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Polêmica: por que Girls não tem meninas negras?

Por Da Redação 4 dez 2012, 18h45

Meninas, bati um papo ótimo com a escritora Caitlin Moran, autora do livro cômico-feminista Como Ser Mulher para a GLOSS de dezembro. A Caitlin é super fã de Girls e da Lena Dunham (vocês podem imaginar para onde essa conversa seguiu, né…). Claro que fiquei curiosíssima para saber mais a respeito das polêmicas recentes com a série em que ela acabou se envolvendo também! Primeiro, vou explicar bem rapidinho pra vocês o que aconteceu:

Girls levou algumas críticas nos EUA por não ter meninas negras no elenco. A Lena chegou a responder que baseou a série em suas próprias experiências como uma garota branca e meio-judia e que ela se julgava incapaz de escrever sobre as experiências únicas que garotas negras passam. Até aí, ok.

preconceituosa, eu?

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Onde entra a Caitlin nesta história? Já conto: a escritora também é colunista no jornal inglês The Times e tuitou no início de outubro que estava empolgada, porque iria entrevistar Lena. Em resposta, uma seguidora perguntou se ela questionaria a criadora da série sobre a ausência de personagens negras. No seu estilo desbocado de ser (sério, leiam o livro. É muito divertido vê-la protestar contra depilação, falar de sexo, etc.!), Caitlin afirmou: “Não. Eu literalmente não dou a mínima”. E a leitora devolveu, revoltada: “Que surpresa. Caitlin Moran ama Lena Dunham. Feministas brancas que ignoram as experiências das ‘mulheres de cor’ [sic] têm que se manter unidas!”.

Caitlin foi muito criticada pela posição, mais até do que Lena, muito pela forma com que ela deu sua opinião. Sobre essa história, ela chegou a dizer para o site Jezebel: Eu escrevi ‘Como Ser [uma] Mulher’,  não ‘Como Ser Todas As Mulheres’. Eu nunca presumiria que posso falar por 3,3 bilhões de mulheres. Não há uma única voz no feminismo. Não há uma só voz para nada. Se uma mulher negra fizesse uma série tão engraçada, honesta e ousada como a da Lena – desfilando por aí meio gordinha, nua, com espinhas e falando sobre aborto – eu escreveria uma enorme matéria sobre isso também. E eu não perguntaria para a autora porque não tem personagens brancos na série, como eu também não perguntei pra Lena porque não tem pessoas negras em Girls.

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Por isso, eu fui atrás dela pra saber sobre Lena, Girls, as meninas negras e o que o resto do mundo tem a ver com isso:

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“O que a Lena faz é o equivalente à Madonna com o livro sobre sexo. Ela é corajosa. Agora, a única coisa inquestionável aí é que precisamos de mais vozes, mais histórias. O mundo que vemos na televisão, nos livros e na política é, geralmente, hetero, branco e masculino. Além de ser obviamente e irritantemente injusto, é muito chato. Eu não ligo pra outro cara hetero e branco que não consegue crescer e comete uma série de erros adoráveis. Existem 7 bilhões de pessoas no mundo e deveria haver 7 bilhões de opções para se fazer as coisas. Mas não há. São as mesmas três ou quatro coisas se repetindo.”

Sobre outras questões femininas (como o peso!), a Caitlin me falou que…

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O problema do feminismo nos últimos 20 anos é que é uma conversa que só acontece nas universidades. Para servir para alguma coisa, tem que acontecer na cultura pop: filmes, séries e livros. Se você está incomodada com o fato de que toda mulher que vê na TV é magra, um pouco desmiolada, tem pelo menos uma cena em que come um bolo enquanto chora e, antes de se sentir bem, compra um novo par de sapatos: Parabéns! Você é uma feminista. Se o feminismo estivesse funcionando, você veria garotas na sua tela que a fariam pensar “Olha, ela é como eu. Ou como aquela minha amiga inteligente e engraçada. Ou minha mãe!”. Mulheres de quem você gosta e reconhece. Eu raramente me sinto assim com as mulheres que vejo na TV. Todas me fazem olhar para minhas coxas gordas e chorar. Ao contrário dos homens que vejo: todos me fazem sentir inteligente!

E por falar em Girls, meninas, vocês já viram o trailer novo da 2ª temporada da série? A-MEI. Nele, a Hannah diz que é um indivíduo e sente o que sente quando quiser! ♥

httpvh://youtu.be/9FPkC9In57I

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(Antes que me perguntem, a música que toca no fim é “Anything Could Happen”, da Ellie Goulding.)

Não esqueçam: o resto desta entrevista está na GLOSS de dezembro, que chega às bancas nesta semana. Corram! Até porque… quero saber o que vocês acham dessa história toda! Girls devia ter meninas negras? Deixem suas opiniões aí nos comentários!

Beijo 😉

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