‘Wicked: Parte 2’ é o desfecho duro e necessário das bruxas de Oz

Conclusão da história de Glinda e Elphaba se mantém fiel ao teatro, sem deixar de trazer camadas humanas e complexidade às protagonistas.

Por Mavi Faria Atualizado em 20 nov 2025, 16h21 - Publicado em 20 nov 2025, 15h53
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om a missão de manter o sucesso do primeiro filme e de transformar o ato mais apressado do teatro em um longa-metragem de quase 2h30, Wicked: Parte 2 consegue ser o desfecho intenso, emotivo e organizado que a história merecia. Lançado nesta quinta-feira (20) nos cinemas, a obra mergulha em crítica social, propaganda política, valores pessoais, exílio e luto, enquanto mostra uma versão mais madura das duas protagonistas.

Longe das intrigas e dramas mais superficiais que acendem a faísca da dualidade entre Glinda e Elphaba na primeira parte de Wicked, a sequência mantém a cronologia do teatro, mostrando ambas lidando com as consequências de suas decisões: de um lado, Elphaba decide lutar contra o Mágico de Oz e ganha o nome de Bruxa Má do Oeste; do outro, Glinda assume a confortável posição de trazer leveza e alegria à população de Oz e se torna a Bruxa Boa do Norte.

Embora os acontecimentos ao longo do filme sejam os mesmos do segundo ato da peça, a sensação ainda é de estar assistindo a uma história diferente — ou ao menos por uma perspectiva diferente. Nos palcos, as cenas correm apressada e sem muito contexto; já no longa, o diretor Jon M. Chu consegue desenhar as razões por trás de cada atitude, seus desenrolares futuros e assumiu espaço criativo para acrescentar camadas que deixam os personagens de Oz mais complexos e, com isso, mais humanos. Não é difícil sair do cinema com o desconforto da dúvida de não encontrar somente culpados ou vítimas, mas sim justificas pessoais compreensíveis que te levam a questionar: o que você faria no lugar dessa pessoa?

As grandes novidades na história, por outro lado, são as novas músicas feitas pelo compositor original da peça, Stephen Schwartz, The Girl in the Bubble e No Place Like Home, performadas por Glinda e Elphaba respectivamente. Elas podem soar simples demais e até insignificantes, perdendo destaque para as já conhecidas For Good e No Good Deed.

Mesmo sem carregar a mesma popularidade e força que Defying Gravity, Popular e What Is This Feeling, da primeira parte, as canções já conhecidas entre os fãs são a representação da dúvida e da consciência das protagonistas sobre suas escolhas de vida, e abrem espaço para a transformação individual em cada uma — características que faltam nas adições musicais.

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O grande problema ao assistir Wicked é, na verdade, a comparação entre os dois filmes. Assim como no teatro, as duas partes da história não só são opostas, como também complementares. Se a carga dramática do começo é mais leve e o alívio cômico, muito guiado por Glinda, é fortemente presente, no final, ela é densa ao ponto de ser desconfortável. Nenhuma versão no final é completamente satisfatória e todos finalizam o filme carregando uma dor específica de si. Não há brechas para a ingenuidade e o longa deixa claro: todo bem tem seu preço.

Os personagens que haviam sentido pertencimento entre si vão de encontro à porta da realidade, tensionando pressionando suas verdades sobre si e sobre o mundo. A própria transformação de Boq (Ethan Slater) no Homem de Lata consegue ser ainda mais brutal do que na peça, com o doce jovem Munchkin se tornando uma figura amargurada, movida pela raiva e pelo desejo de vingança.

Mas é com Cynthia Erivo e Ariana Grande que o filme consegue tomar outra dimensão. Para além do talento vocal impressionante — que contrasta até demais com a inexperiência de Michelle Yeoh, no papel de Madame Morible — a versão de Elphaba e Glinda das atrizes deixa tangível o amor incondicional e a dor profunda que uma sente pela outra, o que faz o desenrolar da amizade ser ainda mais intenso. Erivo molda uma heroína com tanta garra, fé e esperança no que é certo que, à medida que há o questionamento de si mesma, o próprio público questiona o que vale ou não a pena lutar.

Já Grande prova que o humor característico de Glinda só representa uma camada da personagem. O amadurecimento da Bruxa Boa do Norte é tão sofrido quanto palpável, e a atriz consegue fazer sua persona de estrela pop sumir por completo em meio à tristeza, ao drama e ao desespero de quem se vê perdendo tudo que mais ama.

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Em especial para os fãs do livro e da peça, Wicked: Parte 2 concretiza uma adaptação aguardada que aprofunda a história sem deixar a fidelidade de lado. Para quem se depara com a história das bruxas de Oz pela primeira vez, é a oportunidade de encontrar um espelho da vida mundana em um mundo encantado, que prova por A mais B a complexidade das relações humanas — principalmente quando envolvem o amor.

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