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Quando uma série passou da hora de acabar

Fã nenhum gosta de admitir, mas até a série favorita tem data de validade. Já aconteceu comigo e eu sei que já aconteceu com você também: um dia, você se pegou lixando a unha enquanto assistia. Tirou os olhos da tela, desviou as emoções todas de lugar. Se preocupou com a comida do cachorro, a […]

Por Da Redação Atualizado em 4 nov 2024, 10h35 - Publicado em 18 dez 2015, 16h44


Fã nenhum gosta de admitir, mas até a série favorita tem data de validade. Já aconteceu comigo e eu sei que já aconteceu com você também: um dia, você se pegou lixando a unha enquanto assistia. Tirou os olhos da tela, desviou as emoções todas de lugar. Se preocupou com a comida do cachorro, a pilha de roupa em cima da cama por guardar e as mensagens acumuladas sem responder no Whatsapp.

Aconteceu tantas vezes que já perdi a conta, mas algumas ainda me marcam. House foi minha paixão por sete anos: eles foram incríveis e Kevin Arnold que me perdoe pelo trocadilho. Eu costumava gargalhar almoçando enquanto o doutor metralhava todo mundo com aquela genialidade ranzinza. E me emocionava com a jornada dele que tinha um quê de Walter White (Breaking Bad) e de Don Draper (Mad Men): era o percurso de falência do heroi. Sem caráter, com a humanidade totalmente exposta.

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Até que House foi parar na prisão. Juro que eu não era daquelas chatas que achavam a decisão ruim porque ele não era um criminoso; sempre acreditei que a graça da série era justamente o fato de o médico estar muito perto do monstro. Adoro roteiristas que fazem movimentos ousados nas histórias e esse era mais um dos muitos nos oito anos de House. Mas ninguém soube o que fazer com essa tal liberdade. Tun-duntsss

Aí assisti a uma sucessão de episódios chatos, burocráticos e a recursos de impacto vergonhosos que acabaram com a minha integridade pessoal. Como é que eu ia sair por aí dizendo que era fã daquilo? É, minha gente, uma série que vai muito longe é como um namoro ruim. Você passa por vários estágios de frustração até o fim chegar.

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Depois da vergonha de ter a coisa ao lado, vem aquela sensação de “por que eu vou largar?”. Você investiu tempo e se envolveu com aquela série. Amava os pequenos detalhes, as frases ditas, os primeiros momentos juntos… Então você resolve dar uma nova chance. Afinal, ela já te surpreendeu antes. Quem sabe não adotam outro ritmo? Quem sabe as coisas não mudam?

Mas nunca muda,  né. E você começa a se sentir enrolada, meio sem saída. A mágica se perdeu, e agora? Arrumo outra? Desiste dessa relação e vai ser feliz a colheradas de Nutella na hora da sessão da tarde? Bate o sentimento do inevitável: vai acabar, você vai largar. Já sabe. Mas como ainda existe a sensação de intimidade, você se dá mais alguns episódios.

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É aí que algum sem noção desafia o seu último fio de paciência em forma de um acidente de avião, um casal errado junto ou uma história tonta que se arrasta: fantasmas, gravidez, etc. Pronto. Acabou o respeito.

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Às vezes, você dá sorte de a série acabar durante o período de bode e nem tem que tomar a decisão. Mas, a esse ponto… who cares? É melhor arrumar a coragem para desapegar, faz você se abrir para novas paixões fresquinhas, empolgantes. Que fazem o tempo parar novamente.

 

PS.: Mesmo assim, este post é um pedido: acabem logo, Grey’s Anatomy, Glee, Two And a Half Men, True Blood e Dexter!

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Um beijo,

Mari

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