É errado influenciadora ter stylist? Profissionais da moda respondem
Será que ajuda especializada compromete a autenticidade pessoal? Discutimos o assunto polêmico do momento

om a temporada das semanas de moda internacionais, uma discussão que voltou a circular nas redes sociais foi: é errado influenciadora de moda ter stylist? A ajuda desse profissional descredibiliza a autoridade da criadora nesse assunto?
Para o stylist Thiago Biagi, que tem em sua cartela de clientes nomes como a cantora Agnes Nunes e o ator João Guilherme, faz sentido que uma influenciadora de moda tenha amparo de profissionais adequados.
“É extremamente importante uma influenciadora entender o papel que ela tem na moda e com o seu público. Uma influenciadora que se preocupa e realmente quer ter mais informação no trabalho precisa considerar, dentro do escopo dela, um profissional que domine isso”, afirma Biagi em entrevista à CAPRICHO. “O stylist se dedica a uma boa parte da criação da imagem. E, nesse processo para uma influenciadora, é importante que ela tenha esse tipo de orientação.”
O que faz um stylist, afinal?
Ele conta que costuma vestir personalidades para eventos e projetos especiais e até montar mala de viagem ou um guarda-roupa. “O trabalho do stylist é feito em conjunto com a influenciadora. Dentro da minha profissão, eu tenho uma forma de enxergar aquela pessoa e, através disso, eu desenvolvo o que a pessoa espera do meu trabalho também. Nós pensamos em ideias juntos, na criação do conteúdo e, aí, a influenciadora expõe tudo isso exatamente como sabe que o público dela vai aderir. Ela entende como é o público e como ela pode interpretar essa informação que eu passei.”
Contribuindo com essa visão, a consultora de estilo Andreza Ramos explica que a ideia de que ‘stylist é para quem não entende de moda ou não sabe se vestir’ não é verdadeira. “O stylist tem o papel de trazer algo novo para o repertório pessoal imagético, de fazer pontes com marcas importantes para o posicionamento da figura e de criar uma imagem curada, com referências que talvez o influenciador não teria sozinho, ou de elevar as referências que ele já possui.”
“Uma criadora fashion não necessariamente é uma profissional, uma autoridade da moda. E, quando questões como essas são levantadas com tanta polêmica, fica claro que centralizamos alcance e autoridade em uma ‘persona’ só, sendo que não necessariamente é assim que acontece. Influenciador é influenciador, autoridade é autoridade. E, quando um influenciador precisa dessa contribuição que só a autoridade no tema pode trazer, ele não só pode, como deve recorrer a esses recursos“, completa Ramos.
Para Thiago Biagi, o que é preciso evitar é a falta de transparência. “Não dar crédito ao profissional é algo que pode ser acordado dentro de um contrato. Mas falar que faz tudo sozinha e não existe uma equipe acho um pouco errado.”
A influenciadora Sah Oliveira, por sua vez, diz que costuma contratar seu stylist, Ander Oliveira, para eventos e semanas de moda internacionais. “Para mim, foi superimportante contar com o olhar criativo do stylist. Comecei minha trajetória na beleza falando sobre cabelo crespo, e percebi que, para me posicionar melhor no mercado, seria essencial ter um profissional alinhado com o meu olhar.”
“A ideia de ter um stylist é cocriar, construir juntos, sem nunca perder a minha essência. Um bom stylist entende quem você é, o que quer comunicar e como transformar isso em imagem e narrativa visual. Ele ajuda a traduzir sua essência em estilo, respeitando sua personalidade, mas elevando seu olhar com propósito e criatividade”, acrescenta Oliveira.
O stylist é necessário em todas as ocasiões?
Já a comunicadora Bia Nardini pensa que uma influenciadora de moda contratar um stylist pode ser positivo em determinadas ocasiões. “Em alguns casos, o stylist tem muito a agregar. Pode ajudar no contato com marcas, na construção de uma imagem mais potente para um trabalho em específico ou auxiliar na escolha de um look para um evento ou uma viagem que exige maior entrega. Nesses momentos, é válida a colaboração entre o influenciador de moda e um stylist, nunca deixando que esse profissional defina tudo por conta própria.”
Entretanto, quando o criador se apoia no trabalho de um stylist para tudo, do tapete vermelho ao look do aeroporto, é aí que cabe o questionamento. “Nesses casos, seria como se uma empresa estivesse terceirizando seu principal – e talvez único – produto. Quão transparente e autêntico é isso?“, reflete ela.
Nardini argumenta que, quando o stylist toma a frente das decisões, contando com pouca colaboração da influenciadora, coloca-se em risco a autenticidade pessoal e, talvez, ela seja até transformada em um mero manequim. “Ser autêntico significa sempre ser o ponto de partida e chegada daquilo que você vai entregar para sua audiência, ainda que no meio do caminho você conte com a ajuda de outros profissionais, apenas agregando algo que já é naturalmente seu.”
Ela acredita, porém, que o envolvimento do stylist com o trabalho de influenciadores fortalece tanto a moda como o mercado de influência, que deve ser colaborativo. “Por outro lado, pouco a pouco essa situação escancarada como, muitas vezes, aqueles que começaram a ganhar visibilidade por terem algo em particular optam por investir em um olhar externo para chegarem a locais ainda mais exclusivos”, conclui.
+Quer receber as principais notícias da CAPRICHO direto no celular? Faça parte do nosso canal no Whatsapp, clique aqui.