NandaTsunami faz do caos poesia no álbum “É Disso Que Eu Me Alimento”
Em entrevista à CAPRICHO, a artista fala sobre o processo de autoconhecimento que deu origem ao disco

ntre batidas intensas e versos confessionais, NandaTsunami transforma suas vivências em arte no álbum de estreia É Disso Que Eu Me Alimento. Indo do caos à cura, o projeto apresenta uma artista que encara o amor não como ideal romântico, mas como força de transformação.
Antes de se firmar como uma das vozes mais promissoras do rap feminino, Nanda já brincava com o universo artístico nas redes. O “Tsunami” nasceu de um verso do MC Daleste — “se eles tiram onda, eu tiro tsunami” — e foi adotado ainda na época em que ela administrava um fã-clube no Twitter. “Mais tarde, quando comecei a entrar nesse universo do rap, percebi que todo mundo tinha um vulgo, um nome artístico, e acabei resgatando esse que eu usava na época do fã-clube”, contou à CAPRICHO.
A relação com a arte começou com DVDs de Britney Spears e Shakira tocando sem parar em casa. “Acho que minha primeira relação com a arte foi essa: me imaginar sendo essas artistas”, relembra. Mas o rap entrou na adolescência. Primeiro pelas referências internacionais, depois pela cena paulistana.
O desejo de fazer música ganhou forma em 2020, durante a pandemia, quando Nanda escreveu sua primeira letra. Antes disso, ela já fazia parte da cena de outro jeito: criando bijuterias e correntes para artistas.

O disco de estreia reflete essa trajetória de reconstrução pessoal. “A primeira música que escrevi foi Segredo e Feitiço. Eu tinha passado por relacionamentos difíceis, inclusive um extremamente abusivo, que me fez até dar uma pausa na música”, conta.
O processo de composição se tornou um espelho de autoconhecimento. “Eu queria entender minhas próprias responsabilidades e os meus padrões. E, conforme os meses foram passando, fui vivendo novas situações, paixões e até obsessões. Eu era uma pessoa que se apaixonava de forma muito intensa, quase obsessiva, e comecei a querer entender como isso funcionava em mim.”
Quando você enxerga algo dentro de si, não dá mais pra fingir que não viu. Às vezes você tá repetindo um hábito ruim sem perceber, mas a partir do momento em que toma consciência, não dá pra continuar igual.
NandaTsunami em entrevista à CAPRICHO
Musicalmente, É Disso Que Eu Me Alimento mistura trap, afrobeat, house e bounce, refletindo o fluxo emocional de cada faixa. “eu queria que cada música tivesse uma sensação própria. Por exemplo, Oi, Linda me lembrava uma noite quente, de sexta-feira, sabe? O afrobeat traz muito essa energia. Então eu quis que as batidas conversassem com o que a letra e o sentimento pediam.”
O álbum também propõe novas formas de pensar o amor, tema recorrente, mas raramente tratado com tanta consciência. “A gente fala muito de amor, mas de um jeito distorcido, quase sempre vindo de um lugar de carência. Eu quis mostrar o amor como essa força que transforma”, explica.
Eu quero que as meninas mais novas entendam que o amor é potente, mas que é importante sentir com consciência e responsabilidade. Antes de entregar o nosso amor pro outro, a gente precisa se amar primeiro.
NandaTsunami em entrevista à CAPRICHO
Inspirada por nomes como MC Luanna e AJULIACOSTA, Nanda vê no rap feminino um espaço de poder e autenticidade. “O rap feminino tem essa coisa da forma como a gente se impõe com sinceridade. Isso inspira e fortalece o movimento. A gente aprende com elas, e as próximas aprendem com a gente.”
E se a arte é o que move Nanda, a moda é uma extensão de sua expressão. “A forma como eu me apresento já mostra de onde eu venho e o que eu acredito. É até político”, diz. Com estética maximalista, ela transforma o visual em manifesto. “Eu gosto dessa feminilidade quase mágica, que sempre admirei em artistas como Britney e Shakira. É um pouco disso que quero trazer pro meu estilo hoje.”
Em É Disso Que Eu Me Alimento, NandaTsunami une força, vulnerabilidade e poesia para construir uma narrativa que vai além da música. Um retrato de recomeço, de uma artista que aprendeu a se amar antes de amar o mundo e de um novo nome do rap que você deveria ficar de olho.
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