Mia Badgyal está “MUCHO SEXY” em novo disco que celebra desejo e liberdade

A multiartista da Zona Leste de São Paulo transforma sua trajetória em manifesto pop e dá o passo mais ousado da carreira.

Por Arthur Ferreira 2 out 2025, 19h00
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er sexy é ser confiante — e Mia Badgyal sabe bem disso. A artista acaba de lançar MUCHO SEXY, seu segundo álbum de estúdio, um disco que mistura funk, reggaeton, pop eletrônico e batidões latinos em 12 faixas que carregam uma mensagem clara: autoconfiança é poder.

“Eu acho que MUCHO SEXY é você se amar do jeito que é. É se olhar no espelho, se aceitar e ter atitude. Quando você transmite essa confiança, é isso que te faz brilhar e atrair as pessoas”, define Mia em entrevista exclusiva à CAPRICHO.

Mia Badgyal
Mia Badgyal @mateusaguiar/Divulgação

Pelo o underground e o mainstream

A capa e os visuais do projeto são parte essencial dessa narrativa. Verdadeira estudiosa da música pop, Mia se inspirou em Erotica, clássico de Madonna, para ressignificar a liberdade sexual em imagens tão fortes quanto as batidas. O processo foi assinado por LUCASPHOBIA, parceiro de longa data da artista, garantindo uma estética íntima e autêntica.

Essa ousadia também aparece no som. Em faixas como GIVE 2 ME, Mia alterna entre inglês, espanhol e português, reforçando sua visão de que a música é um território sem barreiras. Após chamar a atenção de artistas como Charli xcx e Ashnikkko ainda cantando em português, essa identidade multilíngue surgiu intuitivamente. Para o novo disco, houve uma inspiração no que Anitta estava fazendo com o Funk Genaration.

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Se o que vai permitir essa quebra de barreiras é cantar alguns versos em outros idiomas, eu não vejo problema. Eu sou independente, não tenho nada a perder. Se não der certo, pelo menos tentei e fiz o que eu queria fazer.

Mia Badgyal em entrevista à CAPRICHO

Experimentar é palavra-chave. ENVOLVIDOS, por exemplo, traz um lado mais eletrônico e ousado, mas sem perder a estrutura pop que mantém a pista engajada. “Eu tento fazer sempre uma boa música no final das contas. Independente se ela vai ser uma música mais pista ou que vai ouvir em casa ou na academia. O que eu tento sempre, no final da sessão, é entregar um resultado que eu sei que vou ficar satisfeita”, diz.

No fim, Mia reconhece que sua obra é fruto de um jogo de cintura entre liberdade e acessibilidade. Ao absorver a estética das noites e ressignificar tradições do funk e do pop eletrônico, a artista enxerga uma ponte entre o underground e o mainstream em seu trabalho.

“O underground é esse espaço de experimentações, onde a gente fica livre para criar sem pressão. Eu quero fazer o que eu quero, mas também quero que as pessoas escutem. Uma forma que encontrei foi trazer refrões fáceis, letras que todo mundo entende, dentro de um beat mais complexo. O propósito do artista é que sua obra seja escutada por todo mundo”, compartilha Mia.

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O compromisso que eu tenho comigo nas minhas obras é entregar uma música de qualidade, que quem ouvir, mesmo que não entenda, vai saber que foi bem produzida.

Mia Badgyal em entrevista à CAPRICHO

A força da coletividade

Ao longo do álbum, Mia costura encontros com artistas que também fazem da música um espaço de resistência. “Ainda estamos em um cenário que funciona como um nicho dentro do mainstream. Então, ter esse contato com outros artistas LGBTQIA+, se identificar e perceber que todo mundo tá nesse corre danado pra fazer a música acontecer, é muito importante”, diz.

Quanto mais vozes a gente tiver à frente desse movimento, mais forte a cena fica. A gente faz parte de uma cena e precisamos nos fortalecer juntos para crescer.

Mia Badgyal em entrevista à CAPRICHO

O exemplo mais emblemático está em GASOLINA, parceria com as Irmãs de Pau e DJ RaMeMes que reinterpreta o hino de Daddy Yankee de forma autoral e incendiária. O disco também reúne participações de outros nomes de peso da cena nacional, como Lia Clark, MC Binn e Katy da Voz, além de conexões internacionais, incluindo Ms. Nina, Lua de Santana e o produtor Umru.

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A parceria com o produtor FUSO!, amigo pessoal e colaborador desde os primeiros passos, garantiu unidade ao projeto. “Ele acabou assumindo comigo a produção executiva e a co-produção geral do álbum. Eu trouxe várias colaborações, mas queria que tudo tivesse harmonia. O FUSO! foi essencial nisso, desde os timbres até a finalização. Trabalhar com ele reacendeu a chama. Me lembrou que a música move a gente”, revela.

Mia Badgyal
Mia Badgyal @mateusaguiar/Divulgação

Uma nova fase

Mais do que um compilado de parcerias, MUCHO SEXY é a fase mais livre da multiartista travesti que há uma década faz barulho no underground paulistano como cantora, compositora, DJ e stylist.

“Quando escrevi esse álbum, eu estava nesse momento de me encontrar. No meu primeiro trabalho, eu ainda vivia a pré-transição, então muitas das experiências que eu tive antes não refletiam quem eu realmente era. A partir do momento em que me aceitei de verdade e busquei estar alinhada com quem eu sou, passei a me enxergar de outra forma”, contou Mia, relembrando do lançamento de seu primeiro álbum de estúdio, EMERGÊNCIA, em 2023.

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O amadurecimento é o ponto central. Do primeiro álbum até aqui, Mia reconhece um salto de tempo e qualidade. “A maior diferença entre MUCHO SEXY e meu primeiro disco é o tempo. Com esse trabalho, eu pude ouvir melhor o que estava criando. Música não é pastel. As coisas demoram para florescer. Esse foi meu maior aprendizado: não correr tanto.”

No fim, MUCHO SEXY é mais que um título provocativo. É o retrato de uma artista que, ao abraçar sua história e sua estética, transforma a pista em espaço de liberdade.

MUCHO SEXY está disponível em todas as plataformas digitais.

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