NandaTsunami faz do caos poesia no álbum “É Disso Que Eu Me Alimento”

Em entrevista à CAPRICHO, a artista fala sobre o processo de autoconhecimento que deu origem ao disco

Por Arthur Ferreira Atualizado em 15 out 2025, 10h32 - Publicado em 14 out 2025, 19h00
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ntre batidas intensas e versos confessionais, NandaTsunami transforma suas vivências em arte no álbum de estreia É Disso Que Eu Me Alimento. Indo do caos à cura, o projeto apresenta uma artista que encara o amor não como ideal romântico, mas como força de transformação.

Antes de se firmar como uma das vozes mais promissoras do rap feminino, Nanda já brincava com o universo artístico nas redes. O “Tsunami” nasceu de um verso do MC Daleste — “se eles tiram onda, eu tiro tsunami” — e foi adotado ainda na época em que ela administrava um fã-clube no Twitter. “Mais tarde, quando comecei a entrar nesse universo do rap, percebi que todo mundo tinha um vulgo, um nome artístico, e acabei resgatando esse que eu usava na época do fã-clube”, contou à CAPRICHO.

A relação com a arte começou com DVDs de Britney Spears e Shakira tocando sem parar em casa. “Acho que minha primeira relação com a arte foi essa: me imaginar sendo essas artistas”, relembra. Mas o rap entrou na adolescência. Primeiro pelas referências internacionais, depois pela cena paulistana.

O desejo de fazer música ganhou forma em 2020, durante a pandemia, quando Nanda escreveu sua primeira letra. Antes disso, ela já fazia parte da cena de outro jeito: criando bijuterias e correntes para artistas.

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Nanda Tsunami
Nanda Tsunami @beatrizpannain/Divulgação

O disco de estreia reflete essa trajetória de reconstrução pessoal. “A primeira música que escrevi foi Segredo e Feitiço. Eu tinha passado por relacionamentos difíceis, inclusive um extremamente abusivo, que me fez até dar uma pausa na música”, conta.

O processo de composição se tornou um espelho de autoconhecimento. “Eu queria entender minhas próprias responsabilidades e os meus padrões. E, conforme os meses foram passando, fui vivendo novas situações, paixões e até obsessões. Eu era uma pessoa que se apaixonava de forma muito intensa, quase obsessiva, e comecei a querer entender como isso funcionava em mim.”

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Quando você enxerga algo dentro de si, não dá mais pra fingir que não viu. Às vezes você tá repetindo um hábito ruim sem perceber, mas a partir do momento em que toma consciência, não dá pra continuar igual.

NandaTsunami em entrevista à CAPRICHO

Musicalmente, É Disso Que Eu Me Alimento mistura trap, afrobeat, house e bounce, refletindo o fluxo emocional de cada faixa. “eu queria que cada música tivesse uma sensação própria. Por exemplo, Oi, Linda me lembrava uma noite quente, de sexta-feira, sabe? O afrobeat traz muito essa energia. Então eu quis que as batidas conversassem com o que a letra e o sentimento pediam.”

O álbum também propõe novas formas de pensar o amor, tema recorrente, mas raramente tratado com tanta consciência. “A gente fala muito de amor, mas de um jeito distorcido, quase sempre vindo de um lugar de carência. Eu quis mostrar o amor como essa força que transforma”, explica.

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Eu quero que as meninas mais novas entendam que o amor é potente, mas que é importante sentir com consciência e responsabilidade. Antes de entregar o nosso amor pro outro, a gente precisa se amar primeiro.

NandaTsunami em entrevista à CAPRICHO

Inspirada por nomes como MC Luanna e AJULIACOSTA, Nanda vê no rap feminino um espaço de poder e autenticidade. “O rap feminino tem essa coisa da forma como a gente se impõe com sinceridade. Isso inspira e fortalece o movimento. A gente aprende com elas, e as próximas aprendem com a gente.”

E se a arte é o que move Nanda, a moda é uma extensão de sua expressão. “A forma como eu me apresento já mostra de onde eu venho e o que eu acredito. É até político”, diz. Com estética maximalista, ela transforma o visual em manifesto. “Eu gosto dessa feminilidade quase mágica, que sempre admirei em artistas como Britney e Shakira. É um pouco disso que quero trazer pro meu estilo hoje.”

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Em É Disso Que Eu Me Alimento, NandaTsunami une força, vulnerabilidade e poesia para construir uma narrativa que vai além da música. Um retrato de recomeço, de uma artista que aprendeu a se amar antes de amar o mundo e de um novo nome do rap que você deveria ficar de olho.

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