Rose Gray está obcecada pelo Brasil: “Nunca me senti tão amada na vida”
Em entrevista exclusiva, cantora falou sobre o carinho dos fãs brasileiros, sua conexão com o país e inspirações do álbum de estreia

a praia às pistas de dança, Rose Gray é uma das grandes revelações do cenário musical alternativo. Lançado em janeiro de 2025, seu álbum de estreia, Louder, Please, mistura elementos de pop, eletrônica e indie, refletindo a jornada pessoal e profissional da artista, que passou mais de dez anos escrevendo para outros nomes da indústria.
Em uma entrevista exclusiva para a CAPRICHO, a artista revelou detalhes sobre o processo criativo por trás do primeiro disco, sua relação com os fãs brasileiros e como os projetos visuais desempenham um papel central em sua carreira. “Eu estou obcecada. Nunca me senti tão amada na minha vida do mesmo jeito que os fãs brasileiros me amam”, confessou.
A conexão vai além das palavras, e a cantora não esconde o desejo de se apresentar ao vivo em terras brasileiras. “Estou tendo muitas conversas internas com meu agente de shows e minha equipe. Eu realmente estou tentando fazer isso acontecer”, prometeu ela, que disse estar fazendo todo o possível para incluir o Brasil em sua turnê.
A relação com o público brasileiro também se estende para as festas que celebram o lançamento de seu álbum. “Eu adoro isso, me faz tão feliz. Estou sempre compartilhando com meus amigos, tipo: ‘Olha isso, olha o que está acontecendo, olha esse clube’”, diz, mencionando flyers de festas como a Culto, no Rio de Janeiro, e festas da Zig Club, balada em São Paulo, que a deixaram entusiasmada.
A capa de Louder, Please, que recebeu muitos elogios, também reflete a ligação de Rose com o Brasil, especialmente com a estética das praias iluminadas comum nos anos 90. “Fui muito influenciada pela fotografia dos anos 90, especialmente aquelas de praias brasileiras. Todo mundo no Brasil é muito bonito“, compartilhou a artista. Gray ainda refletiu que, para ela, “tudo é visual, tudo é imagem em movimento”.
Desde criança, Rose é obcecada por visuais profundos e estéticas elaboradas. No entanto, admitiu que a produção de seu primeiro disco não foi um processo fácil devido ao orçamento limitado. “Foi difícil fazer as coisas acontecerem porque não tinha dinheiro, mas estou muito orgulhosa do que consegui fazer e sou muito grata aos meus amigos que ajudaram muito nesse processo.”
Com faixas que equilibram a energia das festas e momentos introspectivos, Louder, Please ganhou destaque por sua proposta sonora. “A profundidade é muito importante para mim, como artista e compositora. Eu obviamente amo a balada, dançar, o escapismo, mas também acredito que a dance music pode ser profunda, linda e etérea.” Faixas como Louder, Please, Everything Changes (But I Won’t) e Hackney Wick exemplificam essa fusão entre o dançante e o reflexivo.
A vulnerabilidade presente em Everything Changes (But I Won’t) também é abordada pela artista, que não vê dificuldades em explorar essa faceta. “Na verdade, não foi difícil, porque minhas raízes musicais estão mais no universo indie, na eletrônica e no folk. Esse era o som de onde comecei a fazer música”, revelou Rose, destacando suas influências e o processo de se encontrar como compositora.
Em relação às comparações com ícones como Kylie Minogue e Madonna, a estrela se mostra grata, mas destaca sua própria identidade musical. “Eu sou muito inspirada pelos meus ícones pop, e acho que quando uma artista feminina experimenta pop, dança e cultura de clube, há sempre algo único nisso.” Ela também mencionou o impacto de artistas como Björk, que misturam sensibilidade pop com o underground, como uma referência importante para seu trabalho.
Leia a entrevista com Rose Gray na íntegra:
CAPRICHO: Seus fãs brasileiros são realmente barulhentos. Eles amaram o álbum. Como você está se sentindo sobre todo esse amor do Brasil?
Rose Gray: Eu estou obcecada. Nunca me senti tão amada na minha vida do mesmo jeito que os fãs brasileiros me amam.
Estamos todos ansiosos para vê-la ao vivo aqui. Existe a possibilidade de uma turnê no Brasil em breve?
Eu não quero fazer uma falsa promessa, mas só saibam que estou tendo muitas conversas internas com meu agente de shows e minha equipe. Eu realmente estou tentando fazer isso acontecer. Eu já estou olhando voos, pode confiar. Só preciso ter certeza de que, quando eu for, será na hora certa e que consigo encaixar na minha agenda com outras coisas.
Nós até estamos fazendo festas para celebrar o Louder, Please. Vi que você até compartilhou um flyer da Zig Club recentemente.
Eu sei! Eu adoro isso, me faz tão feliz. Estou sempre compartilhando com meus amigos, tipo “olha isso, olha o que está acontecendo, olha esse clube”. Esses dias vi um flyer de uma festa brasileira que iria tocar só músicas minhas e da Carly Rae Jepsen, que loucura.
Você passou dez anos escrevendo para si mesma e para outros artistas. Como essa experiência moldou seu som para o seu álbum de estreia?
Acho que passei muito desses 10 anos fazendo muita música e cometendo muitos erros, o que me moldou como pessoa e como artista. Aprendi a técnica e o tipo de música que me faz sentir bem. Como foi uma jornada e eu tive muito tempo para viajar, me encontrar e fazer grandes amizades, isso ajudou muito a criar Louder, Please. Acho que eu precisava viver muitas coisas para escrever aquele álbum.
Seu álbum tem uma energia catártica – é feito para dançar nos clubes, mas também tem momentos introspectivos. Como você vê essa dualidade?
A profundidade é muito importante para mim, como artista e compositora. Eu obviamente amo a balada, dançar, o escapismo, mas também acredito que a dance music pode ser profunda, linda e etérea. Quando eu sabia que estava finalizando o álbum, dediquei bastante tempo para garantir que esses elementos estivessem presentes, como Louder, Please, Everything Changes e Hackney Wick. São músicas que, com uma instrumentação um pouco diferente, poderiam quase ser baladas. Não que as outras músicas não sejam profundas, todas são, mas essas têm uma qualidade bem particular.
Everything Changes (But I Won’t) tem uma sensibilidade diferente do resto do álbum. Foi um desafio deixar esse lado mais vulnerável aparecer em um projeto tão explosivo?
Na verdade, não foi difícil, porque minhas raízes musicais estão mais no universo indie, na eletrônica e no folk. Esse era o som de onde comecei a fazer música, então eu realmente gostei de fazer essa música. Fiz outras nesse estilo que não entraram no álbum, mas me sinto confortável nesse espaço.
Eu vi muitas pessoas dizendo que você é “a sucessora da Kylie Minogue” ou dizendo que seu álbum tem um pouco de Ray of Light. Como é isso para você? E quais são suas maiores influências?
Eu amo a Kylie Minogue, eu a amo por muitas razões. Eu sou apaixonada pela personalidade dela, ela parece ser a pessoa mais linda e centrada. Ray of Light tem rodado para mim nos últimos 10 anos, sou obcecada por esse álbum. Eu sou muito inspirada pelos meus ícones pop, e acho que quando uma artista feminina experimenta pop, dança e cultura de clube, há sempre algo único nisso. Até mesmo Björk, que é mais experimental, tem esse tipo de vibe, eu sinto que estou entrando nesse mundo de ter uma sensibilidade pop, mas também estar envolvida na cena underground. Isso cria álbuns incríveis, como Madonna vem fazendo há muitos anos.
A capa de Louder, Please tem recebido muitos elogios. Como foi o processo criativo por trás dela?
Eu tive a intuição de que queria fazer uma sessão de fotos na praia. Fui muito influenciada pela fotografia dos anos 90, especialmente aquelas de praias brasileiras, com aquela luz específica e pessoas lindas, porque todo mundo no Brasil é muito bonito. Fiz muitos mood boards em casa e então encontrei a fotógrafa Yana Van Nuffel, e algumas das fotos dela eram exatamente como eu imaginava para o meu conceito criativo. Encontramos uma forma de trabalhar juntas, fomos para Barcelona e fizemos todo o ensaio por lá.
Agora você precisa vir visitar nossas praias.
Eu sei! Eu sinto que eu preciso ir até aí e recriar a foto de capa.
Como você enxerga o papel da imagem na construção da sua identidade artística?
Eu sinto que vivemos em um mundo onde tudo é visual, tudo é imagem em movimento. Desde criança, sou obcecada por arte em movimento. Então, fazer visuais e tudo mais é algo que adoro. Admito que com meu álbum, a maior parte foi feita com orçamentos baixos, foi difícil fazer as coisas acontecerem porque não tinha dinheiro, mas estou muito orgulhosa do que consegui fazer e sou muito grata aos meus amigos que ajudaram muito nesse processo.
Você já viu como o público reage às suas músicas ao vivo. Alguma música te surpreendeu por ganhar uma proporção inesperada durante os shows?
Just Two. Eu meio que já esperava isso porque eu queria muito que ela fosse single desde o começo, mas foi uma surpresa em Paris, onde o público sabia cada palavra dessa música.
Suas músicas falam sobre liberdade, identidade e experiências muito pessoais. Tem alguma letra no álbum que você acha que define quem você é nesse momento da sua vida?
Não sei se define quem eu sou, mas realmente gosto da letra de “I still feel that love” em Everything Changes. É simples, mas tem esse sentimento de que, mesmo depois de muito tempo com alguém, você ainda sente essa sensação de algo novo, emocionante e especial. Eu adoro essa letra, não sei por quê, é bem simples.
Ouça ao álbum Louder, Please de Rose Gray: