“Me empodera”, reflete Marina Sena sobre identificação com Gal Costa
Em entrevista à CAPRICHO, Marina compartilhou detalhes de seu show no The Town, que será uma homenagem para cantora
Homenageando uma das grandes vozes da música brasileira, Marina Sena preparou uma apresentação especial e cheia de significado na primeira edição do The Town, em que vai cantar grandes clássicos de Gal Costa, artista que deixou um legado impressionante e marcou gerações.
“É realmente um show feito por uma fã de Gal Costa, real”, declarou a Marina em entrevista à CAPRICHO. Apaixonada pelas canções desde cedo, ela não poderia estar mais pronta para explorar o repertório da artista ao vivo: “Está sendo preparado desde que eu nasci”, acrescentou ela em uma referência da longa influência de Gal em sua trajetória.
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A conexão com Gal ainda é algo que ela considera muito forte e que permite vê-la também em outras mulheres ao seu redor: “Tenho uma relação fortíssima de identificação com ela, de olhar e ver na cara dela a cara de um tanto de mulher no Brasil”, destacou. “Ela é extremamente brasileira e isso me empodera.”
No visual da performance, Marina vai buscar trazer inspirações de Gal nos anos 1970, mas sem se esquecer de adicionar um toque da própria personalidade: “É uma mistura desses universos”, disse ela explicar que o Vício Inerente também estará presente na composição do look.
Confira a entrevista completa com Marina Sena:
CH: Quando você começou a preparar o show, que é uma homenagem para Gal Costa, tinha algo que você sentiu que não poderia faltar?
M: [Eu queria] tentar referenciar, do meu jeito, alguns momentos icônicos dela. Não vou falar quais… (risos) Mas tenho alguns momentos icônicos dela que quero fazer, quero representar mesmo. É um show que acho que preparo há minha vida inteira. Por exemplo, esse repertório. Eu já tinha sabedoria desse show porque são músicas dela que eu sempre quis cantar em algum momento, sempre quis fazer um show cantando só Gal, então é um choque. Está sendo preparado desde que eu nasci.
CH: Esses dias você publicou um vídeo em que os fãs acendiam as luzes do celular para você durante um show, te deixando bem emocionada. Como é ter essa troca tão grande com a galera, principalmente ao vivo?
M: Então, eu sou uma artista que… Será que eu sou carente? (risos) Mas é porque eu sou calorosa, sabe? Eu gosto de conversar. Se a pessoa é minha fã, a gente tem alguma coisa em comum. Porque se ela gosta do que eu estou fazendo, então ela deve ser como eu. Me dá vontade de conhecer as pessoas e realmente interagir de uma forma mais profunda. Eu acho que as redes sociais às vezes aproximam, mas também colocam uma distância em um certo ponto. Agora, eu até criei o meu QG, que fico o dia inteiro conversando com a galera que gosta realmente de mim. Eu amo ter essa troca e ver que eles se identificam tanto comigo.
CH: Por falar na criação do seu QG, é um lugar em que você pretende mostrar também outros lados da ‘Marina’, um outro universo seu?
M: Com certeza. Eu sempre fui muito sem vergonha assim na internet, sabe? Depois que Por supuesto estourou, depois que eu lancei meu disco De Primeira, eu fiquei mais contida porque fiquei com um pouco de medo. E aí, agora, eu estou cada vez menos assim e o QG é um lugar que só quem gosta muito mesmo que vai seguir, que é fã mesmo, né? Então, eu fico mais à vontade. Sempre que estou na presença dos meus fãs, das pessoas que gostam de mim mesmo, eu fico sempre mais confortável e sempre mais à vontade.
CH: Já que você citou o De Primeira, olhando para trás estando nessa nova fase, tem algo marcante que você aprendeu sobre si mesma na sua trajetória e no processo de gravar o novo disco, o Vício Inerente?
M: Eu aprendi tanta coisa sobre mim! Eu acho que aprendi tudo, na real. Eu acho que quando eu escrevo… [É que] sempre tive essa necessidade de escrever, sempre gostei de escrever, desde criança. Tinham textos que eu escrevia e minhas professoras não acreditavam que eu tinha escrito de tão pra frente, sabe? Porque eu realmente gostava da Língua Portuguesa, de brincar, de fazer metáfora. Eu sempre gostei disso, de brincar com as palavras e, às vezes, sinto que tem coisa que eu não consigo… Sou doida de falar, mas quando eu escrevo, é aí que eu falo mesmo. Que eu falo exatamente o que é a coisa em si assim, porque além de tudo ainda tem a licença poética.
CH: Tem alguma música da Gal que você gosta muito de cantar ao vivo e está animada para apresentar?
M: Minha música favorita de Gal, porque acho que é o que ela é, é Passarinho. Que eu sinto Gal. Para mim, Gal é essa música. É um passarinho que canta em qualquer nota, vai brincando com as notinhas, sabe? Como se fosse uma coisa muito simples, muito tranquila de se fazer. Para ela, era muito simples de se fazer. Passarinho é a minha música favorita dela, mas a música que eu mais gosto de cantar é Nuvem Negra, que eu mais: ‘Nossa, fica bonita na minha voz.’ Gosto de cantar Nada Mais também e gosto de cantar Da Maior Importância também. (risos) Enfim, é complicado [escolher].
CH: E sobre o look? Pode dar algum spoiler de como vai ser? Qual referência vai usar?
M: Vai ser inspirado no que Gal costumava usar, principalmente nos anos 70, que tem bastante a ver com a minha estética, mas é uma leitura Marina Sena disso, também se conectando com essa coisa que eu tô trazendo no Vício Inerente agora, que é uma coisa meio bruxona da cidade, né? Eu sou uma pessoa mística, então é uma coisa meio mística, mas está na cidade grande, sendo influenciada pelos timbres da cidade grande. É uma mistura desses universos. Mas é bem inspirado no que Gal usava nos anos 70.
CH: Aproveitando que estamos tocando no assunto, como você faz para demonstrar sua personalidade através das músicas e também do seu estilo, equilibrando as duas coisas?
M: Olha, eu gosto de ter meu estilinho. Minhas coisinhas, o meu jeitinho. O meu cabelo é o meu cabelo, sabe? A roupa que vou usar é a roupa que eu uso. (risos) Desde sempre eu fui do contra assim, né? Tipo, eu sempre gostei de ser mais esquisitinha. Sempre gostei. Então, minhas roupas tem que trazer isso, a pessoa tem que olhar para mim e ver que eu não sou careta. Ela vai olhar e ter certeza que eu não sou careta. Gosto que minhas roupas transpareçam essa informação.
CH: Olhando para esse projeto como um todo, como você descreveria o seu show cantando Gal?
M: Principalmente para as pessoas que são muito fãs de Gal Costa, vai ser um show bem especial porque é realmente um show feito por uma fã de Gal Costa, real. Não é uma pessoa que: ‘Ah, gosta de três músicas.’ Não. É uma pessoa que conhece a obra, uma pessoa que conhece detalhes de cada momento dessa artista, não de depois que eu fiquei famosa. Eu conheço desde quando eu me entendo com gente. Gal é [a pessoa] na minha vida, sabe? Tenho uma relação fortíssima de identificação com ela, de olhar e ver na cara dela a cara de um tanto de mulher no Brasil. De conseguir comparar ela, tipo assim, parece minha tia, parece minha mãe, parece as mulheres brasileiras. Ela é muito brasileira, ela é extremamente brasileira e isso me empodera. Eu realmente tenho uma relação muito forte com ela.
Marina se apresenta no The Town cantando Gal Costa no dia 10 de setembro.