Por que quando acontece uma traição é sempre a mulher que leva a culpa?
Marina Ruy Barbosa e Jordyn Woods NÃO foram as responsáveis pelo fim do relacionamento de ninguém
Nesta semana, o mundo das celebridades foi tomado por duas supostas traições que movimentaram a internet. Antes de tudo, atente-se para a palavra “supostas”, uma vez que nenhuma das partes dos casos que vamos comentar aqui confirmaram que algo de fato aconteceu, ok?
Ainda no fim de semana passado, depois que os atores José Loreto e Débora Nascimento anunciaram que o casamento deles havia chegado ao fim, começaram rumores de que o relacionamento dos dois teria acabado por causa de uma traição do ator. Em seguida, Marina Ruy Barbosa, colega de elenco dele na novela O Sétimo Guardião, foi levantada como “a pivô” da separação. Em suas redes sociais, a atriz correu para negar qualquer envolvimento com o término do casal. “Nunca teria, nem nunca tive, nada além de uma parceria profissional e amizade no trabalho, consequência da novela”, escreveu ela, mas o anúncio não serviu de muita coisa e o nome de Marina continuou a aparecer em todas as notícias relacionadas ao ator.
Enquanto isso, no mesmo fim de semana, mas nos Estados Unidos, Khloe Kardashian se separava do namorado Tristan Thompson. De acordo com o TMZ, a empresária descobriu que o boy a tinha traído mais uma vez (ele foi pego se envolvendo com outras mulheres ao menos duas vezes no passado, sendo que em uma delas Khloe estava grávida da filha deles, True) e o colocou para fora de casa. Para adicionar mais drama a uma situação já bastante dramática, a mulher com quem Tristan teria traído Khloe, segundo a publicação, era Jordyn Woods, melhor amiga de Kylie Jenner, a meia-irmã da socialite.
A gente sabe que polêmicas desse tipo despertam a atenção do público, porque 1) a gente fica curioso para saber o que realmente aconteceu; e 2) por mais egoísta que possa parecer, saber que celebridades sofrem com problemas pelos quais a gente também passa é, de certa forma, reconfortante.
Mas vocês repararam que, em ambos casos, as mulheres acabaram sendo muito mais prejudicadas e atacadas do que os próprios homens que traíram suas namoradas/esposas? Tanto Marina quanto Jordyn foram apontadas por inúmeros veículos como sendo as “pivôs” das separações de seus supostos amantes. Mas pera aí: eles têm tanta ou até mais culpa na separação do que elas.
Por causa do machismo enraizado e dos conceitos distorcidos de masculinidade, é muito comum a gente ouvir frases como “ah, mas a carne do homem é fraca” ou “a mulher ficou dando em cima do homem casado e ele não conseguiu resistir”. Mas gente, quem prometeu ser fiel à Débora, a “amá-la e respeitá-la na alegria e na tristeza” nos votos de casamento foi o José Loreto, não? Então era ele, acima de tudo, quem deveria ter mantido sua palavra. Além disso, até parece que mulher também não pode sentir desejo ou atração por outras pessoas – e não é por isso que a gente sai por aí traindo nossos namorados (ou que TODOS os homens do mundo traiam suas parceiras).
A questão de como o machismo ainda está muito presente no pensamento das pessoas, principalmente em casos como esses, fica ainda mais evidente quando o homem “assume a culpa” pelo que fez. Na quarta-feira (20), depois de muuuito bafafá e nomes levantados, José Loreto decidiu se manifestar sobre o caso e postou, no Instagram, um pedido de desculpas.
“Débora, você tem todas as razões para estar magoada comigo. Te dei motivos, indícios, diria que até provas que eu mesmo, se estivesse no seu lugar, diria que são inquestionáveis”, escreveu ele, afirmando que “apesar das evidências nada aconteceu” e pedido perdão à esposa e à filha e também “a todas as mulheres que se sentiram ofendidas por essa situação”, sem citar o nome de Marina em nenhum momento.
Um mero post de José Loreto foi o suficiente para que muitos seguidores, incluindo algumas celebridades, aceitassem o pedido de desculpas do ator, o reconhecendo como um grande ser humano por ter assumido seu erro e até mesmo torcendo para uma possível volta dele com Débora Nascimento. A gente não quer dizer que Zé não fez bem em se mostrar arrependido. Sim, todo mundo erra nessa vida e faz parte dela reconhecer os erros e aprender a lidar com eles. Mas se fosse Marina assumindo que traiu seu marido e ficou com outro homem casado, como seriam os comentários, hein? Vamos lembrar que a atriz negou qualquer envolvimento no caso e, mesmo assim, sua declaração foi praticamente ignorada – fora que ela continuou sendo apedrejada e perdeu seguidores.
Enquanto José Loreto era “perdoado” por muitos na internet, notícias com títulos como “‘Encantadora’ de homens casados apavora mulheres de atores da Globo” eram publicadas sobre Marina, afirmando que ela dava em cima de diversos atores da emissora e que as esposas destes se sentiam incomodadas pela ruiva.
“Ah, mas a Marina também é casada”, muita gente disse. Sim, ela também assumiu um comprometimento com seu marido, Xandinho Negrão, mas nem ele nem sua família parecem estar chateados com o que aconteceu. A sogra da atriz, inclusive, fez um post para defendê-la. A gente não sabe ao certo se eles perdoaram a suposta traição, se eles sabem que a verdade é outra ou até mesmo se, de repente, o relacionamento de Marina e Xandinho é aberto, por exemplo. Mas a verdade é que o casal não parece ter sido abalado pelas últimas notícias – e também não vemos ninguém fazendo matérias sobre como José Loreto “encantou mulheres casadas e apavorou pilotos de stock car”, né?
Não estamos querendo defender aqui quem dá em cima e/ou se relaciona com outras pessoas sabendo que elas são comprometidas. Afinal, num momento em que a gente fala tanto sobre sororidade e apoiar mulheres, é sempre legal pensar como você se sentiria no lugar da outra, certo? Ninguém gosta de ser traído.
Mas também é importante lembrar que é impossível trair ou ser traído sozinho. José Loreto, Tristan Thompson e tantos outros por aí é que eram os namorados/maridos que se comprometeram a ter um relacionamento monogâmico com suas parceiras. Por isso, os pivôs das separações deles são eles mesmos, e não outra mulher – seja lá quem ela for.