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Sobrevivi ao show da Madonna em Copacabana com muita emoção e segurança

A cantora fez um dos maiores shows da carreira, reunindo mais de 1,6 milhão de pessoas na Praia de Copacabana

Por Arthur Ferreira Atualizado em 6 Maio 2024, 15h15 - Publicado em 6 Maio 2024, 12h38
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ntes mesmo da confirmação de que Madonna faria um show gratuito no Rio de Janeiro, os rumores já haviam deixado muitos fãs eufóricos com a possibilidade de ver a rainha do pop ao vivo. Além da emoção, um dos primeiros pensamentos foi sobre a segurança do evento, que superou as expectativas de público e conseguiu levar cerca de 1,6 milhão de pessoas para a praia de Copacabana no último sábado, 04 de maio.

É claro que, com a vinda de uma artista desta proporção, já se imaginava que este seria um dos maiores shows da história do Brasil, reunindo fãs de toda a América Latina. Por isso mesmo a principal preocupação era a segurança durante toda a experiência do show. Para evitar um possível dano físico e material, muitas pessoas preferiram assistir a transmissão pela televisão em casa e as dicas de segurança para o show receberam atenção redobrada nas redes sociais.

Os fãs preparam várias estratégias para “sobreviver” ao evento, incluindo um kit antirroubo. Junto com os copos, bonés, bandeiras e outros itens com o rosto da Madonna que estavam sendo vendidos pelos ambulantes, as doleiras fizeram muito sucesso. Houve quem preferiu sair sem celular, sem poder fazer registros dos shows, quem arriscou e confiou em guardar o aparelho na doleira, e também quem levou o “celular do assaltante”.

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Eu e meus amigos, que chegamos ao Rio de Janeiro na manhã de sexta-feira (03), confiamos na última opção que consiste em reviver um celular antigo para que o dano material de um possível furto não seja tão grande quanto seria de nosso aparelho atual. Antes de embarcar na cidade, compramos chips pré-pagos, para conseguir nos comunicar após o show e combinamos um ponto estratégico caso a gente se perdesse durante o evento.

Nosso principal receio era com a saída do evento e do tumulto que poderia se formar ainda na Avenida Atlântica, mas nos surpreendemos positivamente. Durante nossa estadia no Rio de Janeiro, presenciamos uma estrutura imensa que foi muito além do palco de 2,40 metros de altura para o show. No sábado, todas as ruas paralelas à Avenida Atlântica foram fechadas e o público passou por uma vistoria com detector de metais nas entradas.

Apesar de terem acontecidos furtos durante o show e vários objetos terem sido apreendidos, nosso grupo de amigos, divididos entre a área a VIP e a pista comum, não presenciou nenhum furto, apenas uma tentativa mal sucedida. Antes que o show começasse um casal tentou roubar uma bolsa na praia, mas foi impedido pelo público que se juntou e impediu a passagem.

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Na volta, seguimos o fluxo de pessoas na avenida sem passar por nenhum perrengue. A segurança no local estava redobrada, com mais de 1.130 agentes da polícia, e, sem veículos, as vias foram tomadas pelos fãs da cantora que estavam voltando para suas hospedagens.

Aqueles que tentaram entrar irregularmente na avenida ou estacionar em lugares inapropriados, foram multados. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Ordem Pública e a Guarda Municipal, foram aplicadas 366 multas de trânsito e 156 veículos foram removidos.

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Show histórico

O poder de Madonna, que já não era questionável, ficou mais uma vez evidente. Com uma setlist incrível e performances de tirar o fôlego, a passagem de Madonna pelo Rio de Janeiro com a The Celebration Tour parece ter sido um sonho, daqueles mais impossíveis.

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Com o maior público de sua carreira até hoje, Madonna reuniu fãs de diferentes gerações. Conseguimos ver diversas famílias, casais e pessoas que acompanham a diva pop desde os anos 80, curtindo o show que celebra seus 40 anos de carreira. Foi uma verdadeira celebração do poder da maior diva do pop de todos os tempos.

Mostrando ser uma das vencedoras de RuPaul’s Drag Race de maior sucesso, Bob the Drag Queen foi a hostess da apresentação e foi a responsável por nos guiar por toda a trajetória de Madonna. Com muito carisma, não restaram dúvidas de que Bob foi uma das escolhas mais acertadas para essa turnê.

Ver Madonna subindo no palco ao som de Nothing Really Matters não parece ter sido real para mim e meus amigos, que ainda estamos digerindo toda a magnitude que foi o show. Após 12 anos sem vir ao Brasil, muitos de seus fãs nunca imaginaram poder ver a cantora mais uma vez ou pela primeira vez, no caso dos mais jovens. Além disso, é realmente emocionante ver a mobilização de fãs que não poderiam arcar com o custo de um ingresso que uma turnê em estádios conseguindo assistir a cantora gratuitamente.

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Mesmo com muitos boatos de que Madonna não estaria muito feliz ao chegar no Brasil, a cantora mostrou todo o seu carisma e arriscou algumas palavras em português para mostrar todo o seu amor pelo país. “Eu estou aqui de frente para uma praia linda, com montanhas maravilhosas, e um Jesus [se referindo ao Cristo Redentor]. Eu estou no paraíso?”.

Além disso, ela ainda trouxe ícones brasileiros para palco! Em Vogue, a escolhida para julgar as apresentações foi Anitta, com quem a cantora já colaborou junto na música Faz Gostoso, e no último ato do show, Madonna trouxe Pabllo Vittar para uma apresentação exclusiva para o Brasil com o remix de Music, que contou com a participação de diferentes ritmistas brasileiros. Icônicas!

Ver Pabllo Vittar e Madonna juntas e usando camisetas do Brasil é um sentimento indescritível, é um abraço em todos os brasileiros que não se encaixam em uma sociedade heteronormativa. Ver Pabllo vencer é um enorme grito de esperança para todos que crescem sem se sentir vistos, representados.

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Talvez um dos momentos mais emocionantes tenha sido a performance de Live to Tell, onde Madonna homenageou as vítimas da AIDS durante os anos 80. No telão, além de amigos da cantora como Freddie Mercury e Keitth Haring, artistas brasileiros também foram homenageados como Renato Russo e Cazuza. Madonna, aos 65 anos, continua sendo uma das vozes mais ativas pela comunidade LGBTQ+ e nunca teve medo de combater o preconceito e a desinformação que os estigmas trouxeram para a população queer.

Todas as pessoas que lutam pelo direito de serem livres e de amarem quem quiserem. Não tenham medo! Eu lutarei por vocês até eu morrer

Madonna sobre seu apoio à comunidade LGBTQ+

A única reclamação ao show seria seu atraso (já esperado), mas todo o anseio e revolta pelos minutos em pé se dissiparam assim que Madonna subiu ao palco. É indescritível a sensação de ter visto uma das maiores artistas de todos os tempos performar na minha frente.

Pessoas como eu, que cresceram escutando Madonna por influência da mãe que teve o referencial de poder feminino revolucionado pela rainha do pop enquanto jovem, ou que tiveram suas músicas como trilha sonora enquanto se descobriam LGBTQ+, conseguiram presenciar um show histórico que ficará para sempre marcado como um dos maiores do país.

Muito obrigado, Madonna <3

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