Melissa Uehara representa jovens nipo-brasileiros no Festival de Cannes
Ela estreia em Cannes aos 15 anos com seu primeiro trabalho no curta-metragem "Amarela".
la nunca imaginou que estaria no Festival de Cannes aos 15 anos, ainda mais com seu primeiro trabalho como atriz, mas Melissa Uehara, protagonista do curta-metragem Amarela, dirigido por André Hayato Saito, está vivendo um sonho que não sabia que tinha até pouco tempo.
Representando o Brasil em um dos festivais de cinema mais prestigiados do mundo, Amarela é um curta sobre os preconceitos e os desafios enfrentados pela comunidade nipo-brasileira, tudo isso representado na experiência da jovem Érica ao assistir a final da Copa do Mundo de 1998. Em entrevista exclusiva à CAPRICHO, Melissa compartilhou tudo sobre sua participação no projeto e sua experiência em Cannes.
“Amarela é o meu primeiro projeto no audiovisual, atuando como atriz. Acredito que a partir de agora eu vou continuar seguindo nessa carreira de atriz. Eu acho que o festival pode abrir muitas portas para mim”, nos contou Melissa Uehara, protagonista de Amarela.
Nascida em São Paulo, Melissa começou a cantar aos três anos, influenciada por seu pai, que também era cantor. Aos seis anos, ela começou a participar de concursos de canto na colônia japonesa, onde obteve diversos prêmios e troféus. Esse reconhecimento a motivou a continuar aprimorando suas habilidades e explorando novas oportunidades. Em 2020, Melissa participou do programa de televisão The Voice Kids, uma experiência que marcou um ponto de virada em sua carreira musical.
Apesar de sua paixão pela música, Melissa sempre teve curiosidade pelo mundo da atuação. Essa curiosidade se transformou em realidade quando surgiu a oportunidade de participar de Amarela. Ela nos contou que ficou receosa no começo, mas que tomou coragem para gravar um teste para o papel de Érica após ler a primeira versão do roteiro. “Desde o momento em que li o roteiro, percebi que nunca havia me identificado tanto com um personagem antes”, revela Melissa.
Foi como se eu estivesse contando não apenas a história dela, mas também a minha e a de muitas outras pessoas que compartilham das mesmas experiências e desafios
Melissa Uehara sobre interpretar Érica em "Amarela"
A ambientação no ano de 1998, uma época que Melissa não viveu, exigiu dela uma imersão em um contexto histórico que ela não conhecia. “Achei que teria mais dificuldade por ser uma época que não vivi, mas acabou ficando bem natural. Interpretei do meu ponto de vista, como se fosse uma outra Copa que eu já vivi”, comenta.
Melissa também teve que lidar com a complexidade emocional do papel. A personagem Érica enfrenta situações de preconceito e discriminação que ressoam profundamente com a própria experiência da atriz, que também já ouviu vários comentários preconceituosos disfarçados no diálogo do cotidiano.
A repercussão de Amarela está sendo extremamente positiva, tanto no exterior quanto no Brasil, que ainda não teve a oportunidade de assistir a produção. O curta-metragem foi selecionado para o Festival de Cannes, onde foi o único curta da América Latina competindo pela cobiçada Palma de Ouro.
Para Melissa, ainda “não caiu a ficha” de que está tendo a oportunidade de participar de um evento tão importante. Isso porque, assim que recebeu a notícia, Uehara não sabia da dimensão do Festival na indústria cinematográfica. “Como este é o meu primeiro projeto, sou extremamente leiga em questões relacionadas ao audiovisual. Quando o Saito me ligou para contar a notícia de que fomos selecionados, eu realmente não tinha ideia da magnitude do Festival de Cannes e da grande oportunidade que estávamos recebendo”, contou. “Não esperava que algo assim acontecesse tão cedo, principalmente em meu primeiro trabalho”.
Melissa descreve a experiência em Cannes como algo surreal. A recepção do público ao curta, que foi exibido pela primeira vez na última sexta-feira (24/5), foi emocionante. “Foi uma loucura. Eu não tinha assistido ao curta inteiro antes, então foi uma surpresa genuína assistir aqui no festival. Após o término do curta, as luzes se acenderam e o público começou a aplaudir. Foi um momento emocionante, ver a reação das pessoas, sentir a energia do público e compartilhar esse momento com toda a equipe”, relembra.
Melissa sente uma profunda responsabilidade e orgulho em ser uma voz para os jovens nipo-brasileiros, que tem dificuldade de se sentirem representados e vistos por grandes produções brasileiras. comunidade. “Para mim, é realmente um sonho realizado. Nunca imaginei estar nesta posição, tendo o prazer de representar tantas pessoas com algo tão importante, como é a questão da representatividade. É uma lacuna que temos, uma falta de referências, e estar preenchendo esse espaço é algo incrível para mim”, diz.
Em muitos momentos eu me via vivenciando experiências muito similares às da Érica e nem parecia que eu estava atuando. Houve momentos em que eu me via misturando quem era a Érica e quem era eu mesma, por conta dessas vivências.
Melissa Uehara sobre interpretar Érica em "Amarela"
Com o sucesso de Amarela e a experiência enriquecedora em Cannes, Melissa está animada com as possibilidades que se abrem para seu futuro. Ela está atualmente no processo de escrever uma nova música e tem planos de continuar tanto na música quanto na atuação. “Não tenho uma data específica ainda, porque ainda estou no processo de criação, mas espero que saia logo para eu poder continuar. Com certeza, quero continuar cantando também, é o que vou fazer”, afirma.
Melissa também descobriu um novo amor pela atuação e está ansiosa para explorar mais essa área. Ela menciona que um dos projetos futuros é um longa-metragem relacionado a Amarela. O curta-metragem será o ponto de partida para o primeiro longa-metragem do diretor, Crisântemo Amarelo, projeto que sintetiza a trilogia de curtas que foi selecionado para o Torino FeatureLab 2024, programa que seleciona projetos em avançado estágio de desenvolvimento e se destina a duplas de direção/produção para participação em três workshops durante um semestre.
Confira o trailer de Amarela: