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Entrevista com Jéssica Ellen, de Justiça: “Eu sofri preconceito”

Em bate-papo exclusivo, a atriz abre o jogo sofre o racismo e conta como a sua personagem em Justiça pode mudar o cenário de preconceito do país.

Por Márcio Gomes Atualizado em 1 nov 2024, 13h12 - Publicado em 16 set 2016, 18h31
Evento de lançamento - Jessica Ellen
Reprodução

“Quem disse que todo mundo tem que ter cabelo liso?”. Disposta a questionar e a quebrar vááários preconceitos, Jéssica Ellen falou com exclusividade com a Capricho. E no bate-papo, deixou claro que o racismo ainda existe no país. Ela afirma que ao trazer o tema à TV, através da personagem Rose, será capaz de alguma forma esclarecer e conscientizar as pessoas. Orgulhosa do que conquistou até aqui, ela conta que pretende ir mais longe.

Li que você chora ao assistir suas cenas, em “Justiça”. Por quê? Muita emoção?

É muita adrenalina e fico, de verdade, emocionada. Eu gosto de ver as cenas para saber se estou acertando com o tom da personagem. A Rose é uma personagem intensa, especial, densa e não é fácil segurar a emoção. Eu sempre choro quando assisto as minhas cenas. Não consigo me segurar.

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A história de Rose remete a algo em sua vida? Você já passou por alguma situação de preconceito?

Sim e acho que todo negro já passou um dia. Na adolescência, eu sofria por causa do meu cabelo. Era muito zoada e cheguei a alisar os fios. Hoje, eu acho meu cabelo lindo e só mexeria por conta de um trabalho, personagem. Não tenho mais essas questões com o meu cabelo. E quem disse que todo mundo tem que ter cabelo liso? Quem inventou esse padrão e por que temos que seguí-lo? Temos é que questionar e quebrar esses padrões que as pessoas criam.

Então, poder falar sobre preconceito na trama é fundamental?

Com certeza, ainda mais dentro da televisão, já que nem todos têm acesso à internet, e falar sobre algo que, infelizmente, acontece até hoje, é fundamental. A gente precisa questionar, esclarecer, e isso só vem com a conscientização. Ninguém nasce preconceituoso. A cultura do racismo é criado na cabeça das pessoas. Eu lembro até hoje do dia em meu irmão chegou em casa chorando porque uma amiguinha não quis dançar com ele por ser negro. Isso é um absurdo. Vivemos num país racista, machista e isso precisa mudar.

Você falou que adora seu cabelo. Segue alguns cuidados específicos para manter os fios em dia?

Eu cuido, mas nada de forma exagerada. Eu gosto de experimentar produtos novos, produtos para cabelos cacheados.

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É vaidosa com maquiagem?

Que nada! Eu aprendi a gostar de maquiagem. Quando criança, eu não ligava muito, queria saber mais é de brinquedo. Mas por conta da Rose, eu não usa quase nada maquiagem no dia a dia. Às vezes, um batom de uma cor bonita me encanta como vermelho, vinho e marrom. Eu não sei fazer um olho maravilhoso, mas me viro (risos).

Você usa as redes sociais para falar com os fãs no dia a dia?

Uso sim e demorei a entender um pouco sobre as redes. Mas é divertido, adoro, é uma maneira de poder falar com os fãs, de ter uma comunicação direta com eles. Trata-se de uma plataforma que me aproxima deles. Por conta de “Justiça”, eu tenho usado bem o Twitter e gosto do Instagram.

Rose (Jessica Ellen)
(Reprodução)

Você tem se destacado na trama de “Justiça”por conta das cenas fortes na trama com a protagonista Rose. Foi difícil chegar até aqui?

Nada foi fácil. Em toda carreira você investe naquilo que quer fazer, passa pelos altos e baixos, adquire experiência com a vida e caminha, sem desistir. E comigo não foi diferente. Batalhei demais para chegar até aqui. Nada cai do céu. Estudo teatro, artes, desde os meus 10 anos. Foi uma caminhada que deu certo! Tudo aconteceu no momento certo, como a oportunidade de dar vida à Rose, uma personagem forte e que exige muito de mim como atriz.

Em algum momento pensou em desistir?

Não! E nunca tive pressa em alcançar o que que queria. Aprendi muito nessa caminhada. E posso falar, com certeza, que o mundo não é cor-de-rosa, porém, a gente pode torná-lo cor-de-rosa. E isso é algo que construímos diariamente.

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Se não fosse atriz, qual profissão escolheria?

Eu gostaria de ser professora de história, algo que amo!

Quase não se vê negros em grandes papéis na TV. Sente-se realizada por quebrar esse tabu?

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Fico feliz, mas o espaço do negro está longe do ideal. Torço para que essa realidade mude. Por isso, é preciso falar claramente sobre o tema. É preciso abrir mais espaço para os negros em papéis de protagonistas na TV. E estar nessa posição é muito orgulho, sinto-me honrada e quero que venha atrás de mim muitos e muitos atores negros em papéis de destaque.

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