam do óbvio. Sobre o desafio, entrem com verdade, com persistência, aproveitem cada segundo, absorvam os aprendizados passados nas palestras e aproveitem os profissionais maravilhosos que passarão por vocês. 

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Como foi estrear no line-up oficial da Casa de Criadores?

A estreia na Casa de Criadores foi um sonho! Compartilhar a mesma vitrine que estilistas renomados é uma grande responsabilidade, mas, ao mesmo tempo, uma enorme realização profissional. É importante destacar que o evento é um dos principais no ramo da moda e que muitos dos estilistas que são referência nacional começaram lá. Com certeza a experiência de ter passado pelo desafio me ajudou muito na estreia. Entendi os pontos fortes e fracos do meu projeto e, ao estrear no line-up, consegui entregar um projeto mais potente e maduro.

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Como você enxerga o mercado da moda brasileiro para novos criativos?

O mercado de moda nacional ainda é muito fechado, o networking conta muito, porque quanto mais contados você tem, maiores são as possibilidades de um êxito profissional. Acredito que em São Paulo esse cenário seja um pouco mais flexível, porém é preciso contemplar as demais regiões do país. Levando em consideração as problemáticas e desigualdade nas oportunidades, iniciativas como o Desafio são fundamentais. É preciso dar mais visibilidade a todos os estados do Brasil, dar oportunidade para novos estilistas que têm interesse em mostrar o quanto o nosso país é plural e rico em suas artes manuais. É preciso criar mais projetos como esse, que sejam democráticos e abrangentes.

É preciso dar mais visibilidade a todos os estados do Brasil, dar oportunidade para novos estilistas que têm interesse em mostrar o quanto o nosso país é plural e rico em suas artes manuais.

Guilherme Dutra, estilista
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Quais são os próximos passos da sua carreira como estilista?

Tenho muitos sonhos profissionais, um deles é concretizar minha carreira fora do país. Farei uma pós-graduação em Londres e, depois, quero muito tentar uma oportunidade no mercado internacional. Ainda pretendo desfilar bastante na Casa de Criadores e poder compartilhar novas narrativas e discussões pertinentes ao mercado.

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