‘O talento sempre fala mais alto’, afirma Adora Black após eliminação

Com apenas três anos de carreira, Adora marcou a história do Drag Race Brasil com looks icônicos e conquistou fãs pelo mundo todo

Por Arthur Ferreira 27 ago 2025, 19h01
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quem não adora? Na segunda temporada de Drag Race Brasil, um dos momentos mais virais foi o vestido feito de papel por Adora Black. A drag queen de 26 anos não só venceu esse desafio como também se consagrou no ball. Mas a maré de sucesso teve uma virada inesperada: logo após se tornar a primeira participante da edição a conquistar duas vitórias, Adora foi eliminada.

Mesmo com a saída pouco tempo antes da final, Adora Black deixou sua marca. A queen fez todos os seus looks da temporada, viralizou mundialmente e provou que carisma e talento não dependem de anos de estrada. “Foi um misto de sentimentos assistir à minha eliminação. Apesar de já saber o que aconteceu, ver tudo acontecendo na tela é outra emoção”, contou em entrevista à CAPRICHO.

Acredito que eu saia como uma favorita dos fãs. Mostrei não só o lado fashion e poderoso da minha drag, mas também um lado sensível, tímido e introspectivo. Muitas pessoas se identificaram.

Adora Black em entrevista à CAPRICHO

Na temporada, a principal crítica à Adora foi sobre versatilidade. A queen não conseguiu se destacar em desafios de comédia e aconteceu aquele clichê que já conhecemos de Drag Race: os jurados ficaram na dúvida se Adora conseguiria ser mais do que uma fashion queen.

Sobre essas críticas, ela rebateu: “Não tem um jeito certo de fazer drag. Não tem um molde. A minha drag realmente tem essa pegada mais fashion e estética, mas não vejo isso como uma falha”, mas também admitiu que poderia ter continuado na competição se tivesse conseguido se destacar em outro aspectos: “Eu sentia que conseguiria me adaptar ao programa. Talvez por conta da pressão lá dentro acabei duvidando de mim mesma em alguns momentos.”

A timidez foi um obstáculo para mim dentro do programa, mas não foi um problema. No fim, o talento sempre fala mais alto. E o meu talento falou mais alto. Pessoas introspectivas também merecem brilhar. A gente nem sempre precisa ser expansivo para deixar nossa marca nos lugares.

Adora Black em entrevista à CAPRICHO
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Entre os destaques de sua jornada, o look de papel segue sendo um divisor de águas. “Esse look furou a bolha. Fez sucesso no mundo todo, recebi mensagem de vários lugares. Foi o meu auge no programa e o momento mais marcante para mim.”

O reconhecimento chegou até de nomes internacionais. A CAPRICHO levou alguns looks da 2ª temporada do Drag Race Brasil para drags norte-americanas reagirem nos bastidores da Realness Festival. Apesar de Adora ter recebido elogios de todas, Sasha Velour, vencedora da nona temporada do Drag Race original, elogiou pessoalmente o trabalho da brasileira. “Ela disse que foi uma das coisas mais icônicas já feitas. Fiquei muito emocionada.”

Leia a entrevista completa de Adora Black à CAPRICHO:

CAPRICHO: Como foi assistir ao episódio da sua eliminação?

Adora Black: Foi um misto de sentimentos. Apesar de já ter sido gravado e eu saber o que aconteceu, assistir e ver tudo acontecendo é outra emoção. Eu estava muito emocionada porque eu sabia o que ia acontecer, mas ao mesmo tempo era um sentimento diferente do que aconteceu lá porque agora eu estava vendo de outra perspectiva. 

CH: O público ficou chocado com a sua saída. Naquele momento você era a frontrunner com duas vitórias e a favorita de muitos fãs. Como você enxerga sua trajetória e o carinho que tem recebido dos fãs durante a temporada?

AB: Acredito que eu saia como uma favorita dos fãs. Mostrei não só o lado fashion e poderoso da minha drag, mas também um lado sensível, tímido e introspectivo. Muitas pessoas se identificaram. Mesmo assim, o talento no fim sempre fala mais alto. É uma mensagem para os fãs: eles podem confiar no seu talento e que apesar do seu jeitinho, podem chegar em qualquer lugar e, inclusive, ganhar dois desafios. Em uma competição onde tem muitas drags boas, ainda consegui me destacar com o meu jeitinho mais tímido.

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CH: Na sua trajetória houve aquela narrativa já conhecida em Drag Race sobre a drag bonita que “não consegue ser feia ou engraçada”. Olhando para sua participação, o que você acha dessa crítica?

AB: Não tem um jeito certo de fazer drag. Não tem um molde. A minha drag realmente tem essa pegada mais fashion e estética, mas não vejo isso como uma falha. Eu sentia que conseguiria me adaptar ao programa. Talvez por conta da pressão lá dentro acabei duvidando de mim mesma em alguns momentos. A gente acaba se prendendo por sair da zona de conforto. Acredito que se eu conseguisse me destacar fora o lado fashion, poderia ter continuado na competição.

CH: Também vimos você desabafar sobre não ter uma personalidade expansiva. Você acha que lidar com a timidez foi sua maior dificuldade no programa?

AB: A timidez foi um obstáculo para mim dentro do programa, mas não foi um problema. No fim, o talento sempre fala mais alto. E o meu talento falou mais alto. Pessoas introspectivas também merecem brilhar. A gente nem sempre precisa ser expansivo para deixar nossa marca nos lugares.

CH: Qual foi seu momento favorito na competição?

AB: Meu momento favorito na competição, com certeza, foi no segundo episódio onde eu fiz o meu icônico look de papel. Esse look furou a bolha. Fez sucesso no mundo todo, eu recebi mensagem de vários lugares do mundo. Foi o meu auge no programa e o momento mais marcante para mim.

CH: Para quem fica a sua torcida após sua eliminação?

AB: Como a minha irmã Ruby Nox me eliminou, agora ela tem a obrigação de levar essa coroa. Tô torcendo para a minha irmã pernambucana, minha irmã escorpiana. A gente faz aniversário no mesmo dia, então eu tenho um carinho muito especial por ela.

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CH: Vimos que durante o episódio há algumas trocas de shade com a Poseidon. Como está a amizade de vocês?

AB: Às vezes as pessoas esquecem que é tudo TV e precisa ter esses momentos, né? Essa troca de shade, principalmente quando você é drag e está acostumada a lidar com outras drags em camarins, sempre rola. E eu amo a Poseidon de paixão. A gente é amiga muito próxima aqui fora e o que fica no programa, fica no programa. Aqui fora a gente tá de boa, a gente continua sendo amigas e se falando direto.

CH: Recentemente a CAPRICHO apresentou alguns looks do Drag Race Brasil para queens internacionais reagirem nos bastidores da Realness. Como foi ver queens que você admira te elogiarem? Pode nos contar mais sobre seu encontro com a Sasha Velour nos bastidores?

AB: Foi uma loucura ver drags que eu admiro há tantos anos elogiando o meu look e o meu trabalho. Nunca imaginei. Foi incrível conhecer a Sasha Velour. Ela me chamou para falar diretamente comigo e elogiou demais o meu look, disse que foi uma das coisas mais icônicas já feitas. Significa muito para mim vindo dela, que é um ícone fashion e tem um bom gosto de fazer inveja. Fiquei muito emocionada, muito feliz e ela foi uma fofa.

CH: Os seus fãs e os fãs do programa querem muito que você tenha uma segunda chance. Pensando até na sua frase de despedida, se você for chamada para uma edição “vs the world”. Com quais queens internacionais você gostaria de competir com?

AB: O público ficou com gostinho de quero mais da Adora Black. Com certeza eu voltaria em um vs. the world. Eu adoraria enfrentar as drags que eu sou muito fã tipo a Tayce e talvez alguma winner, tipo a Jaida Essence Hall. São várias que eu adoraria enfrentar.

CH: Na sua saída você comenta que é uma baby drag. Pensando em tudo o que você conquistou até aqui, o que você diria para a Adora que estava começando a se montar? E quais sonhos você ainda quer alcançar?

AB: Eu acabei de formar três anos de drag. Quando entrei no programa, tudo era muito novo para mim. Desde o primeiro momento em que eu decidi ser drag, eu sabia que eu estava predestinada a alguma coisa. Eu sempre acreditei demais no meu sonho e corri atrás dele. Quando veio o Drag Race e eu consegui entrar, foi a realização de um sonho. Eu era muito fã do programa, aliás sou, sempre fui. Foi o auge para mim ter conseguido entrar. Eu falaria para a Adora que todo o esforço que ela fez durante esses anos valeu a pena. Correr atrás dos nossos sonhos vale a pena e se esforçar por eles vale mais ainda. O futuro tem coisas grandiosas para a gente ainda, não acabou e muita coisa boa vai acontecer. Eu acredito, eu tenho fé.

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