Porque o termo ‘showgirl’, citado por Taylor Swift, causa polêmica

'The Life of a Showgirl' reacende o interesse por um dos arquétipos mais glamourosos e controversos do entretenimento. A gente te explica.

Por Arthur Ferreira Atualizado em 16 ago 2025, 02h23 - Publicado em 15 ago 2025, 09h00
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uando Taylor Swift anunciou que seu 12º álbum de estúdio se chamaria The Life of a Showgirl com lançamento marcado para 3 de outubro, a reação foi imediata. Além da capa, o próprio título virou assunto. Afinal, o que significa “showgirl” e por que essa figura desperta tanta fascinação?

De símbolo chamativo a ícone do espetáculo

Segundo a National Geographic, a palavra “showgirl” surgiu na Inglaterra do século 18 para descrever, de forma pejorativa, mulheres que se vestiam ou se comportavam de modo vistoso para chamar atenção. A partir do século 19, o termo ganhou novo significado: passou a designar artistas que se apresentavam em casas de espetáculos britânicos e nos cabarés franceses, combinando canto, dança e interpretação.

O Moulin Rouge, inaugurado em Paris em 1889, é um dos marcos dessa história. Suas apresentações incluíam o can-can, dança ousada para a época, que exibia anáguas (peça de roupa feminina usada por baixo de vestidos ou saias) e movimentos acrobáticos, eternizada nas pinturas de Henri de Toulouse-Lautrec. Outro endereço emblemático foi o Folies Bergère, que em 1918 apresentou a primeira showgirl completamente nua no palco, um escândalo para os padrões da época.

Troupe De Mlle Eglantine, Henri De Toulouse-Lautrec (Albi 1864 - 1901 Malromé Castle), 1896, Print.
Troupe De Mlle Eglantine, Henri De Toulouse-Lautrec (Albi 1864 – 1901 Malromé Castle), 1896, Print. Sepia Times/Universal Images Group/Getty Images

A chegada aos Estados Unidos e o auge em Las Vegas

Segundo a historiadora Eve Golden, foi o produtor Florenz Ziegfeld, inspirado pelo formato do Folies Bergère, quem ajudou a moldar a imagem moderna da showgirl nos Estados Unidos. Suas Ziegfeld Follies, estreando em 1907 na Broadway, misturavam coreografias elaboradas, figurinos luxuosos e até desfiles de moda no palco.

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A partir dos anos 1940, a estética desembarcou em Las Vegas. O cassino El Rancho Vegas foi o primeiro a incluir dançarinas como parte do entretenimento, e logo outros empreendimentos adotaram números com fantasias cada vez mais extravagantes. Durante as décadas de 1950 e 1960, shows como o Lido de Paris no Stardust e o Follies Bergère no Tropicana tornaram-se símbolos da cidade, com bailarinas cobertas de plumas, pedrarias e, muitas vezes, pouco mais que isso.

Com o tempo, o formato perdeu espaço, e os grandes espetáculos de showgirls foram desaparecendo no início dos anos 2000. Ainda assim, sua estética segue viva em musicais, filmes e performances pop.

Sandra Bullock em Miss Simpatia 2 - Armada e Poderosa
Sandra Bullock em Miss Simpatia 2 – Armada e Poderosa YouTube/Rotten Tomatoes/Reprodução

Do cinema ao pop: a showgirl na cultura pop

A figura da showgirl foi retratada e reinventada diversas vezes na cultura pop. Entre os exemplos mais icônicos estão:

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  • Paixão de Todos (1930) – Dixie, interpretada por Alice White, vive uma jovem showgirl em adaptação de espetáculo da Broadway, retratando figurinos e performances da época.
  • Cabaret (1972)Liza Minnelli interpreta Sally Bowles, performer em Berlim durante a ascensão do nazismo. O musical vencedor de oito Oscars explora glamour, vulnerabilidade e contexto político.
  • Showgirls (1995)Elizabeth Berkley busca fama em Las Vegas em um retrato polêmico e sexualizado da profissão, dirigido por Paul Verhoeven.
  • Moulin Rouge! (2001)Nicole Kidman vive Satine, o “diamante brilhante” do cabaré parisiense. Dirigido por Baz Luhrmann, o filme venceu dois Oscars.

  • Chicago (2002) – Roxie Hart (Renée Zellweger) e Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones) competem por fama em Chicago. Dirigido por Rob Marshall, o musical venceu seis Oscars.
  • Burlesque (2010)Christina Aguilera e Cher estrelam um teatro de Los Angeles com coreografias ousadas e figurinos luxuosos.
  • Crazy Horse (2011) – Documentário de Frederick Wiseman sobre o cabaré parisiense, revelando a sensualidade performática e artística das dançarinas.
  • The Last Showgirl (2024) Pamela Anderson interpreta uma veterana que enfrenta o encerramento do seu show de 30 anos. Indicado ao Globo de Ouro, o filme traz música original de Miley Cyrus, Beautiful That Way.

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Também há a influência no pop contemporâneo: Kylie Minogue batizou duas turnês com o nome Showgirl; Beyoncé se inspirou no Crazy Horse de Paris para o clipe de Partition; e a drag queen Bosco, conhecida por performances burlescas com leques e plumas, ganhou destaque no RuPaul’s Drag Race All Stars 10 — coincidência ou não, usando laranja, a mesma cor que predomina na identidade visual do novo álbum da loirinha.

Mais que plumas e brilhos

A trajetória das showgirls no cinema e na cultura pop mostra que o glamour das plumas e brilhos vai muito além da sensualidade: envolve dedicação, performance e o peso de estar constantemente sob os holofotes. Essas representações revelam as histórias, desafios e vulnerabilidades dessas artistas.

Para Taylor Swift, The Life of a Showgirl parece seguir essa mesma linha: “Meu dia termina em uma banheira, não normalmente com um vestido deslumbrante… Eu queria glamourizar todos os aspectos da turnê”, disse ela no podcast New Heights. “Eu queria ter um momento fora do palco como capa principal do álbum, porque o álbum não é realmente sobre o que aconteceu no palco, mas o que aconteceu fora do palco.”

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