om uma viagem por suas memórias e pela intensa sensação de amar, Flor Gil lança seu primeiro álbum, Cinema Love, fazendo uma mistura elegante entre MPB e indie pop.
A artista de 16 anos traz uma interpretação calorosa dos sentimentos de amor e saudade, resultando em músicas que relatam uma parte do seu próprio filme.
“Esse álbum é a trilha sonora da minha vida”, descreve. “[A partir dele], espero que as pessoas me vejam de um jeito mais próximo e pessoal e também consigam se identificar, porque não é uma história única. Quando as músicas chegam às mãos de outras pessoas, não são mais apenas minhas.”
Vivendo o período de emoções à flor da pele que caracteriza a adolescência, Flor imprime com intensidade o desejo de se aventurar no amor.
“A adolescência é o auge das emoções, o momento em que você vive uma euforia dos sentimentos e tudo é muito dramático e intenso. Por isso mesmo que esse álbum tomou forma muito rápido. Fico até feliz que eu coloquei toda a paixão que eu tenho dentro de mim por pessoas, por coisas, na música. Porque a paixão pode ser perigosa, né?”.
Essa conquista de sua primeira obra autoral já tão nova vem de forma natural. Nascida respirando música brasileira, Flor representa mais uma geração da família Gil, que foi rede de apoio fundamental não só para a realização do álbum, como também para sua construção e desenvolvimento como artista.
Desde pequena, minha ídola era minha tia Preta [Gil], eu sempre falava que queria ser ela quando crescer.
Flor Gil, em entrevista à CAPRICHO
“Eu sempre soube que queria seguir carreira na música. Meu pai me colocou na aula de canto e de piano muito nova e sempre me incentivou, dizendo aos meus tios: ‘Ah, coloca ela aí no palco’. Então, acho que na minha cabeça nunca entrou outra opção. Desde pequena, minha ídola era minha tia Preta [Gil], eu sempre falava que queria ser ela quando crescer. Eu a via com microfones cheios de brilhos e com vestidos cantando em casamento, no Carnaval… E já imaginava um futuro na música, na vida de artista.”
Mas essa ligação familiar não foi uma pressão; pelo contrário, tornou-se suporte essencial para impulsionar sua confiança. “Sinto uma sorte muito grande de poder realizar esse sonho, conseguir comunicar meus sentimentos através da música e colocar tudo em um disco que tem uma identidade visual muito forte. E fazer isso com o apoio da minha família também é uma sorte gigante.”
Conectando passado, presente e futuro, Flor se mostra consciente de seus privilégios e, apesar de saber que faz parte da continuidade de um legado primoroso na música, promete seguir seu próprio caminho, rompendo padrões à sua maneira.
“Eu sei que sou muito nova já realizando muita coisa. Então, sou muito grata e consciente disso, de tudo o que eu tenho e de tudo o que posso conquistar e dar de volta”, afirma. “Eu, pessoalmente, não sou muito rebelde. Mas acho que só não tenho esse sentimento porque as coisas comuns dentro da minha família já têm um senso de ‘seja você mesmo’. Esse disco, inclusive, tem muito disso, porque muita gente espera de mim uma sonoridade ligada ao meu avô, apesar de que ninguém depois dele fez a mesma coisa. Todo mundo na minha família foi fazer o que eles queriam, e eu também, só que do meu jeito.”
Todo mundo na minha família foi fazer o que eles queriam, e eu também, só que do meu jeito.
Flor Gil, em entrevista à CAPRICHO
A música Saudade, por exemplo, interpretada por ela e pelo cantor Vitão, foi composta por seu avô, Gilberto Gil, em 1962. “O desejo e o prazer que ele tem com a música me inspiram muito. Ele é apaixonado por isso. Um dia, na escola, eu tive que fazer uma redação que tinha como tema uma entrevista com um familiar, e eu fiz com ele. Perguntei: ‘O que mais te inspira e o que você pensa quando compõe?’, e ele falou que pensa o que quer fazer por ele, o que dá prazer, o que quer escutar e criar. Ele me inspira muito a fazer o que eu realmente quero.”