O histórico do Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional
Do clássico O Pagador de Promessas ao histórico Ainda Estou Aqui, o Brasil já inscreveu 55 produções na disputa por uma vaga no Oscar

Academia Brasileira de Cinema anunciou, nesta segunda-feira (15/9), que O Agente Secreto, novo longa de Kleber Mendonça Filho, será o representante do Brasil na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026. Protagonizado por Wagner Moura, o filme coloca um ex-agente da ditadura frente a uma trama de espionagem política que dialoga com os dilemas atuais do país.
A escolha, que deixou para trás produções como Manas, Baby e Kasa Branca, veio após a repercussão de Cannes, onde o longa venceu quatro prêmios, incluindo o do Júri, e também de uma polêmica disputa de bastidores. Nas redes, a hashtag #OAgenteSecretoNoOscar viralizou, enquanto parte do público criticava o suposto “lobby milionário” em torno de Manas, que tinha Sean Penn como produtor executivo.
Agora, o filme se junta a uma lista de 55 produções que já foram escolhidas para representar o Brasil na premiação mais famosa do cinema mundial. Desses, apenas cinco chegaram entre os finalistas e só um conquistou a estatueta.
A estreia do Brasil na categoria aconteceu em 1961 com A Morte Comanda o Cangaço, mas sem chegar à final. Dois anos depois, em 1963, o país finalmente conseguiu sua primeira indicação com O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte. O longa tinha vencido a Palma de Ouro em Cannes e entrou como favorito, mas perdeu para o francês Les Dimanches de Ville d’Avray.
Antes disso, o Brasil já havia se aproximado do Oscar com Orfeu Negro (1960), adaptação de Vinícius de Moraes dirigida pelo francês Marcel Camus. O filme venceu o prêmio de Melhor Filme Internacional, mas competindo pela França.
Ao longo das décadas, o país seguiu enviando produções icônicas, ainda que muitas não tenham passado da primeira fase. Nos anos 1980, por exemplo, Pixote, a Lei do Mais Fraco, de Hector Babenco, chegou a ser desclassificado por problemas de elegibilidade. Já em 1986, Babenco brilhou em outras categorias com O Beijo da Mulher Aranha, mas o filme não pôde representar oficialmente o Brasil por ter mais da metade dos diálogos em inglês.
Foi só em 1996 que o Brasil voltou ao grupo dos finalistas com O Quatrilho, de Fábio Barreto. Dois anos depois, O Que É Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto, também entrou na disputa, seguido por Central do Brasil, de Walter Salles, em 1999. Este último conquistou ainda a indicação de Fernanda Montenegro como Melhor Atriz, tornando-se um marco para o cinema nacional.
Depois, o silêncio durou décadas: nem mesmo Cidade de Deus (2003), que garantiu quatro indicações em outras categorias, conseguiu espaço entre os concorrentes de Melhor Filme Internacional.
O jejum foi quebrado em 2025, quando Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, conquistou não só a indicação como também a primeira vitória do Brasil na categoria. O filme também foi indicado a Melhor Filme e Melhor Atriz, novamente com Fernanda Torres, repetindo a relevância que Montenegro teve em 1999.
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