Pela primeira vez no Brasil, Laufey comenta sobre novo disco e fãs LGBTQ+
Antes de se apresentar no Popload Festival, artista islandesa conversou com a CAPRICHO sobre novos singles, conexão com o Brasil e inspirações.

ela primeira vez no Brasil, Laufey desembarcou cheia de expectativas (e de paixão por pão de queijo). A cantora e compositora islandesa-chinesa se apresentou no Popload Festival neste sábado (31) com um repertório que já começa a dar pistas do que vem aí em seu próximo álbum, A Matter of Time.
Em conversa com a CAPRICHO, Laufey falou sobre as emoções por trás dos novos singles Tough Luck e Silver Lining, deu conselhos para quem enfrenta relações tóxicas, refletiu sobre suas conexões com o público LGBTQIA+ e compartilhou um pouco do que significa, para ela, estar finalmente no Brasil.
Leia a entrevista com a Laufey na íntegra:
CAPRICHO: Essa é sua primeira vez no Brasil! Você está gostando? Como está sendo?
Laufey: Eu estou amando! Faz muito tempo que não chego em um país onde ainda não fiz meu primeiro show. Na maioria dos lugares, já estou indo para o segundo ou terceiro. Então, estou muito animada, especialmente por ser tão inspirada pela música brasileira. Estou animada pra conhecer os fãs!
CH: A gente ouviu dizer que você se apaixonou pelo pão de queijo…
L: Sim! Já comi muito. Foi a primeira coisa que peguei quando saí do avião. Estava morta de cansaço no carro, comendo.
CH: No Popload, você divide o line-up com a Norah Jones, com quem já colaborou. Como é para você compartilhar esse momento no Brasil com ela?
L: Meu Deus… Sempre que vejo meu nome ao lado do dela de qualquer forma, eu fico muito empolgada. Parece surreal! Mandei mensagem pra ela: ‘Quando você chegar em São Paulo, vamos almoçar?’. E ela respondeu: ‘Claro!’. E eu: ‘Meu Deus!’ – ainda me surpreendo quando recebo uma mensagem dela.
CH: Seus novos singles, Tough Luck e Silver Lining, já revelam tons muito intensos e vulneráveis. O que essas duas músicas dizem sobre o clima geral do seu próximo álbum, A Matter of Time?
L: O clima geral tem uma gama de emoções. É difícil resumir em uma só. Silver Lining está em um extremo – apaixonada, cheia de amor – e Tough Luck está no oposto – meio ‘eu te odeio’ (risos). O álbum está entre esses dois sentimentos.
CH: Em Tough Luck, você canta sobre um relacionamento tóxico, em que a outra pessoa tenta diminuir quem você é. Que conselho você daria para uma garota que está vivendo algo assim?
L: Primeiro: não se culpe por estar em uma situação dessas. É importante passar por experiências para saber o que você quer. E, principalmente, não tenha medo de se impor e reconhecer seu valor. Às vezes, parece que não existe ninguém melhor no mundo, mas pense em quantos amigos incríveis você tem, que são gentis com você. Você também pode encontrar isso em um parceiro.
CH: Silver Lining raz um amor imperfeito, mas ainda assim cheio de beleza — e tem ressoado muito com fãs LGBTQIA+. Como você se sente ao ver suas músicas criando esse tipo de conexão tão profunda e representativa?
L: Isso significa muito. A razão pela qual eu faço música é, em parte, para dar voz a pessoas que talvez não se sentiram vistas. Eu cresci sendo asiática na Islândia e nunca me senti parte de nada. Não namorava, não me encaixava. E sinto que essa sensação de não pertencimento é algo que compartilho com a comunidade LGBTQ. Então, escrever sobre o primeiro amor, sobre finalmente ser vista, é muito especial. Sempre quis escrever músicas para quem nunca teve músicas escritas para si.
CH: Sabemos que você ama a música brasileira e que João Gilberto é uma inspiração enorme. Tem outros artistas brasileiros que você admira ou com quem gostaria de colaborar?
L: A maioria são músicos do passado. Sempre que me perguntam com quem eu sonho colaborar, eu penso: ‘Já morreu’ (risos). Mas eu amo a Astrud Gilberto e o Luiz Bonfá, esses ícones da bossa nova.
CH: Pensando em toda a sua trajetória até aqui, dos primeiros passos como artista até tocar em grandes festivais, que conselho você daria para a Laufey de alguns anos atrás?
L: Acredite no seu talento e na sua identidade única. Eu sempre fui muito eu mesma, mas não tinha tanta confiança nisso. Andava por aí pensando: ‘Ah, sou diferente’. Queria ter encontrado conforto nisso desde cedo. Então, meu conselho seria: seja você com orgulho.