Música ‘Mãe’ de Emicida, é reflexo do amor do artista por Dona Jacira

Artista plástica e escritora morreu na tarde desta segunda-feira (28), aos 60 anos.

Por Andréa Martinelli Atualizado em 28 jul 2025, 17h38 - Publicado em 28 jul 2025, 17h37
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ona Jacira, mãe do rapper Emicida e de Fióti, morreu na tarde desta segunda-feira (28), aos 60 anos. Ela, que era escritora e artista plástica, lutava há mais de duas décadas contra o lúpus e fazia hemodiálise; além dos artistas já conhecidos, ela deixa mais duas filhas, Katia e Katiane.

Ela estava hospitalizada em São Paulo, mas, até o momento, a causa da morte não foi divulgada. Em comunicado, a família afirma que ela era “mãe, avó, escritora, compositora, poeta, artesã e formada em desenvolvimento humano, como gostava de ser reconhecida”.

“Dona Jacira foi uma mulher detentora de tecnologias ancestrais de sobrevivência e resistência que construíram um legado enorme para as artes e para a cultura afrobrasileira. Esse legado será levado adiante por sua família e todas as pessoas que tiveram suas vidas impactadas e transformadas por sua presença de cuidado, amor, luz e fé neste plano. A família agradece por todo amor e carinho e pede que respeitem a sua privacidade nesse momento tão difícil”, finaliza o comunicado.

Na música Mãe, do álbum Sobre quadris, crianças e lições de casa, de 2015, Emicida, faz uma homenagem a ela, Dona Jacira Roque de Oliveira.

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Em um dos versos, ele afirma que “não esqueci da senhora limpando o chão desses boy cuzão, tanta humilhação não é vingança, hoje é redenção; uma vida de mal me quer, não vi fé. Profundo ver o peso do mundo nas costas de uma mulher.”

Dona Jacira era uma figura carismática e ficou conhecida primeiro pelo público dos filhos, e depois pelo seu próprio, por ser uma detentora de saberes — como diz a nota enviada à imprensa.

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Ela viveu maus tratos na infância, teve uma adolescência difícil e viveu um casamento abusivo. Já na maturidade, ela se voltou para a arte e encontrou em suas raízes ancestrais e no sucesso dos filhos, um espaço também para chamar de seu.

Dona Jacira chegou, inclusive, a aplicar seus bordados em uma coleção de roupas da Lab Fantasma, marca fundada por Emicida e Fioti. A coleção em questão foi batizada de Herança e chegou às passarelas em 2017.

No ano seguinte, ela escreveu um livro, sua autobiografia, batizada de Café. Ela chegou também a lançar uma coleção de bonecas confeccionadas com retalhos descartados e chegou a ser dona de um podcast.

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Ainda na música, Emicida afirma: “aos oito anos, moça, de onde ‘cê tirava força? Orgulhosão de andar com os ladrão, trouxa; recitando Malcolm X sem coragem de lavar uma louça”.

E complementa, dizendo que “o sonho é um tempo onde as mina não tenha que ser tão forte”.

No final da gravação, a voz de Dona Jacira aparece recitando uma poesia e que, no final, é possível perceber que o texto se remete ao nascimento de Leandro, nome de batismo de Emicida.

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No clipe da música, ela recita a poesia junto com ele – e é possível sentir a conexão entre os dois e guardar um fragmento de memória, para não esquecê-la. Assista abaixo:

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