Dendezeiro leva moda e funk a manifesto político na passarela do SPFW N60
Em 'Brasiliano 3: Lei da Vadiagem', os estilistas Pedro Batalha e Hisan Silva referenciam os bailes black, celebrando a cultura negra e periférica
ara encerrar a trilogia que tornou a Dendezeiro como uma das marcas mais potentes da moda brasileira, neste sábado (19), os estilistas Pedro Batalha e Hisan Silva apresentaram o desfile ‘Brasiliano 3: Lei da Vadiagem‘ na edição de 30 anos do São Paulo Fashion Week, no Parque Ibirapuera.
O manifesto político já virou identidade da etiqueta baiana, desde ‘Brasiliano 1: Filhos do Sol’, com referências ao Estado Novo, passando por ‘Brasiliano 2: A Puxada pro Norte’, com a revolta da Cabanagem. Nesta edição, os estilistas produziram a coleção com o intuito de refletir sobre os mecanismos de exclusão que moldaram o Brasil. Dentre eles, a Lei da Vadiagem, que criminalizava a população negra e periférica, e, mesmo após sua revogação, ainda deixa uma carga simbólica que recai sobre as manifestações culturais e populares atuais.
“A gente escolheu um tema que é extremamente atual, apesar de existir desde que o Brasil é Brasil, que é a Lei da Vadiagem. Nós, como criadores negros e nordestinos, vivenciamos essa lei desde que a gente nasceu e vemos ela ser aplicada no nosso dia a dia a todo o momento”, afirma Hisan Silva. “O nosso papel dentro do SPFW e no universo da moda sempre vai ser político, porque fala sobre quem a gente é e por que a gente está aqui.”
A coleção, inspirada nas estéticas dos bailes black dos anos 1970 e 80, celebra a resistência e a expressão que ainda se reinventa nos bailes funk. Personalidades da cena atual, como MC Carol e MC Cabelinho, desfilaram pela marca no ritmo de vários batidões, que foram a trilha sonora do desfile e contagiaram o evento.
As peças trazem tanto o streetwear quanto a alfaiataria, e Pedro Batalha complementa: “A gente veio com roupas mais slim, reduzimos os volumes que vínhamos trabalhando nas últimas edições. Estamos trabalhando com estampas, algo que não temos muito costume de fazer, então tem muito xadrez e listrado, justamente fazendo referência aos bailes black. Também trabalhamos com outros tipos de couro, como o de tilápia.”
Nós pés dos modelos, há as marcas Jordan, que escolheu o desfile para apresentar um tênis inédito, e Kenner, que cruza a passarela da etiqueta baiana pela terceira vez consecutiva em uma nova collab.
O after do desfile foi o Baile Essencial, idealizado pelos próprios donos da marca como uma forma de consolidar uma das experiências mais marcantes do universo que a Dendezeiro criou. Depois de passar por Salvador, Rio de Janeiro, acaba de chegar a São Paulo para celebrar esse momento.
Ao encerrar o capítulo ‘Brasiliano’ com a Lei da Vadiagem, a marca enfatiza que consegue ver a cultura do passado e do presente, mas, principalmente, prospectando a cultura no futuro. “Nossa cultura precisar sobreviver. É um momento de grande celebração, porque a gente está vivo, mas também porque temos grandes e boas ideais que vão continuar reverberando por aí”, conclui Hisan.
@capricho Os estilistas Pedro Batalha e Hisan Silva, da @Dendezeiro, explicam a coleção ‘Lei da Vadiagem’ apresentada no sábado (18), na passarela da SPFW N60. O terceiro capítulo de ‘Brasiliano’ continua o manifesto político que virou identidade da marca baiana, dessa vez com o objetivo de devolver a dignidade a corpos que foram marginalizados por essa lei, que perseguiu a população negra e periférica. #dendezeiro #desfile #spfw
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