Invadimos os bastidores de Meninas Malvadas com Laura Castro e Anna Akisue

Atrizes da montagem brasileira do musical da Broadway falam sobre representatividade e temas atemporais da história de Tina Fey

Por Sofia Duarte 3 Maio 2025, 09h01
É

um marco de representatividade”, afirma Laura Castro à CAPRICHO sobre a versão brasileira do musical da Broadway Meninas Malvadas, que estreou no Teatro Santander, em São Paulo, em março.

 

Laura interpreta, com toque autêntico, a protagonista Cady Heron, estrelando a peça ao lado de Anna Akisue, que faz jus de forma brilhante à icônica Regina George. A atriz reconhece a longevidade da história roterizada por Tina Fey, que, embora tenha sido lançada há mais de dez anos, ainda se assemelha a vivências dos adolescentes de hoje.

Depois de estrear nos palcos da Broadway com Renée Rapp e Sabrina Carpenter no elenco, o musical ganha sua primeira montagem brasileira, que, por sua vez, inova ao apostar na força da diversidade. “A Cady está sendo interpretada por uma atriz negra pela primeira vez, e a Regina por uma atriz amarela pela primeira vez também”, celebra Anna Akisue.

“Eu sempre soube que queria ser artista, mas por muito tempo eu me sabotei, porque não conseguia me enxergar nesses lugares. Representatividade é muito mais do que você ter essas pessoas. Depende também do lugar que elas ocupam e do protagonismo que recebem. Por isso, Meninas Malvadas [a versão brasileira] é um marco na nossa história, tanto do musical quanto na nossa”, acrescenta a atriz.

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É uma responsabilidade muito grande, mas fico muito orgulhosa e contente de fazer parte de um movimento tão bonito e de uma mudança cada vez mais palpável.

Anna Akisue

Durante esse processo, Anna explica que a construção da atual Regina George veio cheia de inspirações de divas pop. “Ela é uma personagem que está muito no imaginário das pessoas. Existe uma expectativa de nostalgia, então não quis abandonar sua essência, mas com certeza tem muitos toques meus. E uma das coisas que mais gostei de fazer foi brincar com o universo do mundo pop e do entretenimento.”

Para Laura, foi desafiador fazer uma protagonista que mal fica na coxia, mas seu jeito ‘desengonçado’ deixou tudo mais fácil ao dar o match perfeito com a Cady. “Sempre trazemos um toque nosso para a personagem. Não tem jeito, é o nosso corpo, né? Para trazer nossa verdade, temos que trazer um pouco da gente, da nossa vida, do nosso jeito de ser“, observa ela.

“Eu já sou uma pessoa desengonçada, e eu trouxe bastante isso pra Cady, principalmente no primeiro ato. Eu sou como ela usando salto na vida real [risos]. E também as minhas experiências de vida. Eu mudei de escola cinco vezes ao longo da minha vida, já sofri bullying… Então, tudo isso, mesmo que seja de uma forma subjetiva, acaba entrando no meu inconsciente para trazer essa personagem e as vivências dela“, completa Castro sobre a protagonista.

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O figurino, assinado pelo experiente Fábio Namatame, constrói, sim, a imagem de um colégio norte-americano, mas a preocupação real aqui foi a sintonia com a personalidade de cada atriz. “Trabalhei o visual delas não só como personagens, mas como pessoalmente elas são. Nesse sentido, elas [as atrizes] colaboraram muito com a elaboração da imagem delas”, reflete o profissional.

“Para quem assistir, vai ver que parece que a Anna está vestida com a roupa dela mesmo. E isso, para mim, é muito importante, porque não fica artificial. Eu sempre busco esse conforto para quem vai vestir [o figurino], não só de mobilidade, mas tem esse lugar de conforto para a atriz conseguir desenvolver sua personagem”, adiciona Namatame.

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É impossível sair do espetáculo, dirigido por Mariano Detry, sem um sorriso no rosto. Com o alívio cômico proporcionado pelas outras duas personagens que compõem o grupo das ‘Poderosas’, com atrizes que se encaixaram perfeitamente em seus respectivos papéis, Gretchen Wieners (Gigi Debei) e Karen Smith (Aline Serra), as cenas ficam ainda mais divertidas.

Os assuntos pertinentes que atravessam a adolescência durante o ensino médio, por outro lado, são abordados com a devida seriedade, deixando a valiosa lição de que nada é melhor do que ser você mesmo. “Nesse período, todo mundo está se descobrindo, e a obra fala sobre competitividade, rivalidade feminina e o quanto isso é ruim para todos nós. Mas também fala em um aspecto geral sobre nós mesmos”, analisa Laura.

Estamos sempre olhando para fora, querendo se encaixar e fazer parte de um grupo. Esquecemos de olhar para dentro e acabamos perdendo o que temos de mais bonito e mais essencial dentro de nós.

Laura Castro

“A Cady é um exemplo disso, porque ela se perde 100%. E existem formas de você se salvar disso, como os amigos e as pessoas que te reconhecem e gostam de você do jeito que você é. E também você saber respeitar as diferenças e respeitar o que você tem de mais diferente e mais bonito”, conclui a atriz.

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SERVIÇO

Meninas Malvadas O Musical fica em cartaz no Teatro Santander, localizado no Complexo JK Iguatemi, até 29 de junho. A classificação indicativa é livre, e menores de 12 anos devem ir acompanhados de um responsável legal.

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