Juliette define Ciclone como um reencontro consigo mesma: “Me libertando”

Em entrevista exclusiva à CAPRICHO, a cantora compartilhou que o disco é sobre se reinventar e transmitir sua personalidade através da música

Por Anny Caroline Guerrera Atualizado em 29 out 2024, 18h23 - Publicado em 25 ago 2023, 15h43

Apenas um dia antes do lançamento de Ciclone, o primeiro álbum de estúdio de Juliette Freire, a cantora apareceu sorridente na tela de uma vídeo-chamada para entrevista exclusiva com a CAPRICHO. Empolgada e confiante com o projeto, ela começou a conversa falando sobre a ansiedade para ver o disco chegando para o público: “Acho que hoje eu já nem durmo”, brincou.

Definindo o álbum como uma reconexão com diferentes momentos e fragmentos de si mesma, ela demonstrou animação para dividir as 9 faixas com os fãs, que puderam conferir cada uma delas na noite desta quinta-feira, 24 de agosto: “Tentei colocar tudo isso através da música, que essa música representasse o que eu sou, múltipla. Que trouxesse as sonoridades que eu gosto, as letras reais do que eu estou vivendo. E aí foi todo o processo de criação. Eu digo que agora eu continuo dentro do Ciclone, mas eu direciono o vento, para onde eu quero que ele vá. Eu direciono essa energia.

Para ela, Ciclone representa ainda seu reencontro consigo mesma. É sua forma de celebrar e manifestar a própria personalidade: “Como mulher, esse álbum significa uma fase muito minha, da minha vida. Eu já me perdi tantas vezes, eu sempre fui essa mulher forte, assertiva, corajosa“, afirmou ao refletir sobre sua trajetória.

“Por vários momentos, eu me perdi dela e é como se esse processo de 9 meses em que eu estava criando esse álbum, eu fosse juntando um pedacinho que eu perdi, sabe? Reconectando um pedacinho de cada Juliette, voltando a celebrar, voltando a ser feliz, voltando a me enxergar como mulher, a me sentir poderosa, atraente, como eu sempre fui. Me amar“, compartilhou.

Juliette posando para foto enrolada em tecidos na cor cinza; o nome do álbum CICLONE está escrito em branco na parte superior central da imagem
Juliette Juliana Rocha/BPMCom/Divulgação

Já os visuais do disco surgiram de acordo com as narrativas de cada música. Em conversas com Felipe Sassi, a cantora buscava elementos e cenários que se encaixavam com as letras e o clima de cada canção para compor imagens que retratariam melhor o sentimento que buscava transmitir.

“Os clipes estão maravilhosos, muito ricos. Em Tengo tem uma estante que é um triângulo, se você for meditar em cada parte daquela estante, cada uma tem um elemento igual essa tua aí. Exatamente porque nós somos assim, nós somos feitas de pedacinhos, de fragmentos. Isso é história, é raiz, é poesia”, ressaltou ela sobre o processo criativo da estética do projeto.

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Confira a entrevista completa com Juliette:

CAPRICHO: Como está a empolgação para o lançamento? Frio na barriga?

Juliette: Parecendo que eu vou fazer aniversário de 15 anos! Eu não tive, mas fico pensando que deve ser assim. Estou muito ansiosa, mas muito segura. Ansiosa para ver a galera já escutando, para ver a opinião e o que acharam. Porque eu sei que vai ser positivo, então eu estou nessa vibe frio na barriga. Acho que hoje eu já nem durmo.

CH: Quando você anunciou o álbum, você destacou o significado do nome, abordando a habilidade de se reinventar e também reconhecer algumas coisas que são deixadas no caminho. Como foi chegar nessa ideia?

J: Eu sou muito emocionada, muito lúdica com essas coisas. Então, sempre dou um significado para fases que estou vivendo, para tudo que estou vivendo. Sou muito de fazer analogia, de criar. Primeiro que eu sempre me senti dentro de um ciclone, de um furacão, né? Depois de tudo que me aconteceu, era assim que me sentia. Muita coisa, tudo ao mesmo tempo, eu tendo que gerenciar, tendo que me agarrar em algumas, outras indo embora… Eu naquele ciclone, de fato.

Depois do primeiro trabalho, dei uma parada, entendi para onde eu queria ir, saí juntando os meus pedacinhos do que tinha ficado e me reinventei. Tentei colocar tudo isso através da música, que essa música representasse o que eu sou, múltipla. Que trouxesse as sonoridades que eu gosto, as letras reais do que eu estou vivendo. E aí foi todo o processo de criação. Eu digo que agora eu continuo dentro do Ciclone, mas eu direciono o vento, para onde eu quero que ele vá. Eu direciono essa energia.

“Me vi tomando posse de tudo aquilo que estava vivendo e transformando isso em arte, em música.”

CH: Você trouxe algumas parcerias especiais no disco. Pode contar um pouco sobre como foi demonstrar sua personalidade nas canções e também equilibrar isso com os artistas convidados?

J: Eu acho que foi um presente, mas acho que eles já estavam em mim de alguma forma, porque eu admiro o trabalho de todos e eles me influenciam na música. Todos os artistas que estão trabalhando comigo me tocam de alguma forma com a sua música, com a sua voz. Eu acho que foi uma soma deles entrarem comigo nisso. Quando eu escutava as músicas, o artista já vinha na minha cabeça. Eu já dizia: ‘Eu acho que isso aqui parece com tal pessoa, isso aqui parece com tal pessoa.’ E assim foram se formando os feats.

[Tenho] muita gratidão, é uma honra estar ao lado de grandes nomes da música ou até de artistas novos que eu admiro demais, como é o caso de Nairo, que era um dos compositores que estava nos camps, eu gostei e falei: ‘Vem comigo, vamos começar juntos aqui.’ Então, acho que tudo aconteceu de uma forma perfeita de se encaixar e está muito bonito.

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Juliette posando para foto enrolada em tecidos na cor cinza
Juliette Juliana Rocha/BPMCom/Divulgação

CH: Por falar nos acampamentos e no processo de composição, você se lembra de alguma situação ou do início da ideia de alguma das músicas?

J: Cada dia era uma coisa diferente. O que aconteceu muito foi que eu estava conversando com os compositores e eu falava uma frase. Me perguntavam: ‘Juliette, como é você na vida amorosa?’ Eu respondia: ‘Ah, eu quase não namoro, mas…’ E aí a gente botava isso e escrevia.

Ó, teve um dia que estava no meu quarto… A cena era assim, eu estava no quarto, tomando um vinho e pensando sobre a minha vida. Pensando naquela música que dizia: ‘Ninguém me define, minha casa sou eu.’ E eu falei: ‘Cara, não é para estar aqui nessa relação. Não está legal e não sei o quê.’ Contando isso para eles [no acampamento], saía música.

Aí, eu falava: ‘Nessa hora, eu quero que quebre uma taça, porque a taça representa o rompimento.’ Aí botava a taça. Então, eu dizia: ‘Aqui, eu quero um coração batendo porque essa música é para dançar com outra pessoa e você vai ouvir o coração dela acelerado.’ E você coloca esse elemento. As criações foram acontecendo muito assim. Deixa eu ver mais… Ah, eu no meio de uma crise mais de tristeza e sofrendo, fui gravar e não consegui. Falei que não estava bem, que não tinha como porque minha voz estava embargada. Meus amigos, compositores e produtores falaram: ‘Juliette, grava assim. Depois você tira porque é você. A música toca você nesse lugar. Grava assim, deixa a voz embargar.’ E aí eu cantava assim. Então, a gente tentou deixar esse trabalho mais genuíno possível. Orgânico, real e verdadeiro.

CH: Você também teve a chance de aprender novas técnicas nesse processo de produção. Teve algo que você achava muito difícil no começo e gostou de aprender?

J: É muito complicado, gravar música é muito difícil. Eu jurava que era fácil, que era só cantar, gravar e tchau, mas é muito difícil. Eu tenho que fazer um milhão de vozes, você tem que fazer um agudo, um grave, tem que fazer uma pro ouvido direito e uma pro esquerdo, eu não sabia disso. Eu fiquei: ‘Como assim?’ Fiquei passada. E fui aprender a direcionar a voz para o que eu queria. Se era mais grave, se era mais agudo, se era com mais ar. Eu não sabia botar ar na voz e então tudo foi uma experiência, uma descoberta que eu fui ampliando mais. Cada dia eu fazia mais, então, eu acho que não tem uma específica assim, acredito que eu fui aprendendo a direcionar minha voz de acordo com o que eu queria passar. E foi bem bonito.

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CH: Falando um pouco dos visuais escolhidos, como foi o processo criativo para estética do álbum?

J: Curiosidade: A gente tem Ciclone geral, que é o álbum, e Ciclone como música. Ciclone no modo geral tem um sentido de eu estar imersa meio do furacão. De eu estar dentro do furacão e tudo isso estar em volta de mim. De meio que estava aprisionada e vou me libertando. Já Ciclone, a música, é muito específica da letra, da história, da sonoridade da música. A gente fez dois visuais de Ciclone e ficamos de escolher o visual do álbum depois, então nós temos dois visuais. Em ambos, eu estou meio que despida e mostrando tudo que eu sou, minha vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, minha força. Uma tem tecido envolto, que é essa que foi, e outra tem outra estética, mas tudo com muito vento e dando essa ideia.

Então, esse foi assim, mas todos os outros nasciam junto com a música na minha cabeça. Eu contava para o Felipe Sassi o que eu pensava em cada música. ‘Nessa música, eu penso assim, eu estou no quarto, a pessoa está indo embora. Eu estou bebendo um vinho e é assim.’ Saí explicando: ‘Nessa outra aqui eu estou em uma moto, fazendo isso e o vento está batendo assim.’ Fui explicando e ele ia traduzindo isso em imagens, acrescentando o que ele pensava também. Fomos somando, foi dando certo e está lindo. Os clipes estão maravilhosos, muito ricos. Em Tengo tem uma estante que é um triângulo, se você for meditar em cada parte daquela estante, cada uma tem um elemento igual essa tua aí. Exatamente porque nós somos assim, nós somos feitas de pedacinhos, de fragmentos. Isso é história, é raiz, é poesia.

CH: E o processo para pensar na turnê foi parecido, então, certo?

J: Sim, exatamente. Estou pensando e já fiz um esboço num papel, que eu sou assim, de escrever. Fiz e entrego para a equipe para eles analisarem o que é possível, o que é viável. O que é interessante e inteligente fazer para colocar na rua e a gente vai encaixando. Mas a ideia geral sempre parte do que eu quero e do que eu quero passar.

CH: Olhando para o seu coração, para si mesma hoje, o que esse álbum significa para você?

J: É tanta coisa. Como mulher, esse álbum significa uma fase muito minha, da minha vida. Eu já me perdi tantas vezes, eu sempre fui essa mulher forte, assertiva, corajosa. Por vários momentos, eu me perdi dela e é como se esse processo de 9 meses em que eu estava criando esse álbum, eu fosse juntando um pedacinho que eu perdi, sabe? Reconectando um pedacinho de cada Juliette, voltando a celebrar, voltando a ser feliz, voltando a me enxergar como mulher, a me sentir poderosa, atraente, como eu sempre fui. Me amar.

[Com o lançamento] eu só vou selar todo esse processo, que foi doloroso em alguns momentos, prazeroso em outros e espero traduzir isso nessas músicas. Alegria, melancolia, tudo que eu vivi e que eu vivo até hoje, colocando isso em música. Estou ansiosa mesmo, a palavra é ansiedade. Quero que todo mundo veja logo. Fale logo. Estou zero preocupada das pessoas não gostarem. Zero. Eu vou fazer uma festa porque estou tão certa que vai dar certo que eu quero estar em um momento muito bom quando isso acontecer porque eu tenho certeza do quanto as pessoas vão gostar desse trabalho. Eu estou feliz.

Ciclone já está disponível nas plataformas digitais.

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