Um post no Instagram fez Charles Melton conseguir papel em seu novo filme

Nicola Yoon, autora de O Sol Também É Uma Estrela, contou à CH como os atores do filme foram escolhidos para seus papeis

Por Gabriela Zocchi Atualizado em 31 out 2024, 02h01 - Publicado em 18 Maio 2019, 18h08

Nesta quinta-feira (16) chegou aos cinemas de todo o Brasil o romance O Sol Também É Uma Estrela. Baseado no livro de mesmo nome de Nicola Yoon, autora também de Tudo e Todas as Coisas, o filme conta a história de Natasha, uma garota cética, amante da física e jamaicana que está prestes a ser deportada dos Estados Unidos com sua família. A visão de mundo e de amor dela mudam depois que Daniel, um romântico esperançoso filho de coreanos, cruza seu caminho.

A CAPRICHO foi à Nova York conversar com Nicola e, durante o papo, falamos sobre representatividade, amor na adolescência e, claro, a escolha de Yara Shahidi e Charles Melton como protagonistas do longa. Você acredita que o ator de Riverdale só acabou envolvido no filme por causa de uma votação dos fãs?

CH: Este é o segundo filme baseado em um livro seu. Você aprendeu algo com Tudo e Todas as Coisas que a deixou mais preparada para O Sol Também É Uma Estrela

NICOLA YOON: Da primeira vez que li o roteiro de Tudo e Todas as Coisas surtei porque estava tão diferente do meu livro. Foi só quando estávamos por volta da sétima versão do roteiro que comecei a gostar. Desta vez foi muito mais fácil, porque já cheguei sabendo que filme e livro são coisas separadas e diferentes e que é preciso desapegar um pouco.

CH: Eu diria que O Sol Também É Uma Estrela é a prova de que romances adolescentes podem ser fofos e, ao mesmo tempo, não precisam ser bobos ou superficiais, eles podem falar de assuntos sérios como imigração. Por que decidiu incluir temas como esse no no livro?

NICOLA: As pessoas tendem a conversar com adolescentes como se eles não soubessem muito das coisas. Mas os jovens, mais do que ninguém, estão questionando tudo. É quando somos adolescentes que pensamos sobre o significado da vida, se Deus existe, quem queremos ser… Eles se fazem perguntas em que, para ser sincera, todos nós deveríamos estar pensando. Eles estão tentando descobrir suas identidades, e acho que quando se é imigrante, assim como eu, isso é algo ainda mais difícil de entender. Eu ficava pensando: “Quem sou eu? Sou jamaicana? Sou americana? Sou uma mistura dos dois?”. Por isso acho que escrever sobre imigração é um jeito fácil de falar sobre identidade e as dificuldades de se encontrar.

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Nicola Yoon, o marido e a filha na premiere de O Sol Também É Uma Estrela Reprodução/Instagram

CH: Como foi a resposta dos leitores depois que você lançou o livro, especialmente dos imigrantes que se relacionaram com a história?

NICOLA: Recebi muitas mensagens de jovens imigrantes que disseram adorar se ver representados dessa forma em uma história, mas uma das respostas mais interessantes veio de uma pessoa que disse que o livro a fez pensar na imigração de uma forma diferente. Era alguém que era aparentemente contra as políticas de imigração, e ela me disse que o livro a fez entender o outro lado e simpatizar mais com os imigrantes. Imigrar para um novo país é um ato de esperança e de muita coragem. Você deixa para trás sua família, seus amigos, seu idioma, e vai para um novo lugar, abre seus próprios caminhos, aprende uma língua nova… É difícil, e por isso os imigrantes deveriam ser admirados.

CH: Você teve alguma influência na escolha dos atores para esse filme?

NICOLA: Mais ou menos.. A história do Charles é engraçada, porque os produtores não tinham muita certeza de quem queriam chamar para interpretar o Daniel e eu disse: “vou postar uma foto no meu Instagram perguntando quem os fãs acham que deveria ser o personagem no filme”, e umas 10 mil pessoas responderam dizendo “Charles Melton deve fazer o Daniel”. (risos) Então o próprio Charles viu todas as notificações em seu Instagram e decidiu comprar o livro para ver do que se tratava. Ele gostou e pediu para seu agente entrar em contato para que ele pudesse fazer uma audição. E deu certo! Já sobre a Natasha, quando conheci Ry [Russo-Young, a diretora], ela me disse que estava pensando na Yara Shahidi para a personagem e eu amei e apoiei logo de cara, porque ela é uma menina e atriz incrível.

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Nicola Yoon (à direita) posa com a diretora Ry Russo-Young e os atores Charles Melton e Yara Shahidi em festa de lançamento de O Sol Também É Uma Estrela Reprodução/Instagram

CH: Quando você lançou Tudo e Todas as Coisas, disse que escreveu esse livro porque queria que sua filha, que é negra, se visse representada em uma história. Agora que ela está mais velha, você sente que a questão da representatividade está mais forte?

NICOLA: Eu diria que me sinto bastante esperançosa. De alguns anos para cá, especialmente no mundo dos livros adolescentes, vejo muitas discussões a favor de representatividade nas tramas, e acho que estamos melhorando, mas também acredito que precisamos de mais. Diria que estamos em um bom começo. A minha filha foi aos sets do filme comigo e vivia brincando com a Yara, e eu pude ver o quanto isso era importante para ela. Um dia ela virou para mim e disse: “a Yara se parece comigo”, e para mim essa é a prova de que representatividade é, sim, algo muito importante. Às vezes a gente não percebe a falta que ela faz até que surja um protagonista negro ou asiático, por exemplo, e então nos damos conta de que nunca tínhamos visto algo assim antes.

Curtiu a entrevista? Nós conversamos também com Yara e Charles sobre o filme e eles toparam participar do nosso desafio musical. Será que eles foram bem?

*A CH viajou à Nova York a convite da Warner Bros.

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