Conheça artista que transforma roupas jeans usando a técnica do upcycling
"Transformar o ordinário em extraordinário" é a intenção de Mirella Rodrigues, fundadora da Think Blue, marca de slow fashion
Certamente você já deve saber que a indústria da moda é uma das mais poluidoras do planeta, não? E se soubesse que é possível ressignificar esse histórico e dar vida a roupas que já foram descartadas – como aquelas no deserto do Atacama?
A técnica artesanal e ancestral conhecida como upcycling é perfeita para você reutilizar aquela camiseta que você está pensando em descartar e prolongar o seu ciclo de vida. Aqui no Brasil, a carioca Mirella Rodrigues trabalha com a técnica e dá um novo uso para jeans descartados. Dá só uma olhada nestas peças:
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Para conhecer essa técnica ancestral e revolucionária, a CAPRICHO conversou com a fundadora da Think Blue e, a seguir, te contamos o que é upcycling, os processos que compõem essa técnica, sustentabilidade e muitas dicas para você se aventurar com a gente!
O que é upcycling?
Upcycling é uma técnica artesanal e ancestral. “Upcycling nada mais é do que você reutilizar algo que seria descartado e prolongar o ciclo de vida desse produto com mais valor agregado, transformando em algo novo e com menos impacto”, conta Mirella Rodrigues em entrevista à CAPRICHO.
“O up genuíno é artesanal e é importante dizer que ele não é uma moda, uma tendência ou um estilo. É uma técnica de fazer roupas, para você desconstruir algo e criar uma peça nova com esse material que já existe. Não é uma estética com vários pedaços de roupa, é uma técnica e isso precisa ser dito e respeitado”, complementa.
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Quais são as etapas e processos que compõem essa técnica ancestral?
Para Mirella, a etapa fundamental e mais importante na criação de um item genuinamente feito pela técnica é a desconstrução que, segundo a própria, acontece quando você escolhe ou garimpa um produto que foi jogado fora por algum consumidor. “Você olha para ele [o produto] e enxerga um potencial de criação nele e desconstrói o mesmo para criar algo novo com muito mais valor”, conta a artista sobre a desconstrução para a construção.
“Esse processo é até mágico, porque é lindo transformar. Uma vez vi uma entrevista e a pessoa dizia que é você transformar o ordinário em extraordinário, e o upcycling é muito isso, transformar uma peça suja e rasgada, por exemplo, que foi subestimada por alguém e transformar em algo totalmente diferente, muito mais bonito e com desejo.” Demais, né?
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Como surgiu a Think Blue?
Formada em moda na Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, Mirella fundou a Think Blue Upcycled ainda na faculdade, em 2014. A microempreendedora conta que tudo surgiu quando fez uma matéria de projetos, chamada Projeto de Sustentabilidade, que ela e outros alunos foram desafiados a pesquisar práticas mais sustentáveis para a criação de uma coleção. E foi no momento da pesquisa para uma Iniciação Científica que ela passou a investigar os impactos da indústria têxtil no mundo.
Na época, descobrir que uma calça jeans pode usar até 11000 litros de água para ser produzida mexeu muito com a microempreendedora. “Enquanto isso, a gente sabe que tem pessoas que não tem água nem para lavar as mãos. Essa incoerência de valores mexeu comigo e, depois de me aprofundar mais nas pesquisas do impacto do jeans e encontrar formas menos poluentes de criar, me deparei com a técnica que mais mexeu comigo, o upcycling”, lembra Mirella, que desenvolve seus produtos com jeans para ressignificar esse histórico e dar vida ao velho, porque nada se descarta.
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Processo criativo e desenvolvimento das peças
A Think Blue é um ateliê e como microempreendedora individual, Rodrigues trabalha com as premissas do slow fashion, que é uma moda mais lenta e permite que você acompanhe todos os processos. E, se você ficou curiosa para saber como esse processo funciona na prática, Mirella conta que cria uma coleção, conversa com as pessoas que trabalham com ela (modelista e costureira) e, depois, parte para o garimpo em brechós beneficentes, brechó de igreja, centro espírita e shopping chão, no Rio de Janeiro.
“Normalmente, o dia a dia da TB é dentro da minha casa. Eu sempre trabalhei em casa e ainda não tenho condições de ter um espaço externo para realizar o meu trabalho. Dentro do meu processo de design, eu tenho um tema específico para a minha coleção, pesquiso, me inspiro, retiro formas e informações desse tema que possam me inspirar, crio os meus desenhos e apresento para minha modelista, que faz os de moldes para mim, e para a costureira que também me ajuda e, juntas, estudamos qual vai ser o melhor acabamento e se aquele desenho funciona ou não”, conta a Rodrigues, que garimpa as peças, higieniza, corta, fotografa e envia o processo para as clientes.
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“Trabalhar com jeans é incrível, porque ele é um tecido muito democrático e transita em todas as classes sociais. O jeans foi criado para os trabalhadores e faz parte da história da moda e da luta, porque sempre foi um tecido subversivo e participou de manifestações como um sinônimo de rebeldia e contracultura e, por isso, eu me identifico muito com esse tecido. Amo trabalhar com essa matéria-prima e sentir o jeans em minhas mãos”, conta a profissional que adora ser uma pessoa criativa.
“Embora a moda tenha inúmeras problemáticas, que eu sou muito ciente delas, ela também tem um lado lúdico e ativo, um lado do fazer, um lado do fazer e uma relação com a mulher, as protagonistas da moda”, finaliza a artista que resgata os fazeres manuais de suas ancestrais e mulheres de séculos passados e dá dicas para reproduzir a técnica em casa.
5 dicas para as leitoras que querem criar um up em casa
1. Pegue aquela peça que você já amou muito e não usa mais ou garimpe uma peça bem bacana no brechó da sua região;
2. Estude a peça que você quer fazer e planeje algo legal – lembrando que você está trabalhando com upcycling, o ideal é ser algo melhor do que era antes, dando literalmente um up naquela peça (risos);
3. Invista em um abridor de costura para desconstruir a peça escolhida – ferramenta indispensável para essa aventura;
4. Se jogue no fazer manual e nessa experiência única e ancestral. Desconstrua e construía uma peça para a transformação;
5. Não tenha medo do processo e divirta-se. Busque referências e mostre o resultado para as amigas!
E aí, que tal se aventurar na técnica de upcycling e dar um novo sentindo para as peças que você iria descartar? <3